Oficialmente, o 21 de abril é dia de Tiradentes, mas pra milhões de são-paulinos, desde 2006, o 21 de abrilé dia de Telê Santana. 
                       Tinha 7 anos quando Telê foi contratado, em outubro de 1990. Me baseava naquilo que lia e ouvia a seu respeitoe só diziam que ele era pé-frio, baseado no fato que ele dirigiu a Seleção Brasileira em duas Copas do Mundo e não havia ganho, mesmo contando com grandes jogadores, sobretudo em 1982.
                        Um mês antes, Telê havia sido demitido do Palmeiras, que amargava uma longa fila sem títulos. O São Paulo não vinhabem, tendo feito um péssimo Campeonato Paulista, um começo de Brasileiro medíocre e demitido dois treinadores, CarlosAlberto Silva e Pablo Forlán.
                         Com Telê no comando, o SPFC evoluiu, se classificou entre os 8, passou pelo Santos nas quartas e Grêmio na semi e jogava por dois empates na final. O time perdeu e o SPFC era vice do Brasileiro pela segunda vez seguida. Logo veio a pressão pelasua demissão, apenas com dois meses de trabalho.
                          O Brasileiro de 1991 foi disputado no 1º semestre e a base fora mantida, mas o time estava irregular até a metade do turno.Do meio para  o fim da fase, Muller retornava do Torino e a coisas começaram a encaixar. Ricardo Rocha se tornara titular, Ronaldão formavaum paredão no meio de campo com Bernardo e Raí começa a se tornar o melhor jogador do Brasil.
                           Na semifinal, o SPFC teve dois jogos difíceis contra o Atlético Mineiro e passou com dois empates. A final era contra o Bragantino, treinado pelo pragmático Parreira e base do time campeão Paulista de 90, com destaque para Mauro Silva. No jogo de ida, a vitória veio com gol chorado do predestinado Mario Tilico. A vantagem do empate era nosso e veio com muita garra. 
                          Em 91, veio também o título Paulista, com Raí sendo artilheiro e camisa 10 da Seleção. O começo de 92 começou mal, com 6 derrotas seguidas, com goleada sofrida na estreia da Libertadores e outra dois dias depois pelo brasileiro. Os diretores tiveram peito e mantiveram Telê. O SPFC passou sem perder na altitude boliviana e se classificou na fase de grupos em segundo. Passamos nas oitavas contra o Nacional-URU, pelo Criciúma nas quartas e pelo Barcelona-EQU na semi.
                           A final contra o Newell´s, treinado pelo ótimo Marcelo Bielsa. Dois jogos tensos, decidido na defesa de Zetti, levando umamultidão a loucura. Telê era unanimidade, pedido na Seleção. O SPFC, aproveitando o momento, fazia amistosos e num desses encontrou o seu adversário no Mundial e aplicou uma goleada categórica por 4 a 1 no Barcelona. Telê, mesmo tendo sucesso, não estava satisfeito com os rumos do futebol brasileiro. Criticava o jogo violento dos adversários, os péssimos gramados, a arbitragem e o calendário, que faziao SPFC jogar mais de 90 partidas por ano. Por isso era perseguido por Ricardo Teixeira e principalmente Farah.
                          Entre as finais do Paulista, o SPFC sagrava-se campeão Mundial num dos melhores jogos da história recente do futebol. Doistimes ofensivos, treinados por dois gênios, Telê e Cruijff, que declarava que se fosse pra ser atropelado, que fosse por uma Ferrari. Em 1993,o SPFC ganhava o bicampeonato da Libertadores, numa atuação de gala no jogo de ida. Naquele ano, veio a Supercopa, a Recopa e mais um Mundial, contra o Milan, base da Seleção Italiana. 
                           Em 1994, as coisa começaram a não ir tão bem. Perdemos a chance do Tri da Libertadores e o Morumbi foi interditado,fazendo com que jovens promissores fossem negociados para que o estádio fosse reformado. Passamos 95 em branco e no começode 1996, Telê teve um problema de saúde e nunca mais dirigiu o São Paulo. 
                            O clube perdeu o rumo, todo treinador entrava pressionado a fazer o que Telê havia feito, mas era impossível. Em 2005,o SPFC se sagrava campeão da Libertadores e o nome de Telê foi lembrado e ovacionado. Em 21/04/2006, Telê Santana nos deixou.
                            Telê Santana passou a vida em busca de perfeição. Essa busca deu ao São Paulo Futebol Clube alguns dos seus melhores dias,valorizou e melhorou os seus jogadores e deu aos são-paulinos razões para comemorar e se emocionar. Lendas como Telê Santana não morrem. Telê Santana vive nos vídeos do You Tube, no sorriso após Raí fazer o gol de falta em jogada ensaiada a exaustão e que só ele acreditava que daria certo, após todas as tentativa erradas nos treinos. 
                             Telê Santana vive no gramado aparado, no jogo limpo, no passe correto, no cruzamento certeiro, no chute bem dado, no gol. Tele Santana vive nos dias em que o SPFC joga uma partida de Libertadores, nas noites de inverno. Telê Santana vive em duas das cinco estrelas que o clube ostenta em sua camisa. Telê Santana viverá no Morumbi lotado, quando tudo isso passar. Telê Santana vive nos corações e mentes de cada um dos milhões de são-paulinos. 
                           O tempo passa, mas a saudade, o respeito e a gratidão por Telê Santana serão eternos. Obrigado por tudo, Mestre Telê Santana.
                             Usando os bordões do saudoso e genial locutor Fiori Gigliotti, Telê Santana, vai ficar por todo sempre, incrustado na ternurae na sinceridade, no nosso cantinho de saudade. 

                       Rafael de Albuquerque                        https://twitter.com/rafa_sjc1930