Em meio às declarações de Ceni de que o jogo físico, que a força do São Bernardo empurrou o São Paulo e atropelou no jogo, pego uma declaração de Menta, técnico da base que explicou que até em Cotia queriam pensar nisso mas eles, como no caso de Antony, privilegiaram o talento e não força:

O atacante demorou um certo tempo até se firmar na base e demonstrar que poderia ser uma grande aposta no futuro. Ousado e driblador desde quando jogava futsal pelo time sub-9 do Grêmio Barueri, ele foi convidado com apenas 10 anos para um período de treinos e avaliações no Atlético de Madrid.

Em seguida, foi integrado ao São Paulo, mas não era um dos maiores destaques daquela geração.

“No sub-15 ele era mais miúdo, e os mais fortes levavam uma certa vantagem momentânea. Não tinha muita exposição, apesar de ser muito técnico, habilidoso e ter essa relação com a bola. Sempre foi muito dedicado e gostava de jogar futebol, de dar caneta. Vejo esses dribles e na base ele fazia muito mais porque tinham mais jogadores inferiores”, disse o técnico Menta, que comandou Antony no Tricolor.

O treinador conta que o São Paulo soube ter paciência e esperar o amadurecimento físico do atacante e não quis dispensá-lo.

“Eu e o [técnico da base do São Paulo] Toninho sempre acreditamos no potencial do Antony. Em alguns momentos surgiram conversas sobre o biotipo dele não ser o ideal, por ser baixo. Mas a gente sempre disse para olhar o talento e esquecer o tamanho, ainda bem que nos ouviram. Futebol é o esporte mais democrático que existe”.

“Muitos meninos passam numa fase mediana, mas tem muito a se desenvolver e conseguem colocar em prática tudo o que aprenderam. O time era muito forte com Helinho, Rodrigo Nestor, Rildo, Thiaguinho, Brenner… A gente tinha muita qualidade e essa competição nos treinos ajudou demais ao Antony a se desenvolver. Muitas vezes os treinos eram mais difíceis que os jogos contra os outros times”, afirmou.

Antony foi inclusive um dos responsáveis pelo Tricolor criar a categoria sub-16, que serviria de transição para os garotos talentosos do sub-15 que não teriam espaço no time sub-17. Foi neste cenário que o atacante passou a chamar atenção realmente no clube.

“Muitas vezes tendo espaço a gente segura um pouco mais, dá atenção, tenta melhorar o que tem dificuldades. Nosso papel é formar bem para que possa chegar mais completo ao profissional. O São Paulo forma muitos jogadores para grandes clubes europeus e seleção brasileira. Casos como os do Antony são os nossos maiores troféus“.

“Ele começou a virar a chave e se desenvolveu muito. Passamos a jogar mais vezes, ele se expôs e entendeu mais taticamente o jogo e se destacou. Comigo ele ganhou muito espaço mesmo. Ele tinha dificuldades para fazer gols, não finalizava tão bem, mas colocava todo mundo na cara do gol. Ele deixava dois ou três marcadores para trás e tinha muita facilidade para servir os centroavantes”, recordou Menta.

ESPN