Nestes tempos de pandemia, vemos uma mudança de comportamento, agenda e novos horizontes sendo descobertos por todos pelo ajuste de rotina. Posso dar como exemplo o assunto que teremos hoje, para não ampliar demais o tema, de como chegamos ao nosso entrevistado: Johnatan Fasty, do canal Call of Cast. 

Mas o que ele tem a ver com o São Paulo e porque falaremos com ele? Pois bem, como abordei, estes novos tempos levam a novos horizontes e em um destes, meu filho mais novo assistia a uma entrevista de um youtuber que produz conteúdo de FIFA 21, um jogo que meus filhos estão jogando neste período mais confinado em casa e me chamou para checar que o entrevistador, ostentava com orgulho a camisa do São Paulo enquanto conversava com o youtuber que por sinal tem mais de 700 mil inscritos e milhões de visualizações. 

É muito interessante que sãopaulinos sejam assim, levem o SPFC no peito e tenham essa motivação de conduzir nossas cores com muito orgulho, é fundamental que como torcida, tenhamos uma postura assim, firme e de orgulho, de amor ao clube. 

Enfim, obviamente que procurei o Johnatan e como o SPFC quer expandir estes horizontes e adentrar mais e mais nos e sports, uma ramificação que só cresce no mundo e ficar alinhado aos novos caminhos, achei pertinente falarmos sobre o trabalho que ele faz conversando sobre games e assuntos em geral com essa galera que movimenta este mundo à parte cada vez mais importante e presente no dia a dia de todos, seja com a gente, com nossos filhos e amigos.


ENTREVISTA


Johnatan, obrigado pela disponibilidade de falar com o Blog, de trocar com mais sãopaulinos e explicar um pouco do seu trabalho, falar do Tricolor e o que espera do time e acredita que possa ser diferenciado ao nosso amado clube.

 
1) Para que todos possam entender, como funcionou a ideia de criar seu canal e como é a dinâmica do seu trabalho?

1: Desde pequeno sou apaixonado por games e sempre quis trabalhar com algo relacionado à esse mundo fascinante. Então, em 2012, comecei a criar conteúdo casual pro Youtube. Nessa época, ingressei em um curso de programação, pois até então meu sonho era desenvolver jogos, além de, é claro, criar conteúdo pra internet. 

Pensando nisso, além de programação, comecei a estudar edição de imagem, vídeo e animação voltada pra games. Em 2017 eu me formei na faculdade (cursei Design Gráfico) e rabalhei na área até o final de 2019, quando voltei a produzir pra internet, mas dessa vez de forma profissional. 

Nessa época eu morava em Portugal e estava me sentindo muito sozinho. Então, decidi montar um PC gamer e começar a fazer lives pra tentar conhecer uma galera que curte os mesmos jogos que eu. Foram meses fazendo lives pra um único espectador: minha noiva  (mesmo estando literalmente do meu lado rs). De vez em quando alguns amigos passavam pra dar um oi, mas como ninguém interagia no chat, eles não ficaram muito. Pouco tempo depois, comecei a pensar em o que eu poderia fazer de diferente pra chamar a atenção da galera. E como eu estava consumindo MUITO podcast, decidi então criar o Call of Cast. 

Apesar de ser conhecido como tal, o Call of Cast não é um podcast totalmente focado na franquia Call of Duty (mesmo que o nome seja uma referência, já que eu acompanho e jogo a franquia desde 2007). O programa aborda temas como games, nostalgia, produção de conteúdo e a vida de uma forma geral. É basicamente um papo entre amigos e amigas, sempre reflexivo e criativo, em um bar (nerd)! 

Em meados da metade da pandemia, eu e minha mulher decidimos voltar ao Brasil, e uma das minhas principais motivações pra essa volta, é meu público ser 99% do Brasil. E como é grande a diferença entre o Real e o Dólar (moeda em que eu recebo hoje das plataformas), o pouco que eu ganhava renderia mais aqui no Brasil. Hoje a dinâmica do meu trabalho é dividida entre o Call of Cast, minhas lives diárias na Twitch, produzir conteúdo e alimentar minhas redes sociais.

