Hernán Crespo, no São Paulo desde fevereiro, revelou como foi sua chegada ao Tricolor e como foi recebido pelas pessoas do clube. Além disso, comentou uma conversa que teve com Daniel Alves, um dos líderes do elenco e titular absoluto com o treinador.

“Olha, eu honestamente encontrei reciprocidade de admiração. O argentino admira o brasileiro pelo talento e eles admiram nossa garra e a disciplina. Acho que o brasileiro tem menos receio de expressar seus sentimentos, são mais naturais. Por exemplo, aqui eles não têm escrúpulos em ir abraçá-lo em um gol por causa do que os outros dizem, ou de elogiar, não ligam para o que dirão. No Defensa (seu antigo clube), no terceiro gol da final (da Sul-Americana) e quando o time explodiu, todos se juntaram para me abraçar, pois a emoção era tão grande que não importava mais. Desde que cheguei aqui, eles se abraçam sem problemas, não porque eu seja bom ou mau. Eles não têm nenhum problema em se falarem, eles sentem e transmitem isso a você, são muito afetuosos. Fizeram com que eu me sinta em casa”, disse o técnico ao jornal argentino Olé.

“Eu cheguei e me trouxeram as camisetas do São Paulo com os nomes das minhas filhas, que não vieram comigo e nem as conheciam, fizeram isso simplesmente para me fazer sentir bem. Não acredito. Eles estão tentando sempre me fazer sentir bem, é um vai e vem. Eles estão me dando muito. É dar e receber. Eles tomaram como deles a minha frase ‘onde as pernas não alcançam, o coração chegará’, algo que disse no Defensa durante a pandemia. E hoje ela está no vestiário do Morumbi. Uma frase minha está escrita e pra mim é uma loucura, algo muito forte. Eu não posso explicar isso. Sou eu, não me transformei. Eu não fiz nada que não fosse ser eu”, disse o técnico sobre o carinho que recebe no clube.

“Tenho boa relação com a nutricionista, com o fisioterapeuta e com a psicóloga. Um carinho de todos e todo tempo. É incrível. Se eu perder dez jogos provavelmente vão me demitir, mas a relação não vai mudar e eu vivo intensamente a partir daí. Tento viver o dia a dia quanto durar, ou se minha relação com o São Paulo durar para sempre, a gente nunca sabe e eu também não programo. Hoje estou bem e feliz, tentando ser melhor amanhã do que sou hoje”, completou.

“Outro dia eu estava conversando com o Dani e perguntei pra ele como era na Europa. Falando de nomes próprios, ele me disse: ‘Esse aqui dá muita liberdade, esse outro nem tanto…’. Ele não falou comigo sobre futebol, como era. Quando perguntei a ele, ele não disse ‘íamos empurrar para cima, para trás, jogar primeiro ou driblar’. Eu o deixei para ver o que ele diria para mim. E ele me falou de gestão, se esse treinador o tratou mal ou bem… Isso é muito mais rico e a memória vai muito além de ganhar ou perder. Até mesmo de um cara que é o mais vencedor de todos. Ele me contou tudo isso, sobre o relacionamento interpessoal”, comentou o treinador do Tricolor, falando do Daniel Alves.

“O trato com Dani é natural, tanto pela experiência quanto pela idade. Ele não quer ser técnico, ele me diz: ‘Você é louco’. É natural pela experiência. Já jogamos várias vezes contra o Dani e agora voltamos a nos encontrar de outro lugar, em uma relação técnico-jogador, e é diferente. Ele é muito claro sobre isso e isso é bom. Existem coisas para grandes jogadores que não precisam ser explicadas. Eles sabem o lugar que ocupam, jogaram mais e sabem disso. E talvez tenha até que ter mais paciência com outros jogadores de futebol que não viveram as mesmas experiências mas que, no entanto, acreditam mais. O grande jogador não acredita, e às vezes o mais jovem acredita em alguma coisa. Dani é uma profissional impressionante e uma referência”, finalizou.

Gazeta Esportiva