Pode se dizer que parte da derrocada no último campeonato brasileiro se deu por duas razões técnicas: as escalações de Tche Tche e Pablo. Ambos em eterna má fase. O primeiro, foi emprestado ao Atlético Mineiro e vem enfrentando críticas por repetir o que fazia no Morumbi, entregar jogos de bandeja aos adversários. Acontece que mesmo sem fazer um desarme sequer por 7 rodadas seguidas, o volante foi mantido como titular. O time, claro, não tinha consistência na defesa. Quando Diniz passou a usar o Luan, equilibrou e teve reação que se consolidou mais adiante com o Vizolli.

Me parece que nos livramos do primeiro mal, mas o segundo, Pablo, permanece. Apesar da diferença efetiva, já que o centroavante é o artilheiro da equipe, o camisa 9 dá sinais de que está no seu limite técnico. Com Pablo, Luciano perde a aproximação e profundidade. Pablo, apesar do vigor e disposição, não cumpre o seu papel. A bola lançada em sua direção, sempre resvala no atacante e vai para os pés do time adversário. Portanto, tocar no Pablo é armar o inimigo. Quando veio do Atlético Paranaense, todos esperavam um grande jogador. O maior investimento da história do clube fez uma única boa temporada na vida e diante dos anos no São Paulo, já deixa claro que não sabe cabecear, não leva jeito para a conclusão em espaço curto (o que faz a crítica especializada nomear quem assim consegue de matador) e joga muito fora da área, o que para alguém que não sabe armar se torna um exercício inútil. 

O Pablo aparenta ser um atleta de excelente caráter e a discussão jamais pende para esse lado. O que chamo a atenção é para a maneira como o clube vem se depreciando por medo de perder o investimento altíssimo que fez em ambos. Sinto dizer que já perdeu. O São Paulo precisa responsabilizar diretamente aqueles que tomaram as decisões que levaram ao rombo financeiro do clube e não pode se deixar direcionar por perdas, nem ganhos. O objetivo é o formar um time eficiente e chegar em primeiro lugar!

Há tempos o elenco não é tão competitivo. Tem pelo menos 3 para cada posição. O único buraco é a 9. O tricolor do Morumbi precisa com urgência de um centroavante matador. Daqueles que colocam a bola pra dentro com goleiro e tudo. Essa peça é fundamental para se chegar aos títulos. Foi assim com Careca nos anos 80, França e Dodô nos 90; e Luís Fabiano, Luizão, Amoroso, Aloísio e Borges nos anos 2000. Não importa o esquema tático. Sem esse definidor preciso, nenhum time funciona. Veja o Barcelona sem o Suaréz! Cadê o Real Madrid sem Benzemar no auge? E a Juventus de Turim? Não adianta ter o Cristiano Ronaldo, sem o matador, o time não flui. O Bayern tem Lewandowski, PSG conta com Icardi, Manchester City com Aguero até o fim da temporada, Borussia descobriu o incrível Haland e o São Paulo tem Pablo.

Confio no bom senso dessa nova gestão, na experiência do Muricy e na fome de vitória do Crespo para seguir adiante com profissionalismo e coerência. Sem sacrificar um trabalho que pode ser definitivo para voltar aos títulos. Para corrigir os erros do passado, o melhor remédio é auditoria e responsabilização civil e criminal.

Rodrigo C. Vargas (Insta @rodrigovargasss) é jornalista e psicólogo. É também são paulino assim como todos na família, desde o avô.