2) Antes de falarmos sobre futebol em si, sua paixão pelo São Paulo ao conversar em um bate papo informal sobre temas diversos usando as cores tricolores é evidente. Foi muito legal saber que acompanhava a gente também, conte um pouco sobre esse amor e se já pensou em produzir também conteúdo no futebol. 

2: Pode ser clichê, mas quem nunca sonhou em ser um jogador de futebol? Rs brincadeiras à parte, minha paixão por futebol e pelo São Paulo começou desde criança. Pra ser sincero, nem sei bem como eu escolhi torcer pro Tricolor. É até engraçado porque minha família toda é Corinthiana. Meu pai e meu padrinho viviam me presenteando com roupas, toalhas e acessórios do Corinthians quando eu tinha uns 5/6 anos de idade (hoje tenho 26); mas eu nunca gostei e nunca queria usar. E numa conversa, nesse mesmo ano, com meu tio e meu padastro, sobre futebol eles me falaram do São Paulo e foi uma espécie de “amor à primeira vista”. Depois que voltei a produzir conteúdo pra internet e consequentemente passar mais tempo nas redes sociais, comecei a acompanhar mais páginas relacionada ao Tricolor. Foi aí que conheci vocês no Twitter. Sobre produzir conteúdo no futebol, eu já pensei sim. Tenho vontade mas nunca encontrei uma oportunidade que tenha relação com o que eu faço  e gosto hoje (games, etc). A propósito, recentemente me veio um “click” na cabeça relacionado a isso: todos falam que eu sou muito comunicativo, falo bem, etc. e acompanhando o Marcelo Hazan, um jornalista prestigiado que inclusive já participou do Call of Cast, e seu novos projetos na Twitch, com a Libertadores, me deu mais esperança em relação a trabalhar com futebol e games “ao mesmo tempo”. Mas gosto de dar um passo de cada vez. Quem sabe um dia não surja uma oportunidade que una essas duas paixões. Ainda mais agora que o São Paulo quer entrar nos esports.

3) O São Paulo está num bom momento, tentando retomar a confiança após as decepções de 2018 e 2020 e tem desafios enormes como um rival mais consolidado e com títulos recentes que é o Palmeiras, um tabu de anos a quebrar sem taças e ainda a Libertadores que complicou ao ficarmos em 2o no grupo pela maratona de jogos que impossibilitou jogarmos com o que temos de melhor e com um plantel frágil, a vida não tem sido simples. Quais suas impressões de Crespo, time e perspectiva para essa semana decisiva para o Tricolor?

3: Eu como um bom torcedor estou sempre acompanhando o São Paulo. Seja na vitória ou na derrota. Lembro de ter participado da Tricolor Run em 2017. Um ano muito difícil pra nós, quase fomos rebaixados né. É engraçado porque durante minha infância e adolescência o São Paulo era temido, eu não era zuado na escola (exceto quando o assunto é piadas homofóbicas, que naquela época não davam tanta importância como hoje em dia, infelizmente) e conseguia tirar onda de torcedores de outros clubes numa boa rs 

Posso estar iludido mais uma vez, mas acho que dessa vez estamos no caminho certo pra sair dessa seca de títulos, pois temos um elenco entrosado com ótimos jogadores, um ótimo técnico (que excedeu minhas expectativas) e uma gestão e um presidente decente que veste a camisa, ouve, e até responde os torcedores, e tem amor pelo clube. 

Estou ansioso para ver os jogos contra o Palmeiras. É inegável que eles têm um dos melhores times do Brasil, mas o time do Crespo vem mostrando uma garra que eu não lembro a última vez que vi. Vai ser um ótimo confronto pra ver se o time está pronto pra voltar a brigar por um título da Libertadores. Ele toma as atitudes certas, sabe a hora de poupar jogadores (por mais que muitos torcedores discordem disso) e tá se mostrando ser um técnico tão bom quanto foi como jogador. Não vou arriscar resultados pra ninguém me xingar falando que eu “zikei”, mas acho que, por toda campanha, o São Paulo merece e está pronto pra erguer essa taça do Campeonato Paulista e, na minha opinião, nos classificamos sim pro mata-mata na Libertadores. Mesmo acabando em primeiro ou segundo. Com esse calendário maluco e apertado, não dá pra ter o luxo de se importar tanto com isso. Claro que se for em primeiro eu irei ficar feliz, mas o importante agora é se classificar, porque o São Paulo é respeitado e tem muita história na Libertadores. Tá na hora de mostrar que o São Paulo ainda é soberano. 

