Uma das práticas mais manjadas do futebol é quando o time vai mal, e o presidente contrata alguém para aplacar a ira da torcida. Cazares que durante a campanha discursou ser diferente, aos poucos mostra que não é bem assim. Sabe aquela frase, quem foge do problema, tropeça no desespero? Pois é! Esse tipo de atitude geralmente acaba por sanar a raiva momentânea, mas com resultados muitas vezes catastróficos. O exemplo é o próprio São Paulo de LecoPássaro e Raí. Contratações inadequadas, duvidosas e em alguns casos, criminosas. Tudo para tentar angariar o amor dos torcedores tricolores. A conta veio e é salgada: 600 milhões e continua crescendo.

O São Paulo não ganhava um título há tempos e ganhou. O que a gente não sabia é que iríamos ter o pior início da história do Campeonato Brasileiro e já se foi 1/4.  A torcida, a imprensa e o mundo não entendem como um time consegue ser tão instável quanto o São Paulo. Desde o tri brasileiro, o tricolor vive de altos e baixos. Com Aguirre, ganhou o primeiro turno e todos apostavam no tricolor paulista para ser campeão brasileiro novamente. Perdeu de maneira desastrosa. Foi um pouco pior com Diniz. O técnico conseguiu perder o título mais ganho na história do campeonato nas últimas rodadas. E isso aconteceu em 2021! Qual a razão para tantas quedas livres? Não sei, mas a resposta não pode ser contratar e contratar.

Nesta semana, surgiu com muita força a notícia da negociação do SPFC com Calleri. Mas será que o atacante argentino, queridinho da torcida, merece essa moral toda que tem? Vamos ver! Desde que saiu do São Paulo, Calleri passou por 6 times, todos sem expressão. No futebol inglês, jogou no West Ham, que em 125 anos de existência, nunca ganhou um campeonato inglês. Na Espanha, pingou em outros times de rabeira, como o Las Palmas, Alavés, Espanyol e Osasuna. Sem nunca impressionar ninguém. Os salários que pede são obras de ficção de um empresário habilidoso, Juan Figer, que também é um dos donos do Deportivo Maldonado, clube que detém os direitos sobre o passe do jogador. O atacante tem números que o colocam em uma posição bastante constrangedora quando avaliado pelos gols que marca. Desde que deixou o São Paulo em 2016, Calleri jogou 136 partidas e marcou apenas 28 gols. É esse o craque que o Cazares quer para acabar com a nossa falta de gols? O centroavante só consegue marcar a cada 10 partidas. Ou seja, os números apresentados na época do São Paulo, quando fez 16 gols em 31 jogos, não passam de miragem. Porque investir em alguém que vai muito provavelmente repetir os fracassos de Pablo e Vítor Bueno? Os fatos mostram que apesar do discurso, Cazares pode adotar a mesma prática que seu antecessor e iludir a torcida ao invés de lidar com o problema.

Para evitar que o raio caia mais uma vez na Barra Funda, vou fazer o trabalho de pesquisa pela análise do clube e sugerir dois nomes muito superiores ao Calleri e mais baratos. Gilberto do Bahia e Cano do Vasco. Para começar, enquanto Calleri tem média de 0,20 de gols por jogo, Gilberto e Cano têm o dobro. O centroavante do Bahia, tem média de 0,44 e o atacante cruz-maltino ainda tem média maior, 0,46. Gilberto tem 32 anos e já passou pelo São Paulo (apesar de jogar melhor que os titulares, estranhamente ganhou poucas oportunidades, o que resultou na saída). Cano, 33 anos e apesar de rebaixado com o Vasco é um dos maiores ídolos do clube nos últimos anos. Ambos estarão livres a partir de dezembro, enquanto Calleri com 27 anos, ainda tem mais 1 ano e meio de contrato. Para encerrar as comparações Gilberto fez 136 gols na carreira, Cano 197 e Calleri balançou as redes 72 vezes.

Alguém por favor mostre esse artigo ao Cazares ou ao Muricy! Se o clube tivesse um departamento profissional de analistas de desempenho já teria resolvido questões básicas do SPFC, como a falta de zagueiros para substituir Miranda e Arboleda, um volante substituto à altura do Luan, um reserva para Benítez e centroavantes, titular e reserva. As contratações feitas pelo São Paulo nesta temporada foram quase todas ou por indicação da comissão técnica (Benitez e Rigoni) ou de jogadores como o Éder que veio por influência do Miranda. As únicas indicadas pela análise foram o lateral direito Orejuela e o volante William. Coincidência?

Rodrigo C. Vargas (Insta @rodrigovargasss) é jornalista e psicólogo. É também são paulino assim como todos na família, desde o avô.