Lucas Moura está de saída do Tottenham.

Nesta quinta-feira (18), o meia-atacante e o clube anunciaram que o brasileiro deixará a equipe de Londres quando seu contrato se encerrar, em junho deste ano.

Ao todo, foram cinco anos Spurs, com 38 gols marcados em 219 partidas.

Em entrevista exclusiva à ESPN, Lucas falou sobre a despedida e exaltou sua passagem por White Hart Lane.

“Mais um ciclo que está se encerrando. Só tenho que agradecer a Deus. Cinco anos no país, cinco anos no Tottenham. Cada momento dessa aventura foi muito especial. Muitos aprendizados, amigos, momentos especiais que vou guardar para sempre no coração”, emocionou-se.

Relembrando tudo o que viveu com a camisa do Tottenham, o meia-atacante festejou as realizações que conseguiu.

“Passa um filme (na cabeça), né? 30 anos agora, casado, dois filhos… Viver tudo que já vivi na minha carreira profissional é muito gratificante. Ver de onde saí, Jardim Miriam, em São Paulo, jogando bola na rua, pé descalço, e de repente estou jogando em um estádio como esse, talvez um dos mais bonitos da atualidade. E tudo que vivi nesse lugar, cada momento, jogo, treino, amigos que fiz. É muito gratificante. Sou grato a Deus, sou muito realizado, tanto pessoal, quanto profissionalmente”, afirmou.

A despedida do Tottenham Stadium acontecerá neste sábado (20), contra o Brentford, às 8h30 (de Brasília), pela Premier League, com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+.

Lucas disse que ficará “triste” com o adeus, mas preferiu pensar também nos momentos de alegria.

“Sem dúvida vai ser uma mistura de sentimentos e de emoções. Vai ser muito emocionante pisar neste campo pela última vez. É muito difícil dizer ‘tchau’, quando você gosta muito de onde você está, das pessoas que você convive, mas sabemos que faz parte da vida de um atleta”, observou.

“Também nos deixa motivado para o próximo desafio. Vai ser triste, mas vamos esperar para ver o que Deus tem guardado para a próxima temporada”, acrescentou.

E falando em próximos desafios, estaria um retorno ao Brasil passando pela cabeça do jogador?

Segundo Lucas, no momento um regresso ao seu país natal não é a prioridade. No entanto, ele ainda não possui planos definidos.

“Tenho que levar muitas coisas em consideração (para escolher o próximo clube). Até gostaria de abrir para você, mas não posso, não tenho nada definido. Nenhuma ideia de onde vou jogar, qual vai ser minha próxima casa. Meu foco está em só desfrutar esses dois últimos jogos aqui, ir para o Brasil de férias, aproveitar amigos, família. E depois ouvir as propostas, tomar a melhor decisão”, explicou.

“Algo que levo muito em consideração é que, quando você tem filho, as coisas mudam. A estrutura do país, escola para as crianças, isso vem em primeiro lugar. (Estou com) 30 anos, livre no mercado, é uma oportunidade de fazer um bom contrato. Sendo bem sincero, primeira coisa é isso, ver cidade, estrutura, escolas para as crianças, qualidade de vida, essas coisas”, argumentou.

“Sinceramente, posso dizer que o Brasil não é meu planejamento para agora. Estou muito novo ainda, tenho bastante lenha para queimar, me sinto muito bem, mas sinceramente, voltar para o Brasil agora, fica difícil. Tenho muito que aproveitar aqui fora. Se fosse pela emoção, coração, com certeza, Brasil seria primeira opção. Mas temos que ser frio, agir com a razão. Mas está nas mãos de Deus. Que a gente tome a melhor decisão”, finalizou.

Veja mais trechos da entrevista com Lucas Moura

A histórica campanha na Champions 2018/19 e o hat-trick contra o Ajax

“Aquele jogo (contra o Ajax) é uma grande mensagem para todas as pessoas, não só do futebol, que nunca podemos desistir. Independente da circunstância, momento, quanto tempo falta, nunca podemos desistir. Aquele gol, eu tinha muita convicção que a gente ia classificar para final. Não que eu ia fazer os gols, mas que íamos classificar. Aquela bola, eu sabia que seria a última do jogo, era ficar ali perto, ‘vai sobrar uma bola e vou chutar’. Nosso trabalho, empenho, é sempre recompensado quando damos nosso melhor sempre”

“Tenho essa consciência (de que fica marcado na história). (A Champions) É a competição mais desejada do mundo, o clube nunca tinha chegado na final, e como foi. Foi muito especial. O trabalho daquele jogo, daquela temporada, foi incrível. Naquele jogo, fiz os três gols, mas, se não fossem meus companheiros, não ia fazer. Vai ficar marcado, foi impressionante. Eram duas temporadas sem nenhuma contratação, se não me engano. Foi impressionante. Vou levar bola, camisa, chuteira, está tudo bem guardado em um canto bem especial da minha casa. Vou mostrar para filhos, netos… Mas, mais importante que os itens, são as memórias daquele jogo. Não tem preço”

Faltou um título para coroar a passagem pelo Tottenham?

“Não diria frustração, mas claro que faltou, faltou título, troféu. Sempre falei que meu grande objetivo era esse. Conquistei no São Paulo, Paris, seleção brasileira… Faltou aqui. Mas não apaga os momentos, que, sem dúvida, são mais especiais que qualquer título. Mas faltou esse troféu para fechar com chave de ouro. Mas faz parte da vida. Os momentos, amigos, tudo que apreciei, desfrutei, vou levar comigo”

O trabalho com José Mourinho

“O idioma facilitou bastante. É uma referência que eu tive, na minha carreira. Por tudo que ele conquistou, tudo que a mídia falava, achei que seria difícil lidar, mas é um cara sensacional, me ajudou bastante. Me deixou muito a vontade, honesto. Quando jogava bem, elogiava. Quando não, criticava. Foi um cara diferente que tive a honra de trabalhar”

Como foi jogar com Harry Kane?

“Não só no clube, mas acho que da Inglaterra. Dos que eu vi, ele está no top 3 dos maiores da Inglaterra. Grande prazer dividir vestiário com ele, jogar com ele, cara sensacional, de qualidade impressionante, como jogador, pessoa. É impressionante o foco, profissionalismo, vontade de vencer dele. Se dedica sempre ao máximo, admiro muito isso em um atleta. Ter dividido o vestiário com ele foi fantástico, sou fã, vou continuar torcendo bastante, quem sabe a gente não se encontra em um outro time no futuro”

Roberto Firmino também se despedindo do Liverpool

“A gente pode colocar o Firmino na prateleira dos maiores brasileiros que passaram pela Premier League. Teve Juninho Paulista, Fernandinho, mas na história recente, ele está nessa primeira prateleira. Sou fã, parece um pouco com Harry Kane, joga não só de 9, mas de 10, baixa para fazer jogada, dar assistência e realmente é pouco falado, reconhecido em nosso país. Não sei por que, mas ele é um cara que é um dos grandes jogadores do Brasil nos últimos anos.”

Voltará ao Tottenham no futuro de alguma forma?

“Sem dúvida um dia volto aqui. Como for, seja para visitar amigos. Mas sem dúvida volto, vou encher o saco por um ingresso (risos). Amo este lugar, tudo que vivi, sou grato, a Deus, companheiros. Espero voltar como torcedor, pulando na arquibancada. Vou querer ficar naquela ali atrás do gol. Quero assistir um jogo, sentir essa emoção de torcedor neste estádio fantástico”

ESPN