Com a derrota para o Botafogo, nesta segunda, 22, que adiou a ida direta às fases de grupo da Libertadores, o São Paulo encontrará, quinta-feira, na rodada final do Campeonato Brasileiro, o Flamengo de Rogério Ceni, em busca do bi campeonato brasileiro, tendo uma missão maior ainda do que a somente vaga direta para Libertadores. Se é fato que há 8 anos o grito de campeão segue entalado nas gargantas tricolor, é fato, também, que a rodada final poderá ser de outra derrota, com gosto amargo, para os são-paulinos.

            Ora, se o jejum afeta não somente a comissão técnica e jogadores, mas, da mesma forma, diretoria e toda a estrutura tricolor, é obrigação do São Paulo entrar com força total para enfrentar o time rubonegro da melhor forma possível. Um título de Rogério Ceni, no Morumbi, sua segunda casa durante anos de vida devotados ao São Paulo, poderá solapar e dar descrédito para a nova Diretoria que assumiu o tricolor em janeiro. Poderia ir abaixo, mesmo que simbolicamente, já que seria uma mancha logo nos primeiros meses de gestão, o projeto de Casares de, assim como seus rivais – Flamengo e Palmeiras – , reestruturação econômica visando um curto-médio prazo de volta à credibilidade e títulos.

            Nesse sentido, se a rodada final será, para muitos times, de jogos menos acalorados e com reservas em campo, para o São Paulo tem um sabor a mais. É menos verdade, porém, que tirar o título do Flamengo basta, já que em caso de empate ou vitória tricolor e com uma vitória no Sul do Inter, outro rival, levantará a taça. O São Paulo entra em uma esfinge com a questão Rogério Ceni. Penso eu, contudo, que uma vitória rubro negra, em pleno Morumbi, poderá, sim, solapar um sonho são paulino na temporada. Ver seu maior ídolo levantando uma taça por seu rival, em seu estádio, acabará atingindo em cheio as esperanças são paulinas, já que, enquanto trabalhava em seu time de coração, Rogério, apesar de todo resultadismo e imediatismo, que pautam o futebol brasileiro, decepcionou.

            O São Paulo, malgrado os 7 pontos de vantagens no Brasileiro, e o excelente jogo contra o Grêmio, no Sul, que não conseguiu repetir no Morumbi, dando adeus a copa do Brasil, não esteve, penso comigo, com as mãos na taças, como era noticiado pela imprensa na época dos feitos do Diniz e do melhor futebol jogado na temporada brasileira. Um elenco muito limitado, que não conseguiu dar fluidez tática para o ano atípico que tivemos no, como diria Juca Kfouri, Covidão-2020.

             Não entro aqui no mérito Diniz e nem em um possível título de Abel Braga, que poderia passar, o que discordo, a impressão de um futebol “mal jogado”, porém eficiente, sendo campeão de uns dos campeonatos mais disputados do planeta. Abel Braga e seu time, como escreveu André Kfouri, em sua coluna d’O Globo, “é o melhor exemplo de adaptação”, o que faltou no São Paulo de Diniz, para um ano diferente como esse em que vivemos.

             Para além, então, da pífia temporada são paulina, o clube tem obrigação de mostrar o quão grande é, enfrentando, assim como enfrentou ano passado, tete-a-tete o melhor elenco brasileiro, comandado pelo maior ídolo da sua história. Deixá-lo dar uma volta olímpica, no lugar que deu muito orgulho e glórias para são paulinos como eu e meu pai, que me ensinou a paixão pelo futebol, será a sexta decepção tricolor na temporada, depois de Campeonato Paulista, Brasileiro, Libertadores, SulAmericana e Copa do Brasil!

            Por fim, um amigo me disse que eu deveria estar torcendo para Rogério Ceni, já que seria um título de maior expressão dos que ganhou pelo Fortaleza. Entretanto, a paixão, um dos campos principais do futebol, só me leva ter a certeza que a instituição São Paulo é muito maior que a instituição Rogério Ceni, apesar de enxergar, no próprio, um futuro promissor e com grandes contribuições para o melhoramento do futebol brasileiro. Os jogadores e toda estrutura do São Paulo tem que saber que nós, torcedores, pedimos: Basta de decepções e mediocridade, principalmente quando se trata do nosso maior ídolo tendo a possibilidade de gritar é campeão no nosso estádio, porém, com um outro time.