Em entrevista ao jornalista Ricardo Perrone do UOL, Eduardo Toni concedeu entrevistar e falou sobre conversas aceleradas de patrocínio master, leia:

Em entrevista exclusiva ao blog, Eduardo Toni, diretor executivo de marketing do São Paulo, contou que a quebra do jejum de títulos com a conquista do Paulista acelerou as negociações do clube por um patrocinador máster. O time havia levantado sua última taça relevante em 2012, quando venceu a Sul-Americana. Ao falar a respeito da busca por patrocinadores para ajudar a bancar os salários de Daniel Alves, ele disse acreditar que o clube perdeu o melhor momento para isso. Mas as tentativas seguem.

O diretor também afirmou que, recentemente, o Tricolor desistiu de uma contratação em moldes semelhantes por não conseguir parceiros. Toni ainda respondeu se o fato de Aborleda ser flagrado numa festa clandestina exige uma conversa com o departamento de futebol para evitar novos episódios que prejudiquem a imagem do São Paulo. Confira:

Blog do Perrone – Nesta sexta (28), o São Paulo apresentou seu novo programa de sócio-torcedor. Você tem alguma projeção de aumento na quantidade de sócios?

Eduardo Toni – Neste momento, a equipe está refazendo os números. Pra você ter uma ideia, durante a coletiva, em menos de 45 minutos, nós fizemos mil novos sócios. Em três horas e meia, nós fizemos mais de quatro mil novos sócios. Juro, essa torcida do São Paulo não para de surpreender a gente. A gente imaginava atingir seis mil, sete mil em uma semana. A gente vai atingir isso, provavelmente, num dia.

Blog – Lembra de cabeça quantos sócios o programa tinha?

Toni – Era muito baixo. Alguma coisa em torno de 15 mil sócios. Já passamos de 19 mil agora. A gente está revisitando nossas metas, mas, acho que, tranquilamente, em três meses a gente consegue fazer 30 mil sócios.

Blog – É uma marca muito expressiva, não?

Toni – Bastante expressiva. Na verdade, o nosso programa estava muito defasado. Havia uma demanda reprimida muito grande. A gente fez pesquisa quantitativa, qualitativa, a gente falou com influenciadores, com ex-sócios, com sócios atuais, de dentro de São Paulo, de fora de São Paulo. A gente construiu um plano com muito engajamento da torcida, o que é uma marca do São Paulo. Então, a gente sabia que estava acertando na mosca. Mesmo assim, estamos muito surpresos com os primeiros resultados.

Blog – O jejum de títulos impedia o marketing do São Paulo de explorar todo seu potencial?

Toni – Sem dúvida nenhuma, a bola entrar faz uma diferença muito grande em toda relação com a torcida. Mas, o que a gente percebia é que havia um distanciamento muito grande do São Paulo da sua torcida. E o que a gente tem feito nesses cinco meses de trabalho é se aproximar, criar ações com a torcida. A torcida do São Paulo responde. A torcida do São Paulo é um case para se analisar. Muitos anos sem título. Fora de campo, além dos resultados, dívidas, problemas de pagamento, enfim, uma série de problemas para serem enfrentados. Nós estamos enfrentando isso, e a torcida está fazendo a parte dela, está colaborando, está junto.

Blog – Em tempos de pandemia, dá para dizer que a quebra do jejum de títulos traz uma valorização imediata para a marca? Dá para pedir um pouquinho mais na negociação com um patrocinador?

Toni – Claro que sim. Não pedir um pouquinho mais. Não é essa a questão. Eu posso exemplificar. Nós estamos com negociação com patrocinadores que, de segunda pra cá [depois da conquista do título paulista], aceleraram. O que acelerou em quatro dias antigamente demorava duas semanas para acelerar. Realmente, as pessoas começam a enxergar o time voltando para seu ciclo de vitórias, voltando para o lugar de onde nunca deveria ter saído. Sem dúvida, esse é um fator muito importante.

Blog – Essas negociações são para patrocínio máster?

Toni – São para patrocínio máster.

Blog – Você tem alguma expectativa sobre quando deve fechar?

Toni – É difícil falar em expectativa. Nós estamos muito próximos de anunciar. Nós estamos dizendo isso já há alguns dias. Nós temos mais de uma empresa interessada. Estamos negociando com empresas de diferentes segmentos. Eu diria que está muito próximo. Agora, é difícil dizer quando porque os timings são diferentes. Falamos, por exemplo, com empresas multinacionais. Às vezes, a decisão não depende só do local, precisa da matriz.

Blog – A conquista do título paulista acaba acelerando um pouquinho isso, né?

Toni – Sem dúvida. As pessoas se preocupam com um possível assédio que a gente venha receber.

Blog – Antes de você chegar, algumas pessoas no clube não gostavam daquela história de o São Paulo ser chamado de Soberano. Viam uma certa arrogância, uma soberba. Desde que você chegou, isso parece que está mudando. O São Paulo parece estar mais próximo do torcedor. Não tem aquela coisa que podia parecer soberba. Estou fazendo a leitura correta?

