Dentro de campo, o São Paulo garantiu vaga na final da Copa Sul-Americana ao vencer de forma heroica o Atlético-GOprimeiro no tempo normal (2 a 0) e depois nos pênaltis (4 a 2). Já fora dele, uma possível mudança no estatuto tem agitado os bastidores políticos do clube.

Isso porque, na última segunda-feira (5), o Conselho Deliberativo aprovou, com 157 votos a favor e 68 contra, o direito de reeleição do atual presidente Julio Casares. A proposta agora vai para a votação dos sócios, que têm o direito de aceitar ou rejeitar a mudança, que não era prevista no estatuto atual.

A atual gestão defende o aumento do mandato de Casares. E, dentre os principais motivos para querer que o mandatário continue no poder, estão a conquista do título paulista de 2021, além de ter realizado melhorias internas que possibilitaram, por exemplo, a montagem de um elenco finalista da Sul-Americana.

Em entrevista à ESPNJose Muniz Netto, conselheiro e aliado de Casares, ressaltou ainda que outras agremiações pelo mundo permitem a reeleição.

Entendo que não, já que mais de 90% dos clubes do mundo permitem a reeleição. No caso do São Paulo, a proposta envolve a possibilidade de uma única reeleição, o que garante a permanência de um presidente por, no máximo, seis anos, caso democraticamente, o eleitor entenda pela sequência do trabalho”, afirmou.

Para os apoiadores de Casares, o tempo de mandato, que é de três anos, é considerado curto para a implementação de um bom trabalho.

“Entendemos que uma gestão que está fazendo um bom trabalho merece o direito de ter a oportunidade de concorrer a um novo mandato. Além disso, três anos é um período insuficiente para que um planejamento possa ser executado da maneira mais efetiva para o São Paulo. Estamos em um período de reconstrução de nosso clube e temos que dar todo tempo possível para que esse trabalho traga os frutos que precisamos”, disse o dirigente.

Netto pontuou ainda que a atual gestão atingiu tais resultados por ter conseguido sanar ou renegociar parte de suas dívidas, problema que o Tricolor sofre há anos.

No último balanço financeiro divulgado pelo São Paulo, relativo ao ano de 2021, a dívida do clube tinha ultrapassado os R$ 600 milhões.

“Em nossa visão, o presidente Julio Casares tem feito uma gestão muito boa. Nosso momento é de reconstrução e recuperação e os resultados já são visíveis dentro e fora do campo. Apenas em metade da gestão, chegamos a três finais, conquistando um título paulista e podendo vencer agora a final da sul-americana. Antes disso foram nove anos e apenas uma final. Internamente, o clube vem saneando ou renegociando suas dívidas, recuperando sua credibilidade no mercado e se permitindo começar a planejar mais a médio e longo prazo. Por isso, entendemos ser importante, democraticamente, permitir a possibilidade de sequência do trabalho”, disse o conselheiro.

Por outro lado, a oposição trata a manobra como uma espécie de “golpe”. Na visão de parte da torcida, que não concorda com tal mudança, as propostas de alteração do estatuto são “antidemocráticas”, trarão “perpetuação no poder”, irão “minar a transparência” e “farão o São Paulo regredir 40 anos”, enquanto os rivais avançam por democratização.

Nós respeitamos todas as opiniões. Democracia é isso. Em nosso ponto de vista, seria um prejuízo ao São Paulo não permitir que essa gestão possa ter o direito de concorrer a um novo mandato, já que tem feito um trabalho muito importante e assertivo de reconstrução do nosso clube. Se a administração estiver sendo bem avaliada, por que não dar a ela”, pontuou o conselheiro

Por fim, Netto reiterou que a condução de todo o processo tem sido democrática, apesar das críticas de que o São Paulo deveria ter um processo eleitoral mais aberto. Hoje, menos de 300 conselheiros decidem quem será o presidente em eleições diretas, ao contrário de clubes que permitem até que torcedores associados participem de pleitos assim.

Eu não acho o São Paulo um clube fechado. Prova disso é esse processo que estamos vivenciando agora. Todas as instâncias do clube estão participando ativamente desse momento e será o associado que dará a palavra final. Há sempre espaço para evoluções, mas a condução tem sido extremamente democrática“, afirmou.

A proposta agora vai para a votação dos sócios do clube, que têm o direito de aprovar ou rejeitar a mudança. A expectativa é que essa assembleia aconteça em outubro, dias depois da decisão da Sul-Americana.

ESPN