Felipe Alves foi contratado de última hora pelo São Paulo. O camisa 1 chegou ao clube nas últimas horas da janela de transferências vindo do Juventude, onde estava na reserva, emprestado pelo Fortaleza, já que o então titular Jandrei estava contundido e a revelação Thiago Couto não demonstrou confiança necessária para o posto de titular. A condição do negócio levantou suspeitas sobre sua capacidade de defender um clube do tamanho do Tricolor, mas até aqui, em um quesito o arqueiro vem se destacando: nas cobranças de pênaltis adversárias.

No último domingo (16), Alves foi o nome do jogo. Fez oito defesas, sendo cinco delas de dentro da área, e outros quatro cortes. Mas para muitos o fator decisivo para que o São Paulo deixasse o clássico contra o Palmeiras, fora de casa, com um empate sem gols foi o pênalti que defendeu de Gustavo Scarpa no decorrer do segundo tempo.

Os números do camisa 1 impressionam. Embora tenha apenas 13 jogos pelo Tricolor, a cobrança de Scarpa já foi a quinta enfrentada por ele.

Ele também defendeu a primeira, em sua estreia, diante do Athletico-PR, mas sofreu gols nas três seguintes: na mesma partida contra os paranaenses, que terminou com uma derrota por 1 a 0; no empate por 1 a 1 com o Cuiabá; e na derrota diante do Botafogo, também por 1 a 0, na semana passada.

Além disso, Alves foi testado em duas decisões de penalidades mesmo com o curto período de casa: as vitórias sobre Ceará e Atlético-GO, pelas quartas e semifinal, respectivamente, da Copa Sul-Americana.

A efetividade fez do arqueiro tricolor o jogador da posição com mais defesas de pênaltis na história do Campeonato Brasileiro desde 2015: foram nove intervenções, uma a mais do que Fernando Miguel, que hoje atua pelo Fortaleza. Isso com apenas cinco edições disputadas da competição.

Coletivamente, Jandrei também colaborou para o bom desempenho são-paulino no quesito: em 12 cobranças rivais no ano, cinco delas não entraram (O antigo titular defendeu um contra o Ituano, Thiago Couto interviu contra o América-MG, pela Copa do Brasil, e o Palmeiras desperdiçou uma no clássico pela mesma competição mata-mata).

Após o Choque-Rei, Alves falou sobre o assunto nos vestiários do Allianz Parque. Muito além da força mental, o camisa 1 enalteceu o trabalho da comissão técnica do São Paulo na preparação. Segundo ele, a equipe de análise de desempenho do clube costuma passar informações sobre os principais cobradores de cada adversário enfrentado.

– Não é uma ciência exata, mas você acaba tendo um parâmetro do que pode acontecer. Quando acontece o pênalti, você tem uns cinco segundos para fazer a leitura do batedor e tentar ter um entendimento do que vai acontecer. Existem várias variáveis. É um jogo de indução: você tem que induzir o atacante a fazer o que você quer, e hoje deu certo. Os três últimos pênaltis dele (Scarpa) foram cruzados. Quando eu analisei isso, pensei: ‘Se tiver pênalti, eu acho difícil ele cruzar, pelo fato de os três últimos já terem sido cruzados.’ A leitura do pessoal da análise de desempenho acabou batendo com a minha intuição, e na hora do jogo deu certo.

Lance!

(Photo: Dudu Macedo/Fotoarena) x1765225x PUBLICATIONxNOTxINxBRA DuduxMacedo