O gramado artificial é comum em alguns países e ainda vem engatinhando no Brasil, onde o Palmeiras trocou seu gramado natural da arena pelo artificial, o Athletico Paranaense foi pioneiro ao utilizar a relva artificial em sua arena.
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Mas há diferenças no índice de lesão dos dois tipos de gramado?
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ESTUDO
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Uma investigação foi realizada na Major League Soccer (MLS) entre o período de 2013 e 2016, com o objetivo de comparar os índices de lesão do gramado artificial e natural. .
Os dados foram registrados eletronicamente no comitê de medicina esportiva da MLS.
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RESULTADOS
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Um total 2174 lesões foram registradas durante o período do estudo, o Gramado artificial teve um índice de 1,54 por jogo, enquanto o gramado natural 1,49 por jogo. Houve maior incidência de lesão no tornozelo no gramado artificial comparado ao natural.
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CONCLUSÃO
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Não houveram diferenças estatisticamente significativas nos dois tipos de gramado, no entanto, no gramado artificial parece haver maior prevalência de lesões no tornozelo comparado ao natural.
Post de @preparacao.fisicanet
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REFERÊNCIA
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Calloway SP, Hardin DM, Crawford MD, et al. Injury Surveillance in Major League Soccer: A 4-Year Comparison of Injury on Natural Grass Versus Artificial Turf Field. Am J Sports Med. 2019;47(10):2279-2286.

O título sugere uma coisa e o texto outra. Não houve diferença significativa, se há maior incidência nas lesões de tornozelos, deve haver menor incidência em outras lesões na média.
Eu achava que teria mais lesões na grama artificial.
Pois é, para la que são contra o sintético, este argumento não é válido.
Se isso fosse realmente relevante Palmeiras e Atlhetico não teriam mais jogadores para escalar, ou no mínimo teriam um número relevante de lesões. Jogamos nesse tipo de gramado tanto quanto outros times jogam, eventualmente alguns jogos a mais, e não me parece que outros times tenham esse problema. Não adianta culpar o gramado.
No SPFC o numero de jogadores no DM nos últimos anos foi:
2022 – 46 casos
2021 – 44 casos
2019 – 48 casos
O que chama atenção é que nesses 3 anos o Palmeiras teve sempre quase metade do numero de casos em comparação ao SPFC. Então ao invés da gente atribuir ao azar lesões como as do Ferraresi (sintético), Arboleda (natural) e Caio (híbrido) o clube deveria rever conceitos pq nem sempre isso se resolve com dinheiro. As vezes é melhorar estratégia de prevenção.
Também faz parte da estratégia de prevenção ter um time bem formado e entrosado. Pode parecer bobagem, mas um time bem entrosado e que sabe o que fazer em campo sempre chega antes nas jogadas evitando muitas divididas, se desgasta muito menos correndo certo é por consequência as lesões diminuem.
Nao se se voces sabem mas a FIFA exigiu a troca de todos gramados sintéticos para natural para os estádios da NFL que serao aproveitadso para a próxima Copa.
Como cientista, fiquei curioso e fui atrás do artigo científico onde os dados estão publicados. De fato, os autores reportam que há uma diferença significativa em fratura de tornozelo entre grama artificial e natural mas ao longo de 4 anos de estudo, o número de lesões deste tipo foi muito baixo (6 no total) para se tirar qualquer conclusão. Entretanto, tem umas coisas interessantes na discussão do artigo (AT = grama artificial, NG = grama natural):
“Uma possível explicação para a diferença nas taxas de lesões
é que os jogadores optam por não jogar tão intensamente no AT como eles
faria em NG. Uma pesquisa de 2011 com atletas da MLS incluiu citações anedóticas de jogadores sobre por que eles preferem NG a AT. Muitas das declarações sugeriram que o
os jogadores são “hesitantes” ou “cautelosos” para jogar no AT. A análise inmatch de jogadores de nível de elite demonstrou que passes curtos são mais comuns em AT do que em NG,
e jogadores relataram dificuldade em realizar manobras técnicas no TA. No entanto, o mesmo estudo de
Anderson et al observaram o movimento dos jogadores ao longo da partida e não apresentou diferenças significativas em
distâncias percorridas, sprints ou número de passes. Atletas da MLS também sugeriram que o AT aumenta os custos metabólicos gerais, com pelo menos 1 atleta comparando com
”correndo na areia.”
Estudos biomecânicos anteriores não mostraram nenhuma diferença em
respostas fisiológicas após partidas de futebol ou recuperação
após exercícios específicos de futebol para jogadores de elite em AT e
NG. Além disso, as preferências dos jogadores podem ser influenciadas pela recuperação física mais difícil, ou pela percepção de uma recuperação mais difícil, que eles enfrentam após a competição no AT. Poulos et al descobriram que jogadores acreditavam que AT contribuiu não apenas para um aumento no risco de lesões, mas também tempos de recuperação prolongados, atribuíveis a maior rigidez da superfície, maior atrito da superfície,
e maiores custos metabólicos.”
O interessante aqui é que os jogadores parecem acreditar que essa diferença entre as duas gramas existe e isso pode afetar a performance em campo.
Para ser mais completo precisaria analisar a gravidade das contusões E PRINCIPALMENTE comparar jogadores habituados a grama natural quando joga na sintética.
Pra quem está acostumado a grama sintética existe a chamada adaptação, assim como a grama alta x grama baixa, campo molhado x campo seco.
Embora os números não sejam muito maiores, existe sim mais incidência de lesões em campos sintéticos. Três lesões sérias em campo sintético SIM, dá o que falar.
Esse é o estudo que tinha visto anteriormente, que sugere que não há grande diferença entre os dois gramados como o pessoal estava bradando.
Um pouco mais de lesão no tornozelo, apenas, mas em detrimento dos outros tipos de lesão (joelhos, etc) não justifica essa briga contra o gramado sintético.
Se o pessoal quer embasar que não deve usar mais os gramados sintéticos no futebol vai precisar de argumentos melhores.