Sempre gostei muito de assistir as entrevistas do Muricy Ramalho, que na minha concepção, é o maior nome do São Paulo de todos os tempos. Além de traduzir como ninguém o que é ser são paulino, veio das divisões de base, jogou no profissional, foi campeão como jogador, assistente do maior técnico da nossa história, técnico e tri campeão brasileiro, seguido. Feito único na história de um clube nacional, neste modelo de campeonato. Hoje, é ele quem coordena o futebol do São Paulo. E vem do Muricy a ideia que permeará todo o nosso assunto: 2022. Quando ainda era comentarista na Sportv, disse em entrevista, falando sobre o tri-brasileiro, que aquele time era pensado sempre um ano antes. Eles já sabiam quem iria sair e portanto começavam cedo a traçar um plano de reposição e reajuste do elenco. Esse artigo, serve para auxiliar o mestre. Às vezes, tenho a sensação de que está sozinho.

A primeira grande mudança precisa ser na renovação da parte médica e fisiológica do clube. A grande quantidade de jogadores machucados não é por causa do Paulista, que estreitou as datas de jogos do clube, causando as seguidas lesões. O São Paulo vem apresentando um alto número de lesionados há tempos e também apresenta dificuldade para recuperar atletas. Basta ver os casos recentes de Hernanes e Luciano. O primeiro, desde que voltou para a sua última passagem, nunca conseguiu recuperar a forma e se lesionou enumeras vezes. Já o atacante sensação de 2020, vive um 2021 com mais tempo no DM do que em campo. São exemplos que fazem parte do cotidiano do clube, basta conferir essa matéria de 2019:

https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/5319716/sao-paulo-sofre-com-lesoes-em-2019-e-tem-quase-um-time-no-dm-veja-quem-sao

Em 2018 o São Paulo teve 44 lesões de jogadores ao longo do ano e se acham o número elevado, vejam que em 2017, esse número foi ainda maior, 55. Portanto a razão das lesões não é episódica, é técnica e está no REFFIS.

Agora vamos para o elenco! Sabe aquela frase, todo time começa por um bom goleiro. Pois é, não temos. O Volpi nos ajudou em vários momentos, salvando bolas impossíveis. Inclusive, vencemos jogos por causa de suas atuações, mas também perdemos por falhas técnicas, algumas grosseiras, como contra o Ceará pelo campeonato brasileiro de 2020, quando tentou driblar o atacante Léo Chu e perdeu a bola, entregando o empate em um momento crucial do ano. Contra o Palmeiras, no jogo mais importante de 2021, pela Libertadores, outra falha absurda. Se quisermos ter um time linear, precisamos investir na posição. Vou sempre dar algumas opções para a direção do clube porque outro setor que parece não funcionar é o de análise de mercado. Pois bem, para o gol, sugiro os nomes de Ivan (Ponte Preta), Santos (Atlético-PR), Neto (Barcelona) e Rafael (Reading). Alguns jovens, outros experientes.

Outra posição preocupante é a zaga. Arboleda, Miranda e Léo não tem um reserva a altura. Infelizmente, Bruno Alves, que chegou a ser um dos melhores do país em 2018, caiu de rendimento e não consegue recuperar a forma. Diego é aposta e Rodrigo não deve ter o contrato renovado. O time precisa de no mínimo um bom nome para o setor. Aqui estão alguns que podem preencher essa lacuna: Ricardo Graça (Vasco), Nino (Fluminense) e Léo Ortiz (Bragantino).

A primeira volância também tem um vazio. Apenas Luan é de origem. Crespo vem utilizando Lizieiro e Rodrigo Nestor, mas ambos são jogadores mais técnicos, sem cacoete de marcador. Precisamos de um bom nome ali, para revezar quando preciso. Dois bons nomes são Souza (Besiktas) e Rodrigo Dourado (Internacional).

Com a inconstância física do Benitez (outro que o REFFIS não dá conta), um meia para disputar a posição é outro alvo importante. No elenco, não temos ninguém com as características do argentino. Com passe acima da média, visão de jogo, rapidez de raciocínio e capaz de fazer triangulações que lembram Raí, Palhinha e Müller. Essa posição, infelizmente, não consigo ver ninguém de fácil acesso. Será preciso ir para o mercado sul-americano ou periféricos como chinês, japonês, russo…

Por fim, faltam centroavantes! Isso a diretoria já sabe. Pablo não dá! Nem Vítor Bueno. Os nomes mais fáceis de investimento são Cano (Vasco) e Gilberto (Bahia) por terem contratos perto do fim mas Arthur Cabral do Basel é um nome interessante. Jovem e com muito talento.

O São Paulo é gigante como diz Muricy mas não pode mais contar apenas com o seu tamanho. É preciso ficar em pé! E por enquanto, essas são as pedras no caminho, que vez ou outra, nos derrubam. Vamos São Paulo!

Rodrigo C. Vargas (Insta @rodrigovargasss) é jornalista e psicólogo. É também são paulino assim como todos na família, desde o avô.