4) Como falei no início, foi através do meu filho mais novo que tem 7 anos que cheguei até seu conteúdo com o Adolfz e comecei a explorar mais seu canal e conhecer melhor. Como é para você já ter um público que pode ser tão novo, tão diversificado e ter um alcance tão interessante falando de temas de games que é um dos segmentos mais fortes e que crescem ano a ano e que nessa época de pandemia, me parece que ganhou ainda mais relevância? 

4: Pra mim isso tudo ainda é surreal. O Call of Cast tem pouco tempo de vida mas já trouxe convidados de muita relevância do mundo dos games. Além do Adolfz, tive a oportunidade de conversar com uma galera que eu assistia na minha adolescência, como o Hayashii, por exemplo, que é referência no Call of Duty além de ser uma grande inspiração pra mim. 

Fico feliz que tem muita gente que conhece e acompanha o meu trabalho. É muito gratificante conseguir entreter as pessoas.  Vivemos tempos difíceis, se distrair é o melhor remédio pra não pensar tanto nos problemas e não deixarmos de viver. Recebi muitas mensagens no fim do ano e no meu aniversário de pessoas dizendo que eu mudei o ano dela através das lives, que 2020 seria pior ainda se não tivessem me conhecido… Isso são coisas que me emocionam e me animam bastante. Às vezes não temos noção da diferença que fazemos nas vidas das pessoas. Espero continuar agradando meu público independentemente da idade e espero também que seu filho tenha curtido minha conversa com o Adolfera rs 

5) Ao assistir alguns de seus vídeos, percebi que enfoca mais que o lado gamer e profissional da galera, você avança no pessoal da vida de cada um que ao fim, todos são pessoas e tem suas vidas e personalidades por trás dos monstros que dominam os games. É este mesmo seu intuito? Essa galera que pertence a um mundo considerado Nerd tem quais particularidades e peculiaridades em seu modo de ver? 

5: O nerd é muito gente boa. Claro que como toda comunidade tem suas exceções, mas a galera que me acompanha me fez enxergar que tá tudo bem você gostar muito de games, preferir ficar em casa ao ir a uma balada ou algo do tipo. Antigamente tínhamos a visão daqueles nerds esteriotipados, mas quanto mais o tempo passa mostramos nossa força e mostramos pro mundo que ser nerd também é legal. Já sofri muito escondendo quem eu sou e o que eu gosto pra ser aceito pelas pessoas que me cercam. Acho que a maior peculiaridade da galera é gastar mais com roupas (skins) nos jogos do que na vida real e estar de bem com isso rs 

Sobre focar no lado pessoal dos convidados, é meu intuito sim. A galera já conhece o criador de conteúdo. Eles os assistem todos os dias! Eu quero saber e mostrar o lado “humano” da pessoa, o que ela gosta de fazer quando não tá trabalhando, o lado ruim e as dificuldades dessa vida de produção de conteúdo pra internet e por aí vai. É um espaço pro convidado se sentir à vontade pra falar sobre qualquer coisa comigo. Mesmo que não me conheça. E quando eu falo lado pessoal, eu não abordo temas polêmicos sobre a vida da pessoa que sei que o deixará incomodado ou pra gerar números pra mim. A galera que me assiste há um tempo vê isso e uma coisa que me deixa muito feliz é que sempre que termino de gravar com algum convidado ele elogia a seriadade do programa, das perguntas e diz que se sentiu muito confortável durante todo o programa. 

Galera, como a entrevista foi grande e o papo muito bom, a Parte II eu coloco hoje de tarde para que possamos debater mais ideias e conhecer mais o Johnatan e o canal dele com dicas e uma boa conversa entre tricolores.

saopaulo.blog