Esta semana foram votados e aprovados em Conselho Deliberativo, contratos financeiros com empréstimos. E logo alguns oportunistas, incautos ou até mesmo leigos com preguiça, começaram a dizer que a dívida só aumentava e o processo de destruição do clube prosseguia.

Bom, nós tentamos muito explicar e várias vezes o assunto. Mas, parece que quem quer plantar caos, consegue raízes mais profundas que a semente da verdade.

Mas, vamos de novo, tentar explicar:

  • O São Paulo tenta, desde 2021, efetuar um processo similar ao que o Flamengo fez em 2013.
  • A primeira parte do processo que fez o Flamengo foi estancar empréstimos incessantes a juros cada vez mais altos e com pagamentos de curto prazo, sufocando o fôlego financeiro e deixando o clube à mercê de credores e gente com capital fácil de perto como empresários e instituições que aceitavam menos garantias, porém mais leoninas as condições;
  • O que isto significa? Para ter fluxo de caixa, mais que mexer no número final da dívida, você precisa ter condição de pagar as contas, os juros e as despesas atuais, senão a conta nunca fecha, só aumenta e você enxuga gelo e o gelo cresce de tamanho. Um processo que muitos clubes entraram e nunca mais saíram, em decreto de falência judicial e até mesmo bancárias;
  • E como faz? Muda-se o perfil da dívida. Você altera a modelagem. Ao invés de pagar juros altos de curto prazo, você pega empréstimos com prazo mais longo, juros menores e paga os empréstimos ruins anteriores. Mas, no início é quase trocar uma dívida pela outra? Sim. No começo sim, mas daí voltamos ao ponto inicial que é FLUXO DE CAIXA e parar de aumentar juros e mais empréstimos com perfil ruim.
  • Ok, e como continua? Depois de pagar empréstimos de curto prazo com juros mais altos e trocá-los por empréstimos mais longos com juros mais baixos, você começa a respirar. E mais ainda, permite começar a interrupção do aumento do número geral da dívida, deixa de não ter caixa imediato e pode pagar contas sem aumentar rombo ou ter que recorrer a empréstimos que são devantajosos. Deste modo, além de ter dinheiro na mão todos os meses, você passa a ter saúde e fôlego para competir com players do mercado e olhar melhor para o futuro.
  • Então a modelagem no começo é mais importante que o número final? Sim! Se você tiver uma dívida de curto prazo com juros altos, ela te sufoca, principalmente sem caixa e sem um faturamento superior ao que gasta. Quando o perfil e o modelo da dívida muda, você é visto pelo mercado e dentro, com seu perfill financeiro como uma instituição saudável financeiramente, porque tem condições de pagar suas contas e valores mensais sem se afundar mais e mais na âncora de juros compostos, altíssimos e de curto prazo;
  • Quando se atinge um ponto de equilíbrio mínimo, você passa a começar a ter condição de pagar dívidas de curto e médio prazos, com juros administráveis e que você convive com tranquilidade e passa a gastar com projeções futuras. O Flamengo, por exemplo, tem dívidas e se pauta em arrecadações futuras e faturamento para investir e não sufocar no que deve e segue investindo.
  • E o São Paulo? E esses empréstimos do começo de 2023? E os de 2022? Tudo que foi feito em 2022, estava provisionado. Mas, como o clube teve resultado financeiro melhor, pegamos menos empréstimos, conseguimos alterar perfil de dívida e hoje, o São Paulo mesmo pegando empréstimos no começo do ano, algo já no radar e provisionado, caiu a dívida.
  • Mas, como assim? Essa conta aí não fecha! Bom, fecha e se há alguma dificuldade de entendimento, podem ler talvez com uma visão diferente, na matéria do Globo Esporte que tratou disto hoje:

https://ge.globo.com/futebol/times/sao-paulo/noticia/2023/03/23/sao-paulo-reduz-divida-em-r-26-milhoes-no-inicio-de-2023.ghtml?utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter

Poxa, então o São Paulo pegou R$ 42 mi e reduziu R$ 68 mi. Sim! Porque a conta, modelagem e perfil pesam muito e como explicamos acima, a inteligência não está em aniquilar o número geral e sim em transformá-lo em algo sadio. Tal qual fazemos comprando um carro, uma TV, uma viagem no cartão, porque não nos descapitaliza, nos dá pontos, bonus, milhas e ao invés de ser uma dívida ruim, é uma dívida boa se seu fluxo permitir que a pague todo mês sem atrasar.

Assim, com uma alusão bem simples, para ajudar no entendimento é que podemos pensar hoje o São Paulo.

Mas eles vão fazer dar certo? Esse plano vai funcionar lá no fim? Valerá a pena o time ser mais fraco e sangrar agora?

Essas respostas só o tempo dirá. Mas o caminho é espinhoso e precisa mesmo ser assim.

Se a Libra fechar,as luvas entrarem e os valores forem os que projetam-se, teremos enfim, um São Paulo como outrora. Ao menos nas finanças.

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