Só mesmo o trauma por inesperados reveses recentes e o jejum de títulos podem explicar as inúmeras manifestações de desânimo, pessimismo ou até mesmo desespero de parte da torcida e canais são-paulinos após a contundente goleada sofrida para o Bragantino na última quarta-feira

Poucas horas após a derrota já surgiram teorias das mais variadas, envolvendo todos os aspectos imagináveis dentro do universo do futebol, para justificar uma derrota (muito feia, é verdade) ocorrida dentro de campo.

É curioso que seja assim. É curioso que comecem a surgir teorias do caos quando a principal (ainda que não a única) justificativa para a péssima atuação naquela partida estava, provavelmente, dentro de campo, no anúncio dos 11 titulares.

Quem sempre afirmou que um eventual surto de COVID que tirasse quatro ou cinco titulares do time seria crucial para as pretensões de título do São Paulo não pode agora, de uma hora pra outra, negar que a perda de quatro titulares, ainda que por outros motivos, foi a principal razão para a queda de rendimento.

Todo o pessimismo não faz sentido.

Primeiro porque, como não se trata de COVID, nada indica que os desfalques tão determinantes na derrota de quarta-feira ficarão fora do time por muito tempo.

Segundo porque, num campeonato tão equilibrado como o atual, os 6 pontos de vantagem para o vice-líder (que podem ser 4 caso Flamengo ou Atlético vençam seus jogos que faltam) são bem relevantes a 10 rodadas do final.

Terceiro porque, olhando apenas para o futebol jogado no Brasileiro, o São Paulo até aqui de fato mostrou mais que seus rivais na competição, incluindo aqueles com um elenco mais encorpado que o de Fernando Diniz.

Quarto, e não pouco relevante, porque dos 4 confrontos diretos que ainda tem a fazer com candidatos ao título, o São Paulo joga três em casa (Inter, Palmeiras e Flamengo) e apenas um fora (Grêmio).

Se o São Paulo deixar escapar um título que muito provavelmente, nas mesmas condições, seus rivais mais fortes não perderiam, outra explicação poderá ser acrescentada às extensas listas de razões que surgiram após a goleada para o Bragantino: hoje, nenhum outro clube brasileiro é capaz de saltar da euforia à depressão em 90 minutos.

Gian Oddi – ESPN