A gestão do presidente Julio Casares adotou um discurso de austeridade financeira ao assumir o comando do São Paulo, em dezembro passado. Três meses após a eleição, o clube investe pesado em contratações e busca atletas renomados no mercado da bola, como o zagueiro Miranda e o atacante Éder. Entretanto, de acordo com a atual administração, as ações são tratadas com responsabilidade.

O departamento de futebol tenta o que é chamado internamente de uma “equação orçamentária”. Portanto, em que pese a chegada de atletas com alto salário, outros nomes deixaram ou deixarão o Morumbi, dando a chance para o clube ter saldo positivo ou no mínimo equiparar o que era gasto anteriormente.

Um exemplo é a saída de Juanfran. O valor pago mensalmente ao lateral direito -cerca de R$ 1 milhão- é o equivalente ao que receberão Miranda e Éder, atletas que terão os maiores salários dentre os reforços contratados.

Na prática, o clube viu um aumento de 4% do planejado para 2021 no início do trabalho.

A diretoria, contudo, já esperava que os primeiros meses exigissem um aumento dos custos por ser um período de mudanças no futebol e pelo fato de que parte dos salários de 2020 será paga a partir de agora, conforme acordo feito com os atletas durante a paralisação devido à pandemia.

Com a já esperada elevação dos gastos, a direção tricolor pretende compensar este fato com uma redução maior ao fim da temporada, no período fora do mercado. Em dificuldade financeira, a cúpula aproveita o valor arrecadado com a venda de Brenner – US$ 15 milhões (cerca de R$ 81,6 milhões à época) – para honrar os compromissos.

Mesmo com os problemas econômicos e a necessidade de manter as contas em dia, a maioria dos reforços para a temporada – o lateral Orejuela, o zagueiro Miranda, os meio-campistas William e Martín Benítez e os atacantes Bruno Rodrigues e Éder – já chegou ao CT da Barra Funda.

Em contrapartida, nem todos os atletas que estão fora dos planos deixaram o elenco comandado por Hernán Crespo, casos de Santiago Tréllez, Gonzalo Carneiro, Jean e Everton Felipe. Juntos, eles são responsáveis por um gasto anual de R$ 11,6 milhões, entre salários e direitos de imagem. A diretoria planeja saídas que podem aliviar as contas em mais de R$ 25 milhões por ano.

Em meio à tentativa de sanear as finanças e com uma dívida estimada de R$ 575 milhões, o clube tenta colocar em prática o que foi prometido durante e até após a campanha eleitoral de Casares. Com um discurso de que seguirá à risca a proposta orçamentária elaborada para 2021, o clube teve que frear as despesas ao pagar taxa de transferência por atletas – são previstos gastos de R$ 25 milhões neste quesito após a contratação da comissão técnica de Hernán Crespo, avaliada em R$ 1 milhão por mês.

A maior aquisição na janela de transferências foi a de Orejuela – contratado por 2 milhões de Euros (R$ 13,25 milhões). O valor, contudo, será dividido em duas parcelas, sendo a primeira quitada em 2021 e a segunda apenas no próximo ano.

O zagueiro Miranda, o meio-campista William e o centroavante Éder chegaram de forma gratuita ao clube, sendo que o segundo nem sequer teve intermediário nas tratativas.

Martín Benítez e Bruno Rodrigues chegaram ao São Paulo por empréstimo. O argentino custará cerca de R$ 1 milhão aos cofres do clube. O valor também será parcelado para evitar que tudo esteja inserido no orçamento de 2021. Já o atacante que pertence ao Tombense-MG custou R$ 200 mil aos paulistas. Ambos terão os direitos fixados ao fim do contrato. Caberá ao departamento de futebol decidir pela manutenção da dupla.

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