Muitos jovens entre 10 e 15 anos de idade talvez não conhecessem o São Paulo, mas para eles, o tricolor finalmente se mostrou hoje, com o título do Paulistão de 2021. Se você ainda não conhecia, esse é o São Paulo, um São Paulo campeão.

Eu estou prestes a fazer 32 anos e sei que vi um São Paulo, que o pessoal mais jovem não conheceu, algumas promessas da base do São Paulo, como Luan, Liziero, Rodrigo Nestor, Igor Gomes, viram muito pouco, tinham entre 12 e 14 anos na última conquista do tricolro Tiveram a aura do São Paulo dominante de 2005, mas viram efetivamente muito mais do time que sofreu nas competições na última década.

Uma criança de apenas dez anos não entende o que já foi o São Paulo, ela acostumou com uma coisa, que nós, um tanto mais experientes (me recuso a me chamar de velho), não conseguíamos compreender ao longo desses anos. O que era isso? Um São Paulo que se desesperava em finais? Que perdia todos os jogos de mata-mata? Que não vencia clássicos? Esse não foi o São Paulo que conhecemos e por isso não enxergavamos

E não se enganem, não estou iludido e não acho que o São Paulo vai ganhar tudo. O São Paulo de Hernán Crespo ainda é um time recente, com menos de um semestre de trabalho e que precisa evoluir em vários cenários. Ainda precisa descobrir como encara times que fecham as portas das laterais.. O time fez mais de 70% dos seus gols em jogadas pelas alas, chegando a 30 de 40 gols criados dessa forma e vai crescer, vai achar novas formas, como o próprio Crespo disse, pela falta de tempo de treinamento, vai aprender tudo isso dentro de campo.

O que a gente vê é que em pouco tempo, dentro do que pode construir, Crespo levou um trabalho sólido, independente do título. Só que o título traz algo diferente e tem uma simbologia única para todos os são-paulinos. É a capacidade de acreditar que estava em jogo. A capacidade de ver um time abrir o placar e não desesperar, a ponto de fazer um segundo tempo criando mais chances que o adversário, mesmo com o rival se lançando pra cima.

O São Paulo pode vencer ou não vencer mais campeonatos nesse ano, mas o mais importante é que o primeiro passo foi dado. O time joga bem, o time cria, o time vence com boas atuações, o time cresce em jogos e em momentos decisivos. Porque o São Paulo foi sim competitivo em outros momentos. Foi semifinalista de Copa do Brasil com Osório, de Libertadores com o Bauza, foi líder do Brasileirão com Aguirre e Diniz e mesmo em eliminações, teve tudo na mão para se classificar, mesmo nos vexames. A questão era justamente essa, no momento de decidir, o São Paulo falhava. O fogo tricolor apagava e não conseguia concluir o seu objetivo.

E por incrível que pareça, o São Paulo deve muito do que acontece hoje, com esse título Paulista, ao que aconteceu lá em 2005. Não estou falando dos títulos de 15 anos atrás e sim da construção do CFA de Cotia. Os gols do título? Um foi de Luan, expoente da geração 99 que foi campeã paulista sub-17 e o outro teve assistência de Rodrigo Nestor, maior promessa da geração 2000 em questão técnica. A base ajudou e muito, pra não dizer que foi essencial, no título do São Paulo nesse Paulistão. A mesma base que com Lucas Moura levou ao título da Sul-Americana há nove anos.

O que é importante carregar de tudo isso, é o trabalho que o São Paulo decidiu desenvolver. Primeiro no uso da sua base, que mudou tanto em relações a outras gerações vitoriosas, como a 94 e a 96. Segundo no conceito de futebol, no jeito que decidiu montar o seu jeito de jogar. Na escolha do seu treinador, independente de ser Hernán Crespo, mas no processo que fez para chegar a essa conclusão. Esse é o São Paulo que muitos conheceram, um time coerente e de vanguarda, apoiador do pioneirismo no futbeol brasileiro.

Esse título acaba sendo para todos. Nós, mais vividos, reencontramos o São Paulo campeão. Aos mais jovens, resta dizer muito prazer, esse é o São Paulo.

Por: Gabriel Fuh