Toni – Você está corretíssimo. Esse negócio de Soberano, se a gente voltar um pouco na história, Soberano foi o nome de um DVD que o São Paulo lançou naquele momento em que ganhou o tri brasileiro. Criou-se esse negócio, o clube soberano. Não, o São Paulo não é soberano. Nunca foi. Não temos essa pretensão. Não achamos que sejamos isso. O São Paulo é o Clube da Fé, é o clube que a moeda para de pé, é o Mais Querido. Nós temos muitos outros slogans, vamos chamar assim. A gente não gosta dessa alcunha, não usa isso, não acha adequado, não é o nosso lema. O Júlio (Casares, presidente) até brinca, você já deve ter ouvido o Júlio falar: ‘humildade e pé no chão’.

Blog – O orçamento do São Paulo, por razões óbvias, para 2021 foi bem conservador, tem uma previsão de arrecadação de R$ 16 milhões em patrocínios. Vocês já refazem essa projeção?

Toni – Não uso essa base porque fizeram realmente muito baixa. Se tudo correr bem, a gente deve estourar em muito esse número.

Blog – Um dos grandes desafios do marketing do São Paulo hoje é tocar o projeto de atrair patrocinadores para bancar o salário do Daniel Alves. Lembro que falei com as pessoas que cuidaram disso no começo, e elas tinham um otimismo muito grande. Até agora não funcionou. Você tem alguma estratégia nova para tentar superar essa dificuldade?

Toni – O Daniel Alves é um ícone. É o jogador mais vitorioso da história, um atleta exemplar. A gente só tem elogios e agradecimentos a fazer ao Daniel Alves como são-paulino, parceiro, atleta. Ele tem uma equipe de suporte grande. Eu tenho conversado muito com eles, a gente tem desenvolvido… Claro, a gente perdeu o momento. O São Paulo perdeu o grande momento, que foi na chegada. A gente tinha a oportunidade. Talvez, antes de ele chegar, oferecer um plano para o mercado.

A chegada do Daniel Alves foi um negócio icônico no São Paulo. Na noite em que ele foi apresentado, nós tivemos 62 mil pessoas no estádio. Naquela semana, o número de camisas vendidas cresceu 350%. Nossas redes sociais tiveram um pico de audiência. A gente realmente teve uma oportunidade naquele momento que a gente perdeu. Eu entendo as dificuldades daquele momento. Depois daquilo, entrou a pandemia. Então, tornou-se uma coisa muito difícil. O assunto não está esquecido, temos uma equipe trabalhando nisso, junto com a equipe do Dani, que é uma equipe muito ativa e muito parceira e a gente espera poder anunciar.

A gente tem algumas frentes. Não dá pra dizer que estamos próximos, mas é um assunto que está no nosso radar. A gente está trabalhando nele, sim. Naturalmente, hoje é mais difícil. Essa é uma característica dessa gestão. Três meses atrás, nós tivemos uma oportunidade de participar da contratação de um jogador e precisávamos de um apoio de marketing. A gente, antes de contratar, foi para o mercado tentar buscar esse investimento. Não conseguimos, não trouxemos o jogador porque criaríamos outro buraco.

Blog – O São Paulo se mostra hoje mais sensível a temas relevantes para sociedade. E neste momento, o Arboleda foi flagrado numa festa clandestina, desrespeitando as regras de distanciamento social. Na minha opinião, esse tipo de comportamento pode afetar a imagem do clube. É o caso de o marketing conversar com o futebol para fazer um ajuste para conscientizar os caras?

Toni – Não. A gente não precisa fazer esse ajuste. O futebol é muito conscientizado disso. O São Paulo foi o time que menos teve casos de covid, a gente ganhou prêmio por isso. Casos atípicos acontecem. São erros de percurso. Foi uma falha individual dentro do processo. Ele já se desculpou por suas redes. Ele sabe o erro que cometeu. Nós agimos rapidamente, o afastamos para preveni-lo e prevenir o restante do grupo. Ele está afastado, vai ser testado diariamente até a gente ter segurança que não houve nenhum problema com a pandemia. Depois, ele passa a ser reintegrado.

Nós rapidamente agimos. Soltamos uma nota, punimos o jogador e isso foi um desvio de percurso individual. A gente não acha que precisa rever as nossas estratégias porque elas estão alinhadas e dando bons resultados.

Blog – Para encerrar, qual o perfil que vocês estão construindo para o São Paulo hoje. Qual a imagem que a gente vai bater o olho e falar: “o São Paulo é isso”?

Toni – Acho que é assim: o São Paulo é um clube que ouve o seu torcedor, um clube que trabalha sério, os seus executivos, funcionários. A gente valoriza os nossos colaboradores. Está todo mundo integrado, caminhando para o mesmo lado. A gente está muito próximo do torcedor. Acho que essa é a mensagem que a gente quer passar, de trabalho, de ouvir o nosso torcedor, que é o nosso maior ativo. E a gente quer muito que eles participem da gestão, dentro do possível. A gente quer muito que eles opinem e se façam valer da sua importância.

https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/perrone/2021/05/29/fim-do-jejum-acelerou-conversa-do-spfc-por-patrocinio-master-diz-diretor.htm