São Paulo vai analisar a condição de conselheiro vitalício de Rogério Caboclo, afastado da presidência da CBF depois das acusações de assédio sexual e moral reveladas pelo ge.

Filho de Carlos Caboclo, ex-dirigente do São Paulo, Rogério Caboclo foi diretor adjunto de marketing do Tricolor entre 1991 e 1992. Ele retornou em 2000 para assumir como diretor financeiro na gestão de Paulo Amaral.

Nos próximos dias, o Conselho Deliberativo do clube deve tratar do tema e definir os próximos passos sobre a permanência de Rogério Caboclo no quadro. A apuração da Comissão de Ética da CBF no caso será crucial para as tomadas de decisões.

No Estatuto Social do São Paulo, o artigo 56 é o único que trata sobre perda de mandato ou punições para conselheiros que descumpram normas dentro e fora do clube. Veja abaixo:

§2º As infrações praticadas por Conselheiros, como Associados do SPFC, mas não relacionadas com seu mandato, serão julgadas pela Comissão Disciplinar do SPFC, em duas instâncias, sendo garantido o direito de recurso para o Conselho Deliberativo sempre que a pena aplicada pela Comissão Disciplinar for de suspensão ou eliminação, observando os prazos e competências previstas no Regimento Interno do SPFC.

§3º O Conselheiro somente poderá perder mandato em decorrência de infração disciplinar, por decisão de 2/3 (dois terços) dos integrantes do Conselho Deliberativo na data da votação, excluídas, neste caso, as vagas existentes por falecimento, renúncia, impedimento ou não preenchimento, assegurado ao acusado o contraditório e a ampla defesa, na forma do Regimento Interno do SPFC. Nesta hipótese a votação será secreta.

O pai de Rogério Caboclo, Carlos Caboclo, e o irmão, Mauricio Caboclo, também são conselheiros vitalícios do São Paulo e votariam em um possível processo de exclusão do presidente afastado da CBF do quadro do Conselho Deliberativo.

Em 2016, o ex-presidente do São Paulo Carlos Miguel Aidar e o seu diretor na época, Ataíde Gil Guerreiro, foram expulsos do Conselho após acusações de corrupção no clube.

A denúncia que derrubou Caboclo

Em denúncia feita ao Comitê de Ética da CBF, uma funcionária detalha o dia em que o dirigente, após sucessivos comportamentos abusivos, perguntou se ela se “masturbava”. Entre outros episódios de extrema gravidade, segundo a funcionária, Caboclo tentou forçá-la a comer um biscoito de cachorro, chamando-a de “cadela”.

Segundo relato da funcionária, que tem oito anos de CBF, Caboclo fazia consumo de álcool durante o expediente. Ela era obrigada a esconder garrafas no banheiro para que o dirigente pudesse beber sem ser notado. Também cabia a ela recolher as garrafas vazias. Em viagens, era orientada a pedir bebidas alcoólicas para ele nos hotéis – mas marcar o consumo no quarto dela.

Ela detalha um caso ocorrido no dia 9 de março de 2021, na casa do dirigente em São Paulo, onde auxiliava Caboclo em reuniões presenciais e virtuais. Após um dia inteiro de consumo de bebida alcoólica, o dirigente teria chamado a funcionária de “cadelinha”, e em seguida ofereceu biscoitos de cachorro para ela. Como a funcionária o repreendeu, ele então passou a simular latidos.

A funcionária também afirma que Caboclo tentou controlar seus relacionamentos dentro da CBF e pediu que ela mudasse a maneira de se vestir – teria até oferecido dinheiro a ela para comprar novas roupas. Após seguidos episódios, ela pediu licença por motivos de saúde. O presidente da CBF, então, ofereceu um acordo a ela – em troca de dinheiro, ela teria que negar a existência dos abusos e teria que mentir quando fosse perguntada sobre o assunto. Ela recusou e fez a denúncia.

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