Anunciado como novo executivo de futebol do São Paulo, Rui Costa, 50, vai encarar o maior desafio da carreira: reerguer o time em 2021. O dirigente vai assumir o cargo ao final do Campeonato Brasileiro, quando chegará ao fim a gestão de Raí. E ele terá muitos problemas para solucionar. O UOL Esporte preparou uma lista de situações que demandam atenção do novo dirigente são-paulino. Veja, abaixo, o que será necessário fazer a serviço do clube do Morumbi. O contrato do gaúcho natural de Porto Alegre tem duração até o fim do mandato de Julio Casares, em 2023:

Reposição de Raí e Pássaro

O primeiro passo de Rui Costa é fazer com que o elenco supere as ausências de Raí, que se despedirá em fevereiro, e do antigo gerente, Alexandre Pássaro, que se desligou do clube em dezembro passado. A dupla se responsabilizou pelo CT da Barra Funda durante a administração passada, de Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco. No período, criou vínculo com os atletas e se aproximou de boa parte deles. Embora tivesse uma avaliação mista de seu trabalho e enfrentasse detratores dentro do próprio São Paulo, Pássaro era um dos principais elos entre o campo e os escritórios do Morumbi. Em entrevista coletiva na última quinta-feira (21), Daniel Alves lamentou sua saída.

“A única pessoa que gostaria que tivesse continuado também é o Pássaro. Não gostaria que saísse neste momento. Ele tomou porrada para caramba, como a gente tomou, e no momento que a gente poderia ter algo, ele teve que nos deixar. Eu, particularmente, gostaria que continuasse com a gente. As decisões foram tomadas e a gente tem que respeitar”, disse o jogador. A contratação de Rui Costa é justamente para o cargo que era ocupado por Alexandre Pássaro. Ele terá a incumbência de substituir a figura do ex-dirigente nos bastidores, trabalhando ao lado do diretor de futebol estatutário, Carlos Belmonte.

Daniel Alves

A situação de Daniel Alves é uma das missões mais complicadas de Rui Costa em seu início de trabalho no São Paulo. O jogador demanda um investimento de cerca de R$ 1,5 milhão por mês, entre salários, luvas, bônus e acordo pelos direitos de imagem. Somente a remuneração do meio-campista é de R$ 500 mil e é paga pelo clube. A outra fatia do acordo, avaliada em 4 milhões de euros (R$ 26,4 milhões na cotação atual), seria desembolsada semestralmente por parceiros. As parcelas, a princípio, seriam quitadas em abril e outubro de 2020 e 2021.

A missão de encontrar investidores para arcar com as despesas de Daniel Alves ficou a cargo dos departamentos de marketing e futebol. O clube chegou a se aproximar de um acordo com o DAZN para fechar um contrato de US$ 1 milhão (R$ 5,44 milhões na cotação atual) em troca de o craque se tornar um embaixador da empresa de streaming no Brasil. As tratativas não avançaram, e o clube passou a se responsabilizar pelo pagamento do atleta. A gestão de Julio Casares ainda não teve tempo hábil para encontrar um parceiro para arcar com os pagamentos ao jogador. Por isso, a figura de Rui Costa será relevante no dia a dia do elenco.

O dirigente trabalhará ao lado de outros departamentos a fim de buscar um investidor para honrar os compromissos com o craque de 37 anos.

Nova realidade financeira do clube

O São Paulo gastou muito ao buscar reforços durante a gestão de Leco, exceto no ano passado, quando a sua única contratação foi a do atacante Luciano, um dos destaques do elenco comandado por Fernando Diniz.

Na administração de Julio Casares, a ideia será repetir o que foi feito em 2020. Em crise financeira, com uma dívida que se aproxima dos R$ 600 milhões, o clube definiu em sua proposta orçamentária, aprovada pelo Conselho Deliberativo: um gasto de R$ 115,268 milhões em salários, contratações e intermediações. Os valores são considerados baixos para os gigantes do futebol brasileiro.

Diante da atual situação do clube, Rui Costa terá que se adequar à nova realidade financeira do São Paulo na busca por reforços. E aí Luciano vira um exemplo. O atleta chegou ao CT da Barra Funda em troca por Everton, que se transferiu para o Grêmio. Não houve compensação financeira de nenhuma das partes na ocasião.

Parcelamento de remunerações

Rui Costa terá que lidar também com o parcelamento das remunerações dos atletas. O São Paulo fez um acordo com os jogadores em meio à pandemia do novo coronavírus para a redução de salários. O clube reduziu as remunerações em 25% até o fim da temporada, em fevereiro de 2021. A diferença será paga a partir de março deste ano.

O clube já se programa para quitar os valores, que, somados, chegam à quantia de R$ 14,1 milhões, de acordo com o orçamento. Contudo, cabe ao novo executivo de futebol acompanhar a situação de perto. Ele terá que atuar ao lado do departamento financeiro para não deixar lacuna entre o que é definido nos corredores do Morumbi e o que deve ser informado ao vestiário.

Técnico

Fernando Diniz ainda não tem presença garantida para a próxima temporada. Diante da sequência negativa recente e a perda da liderança do Brasileirão para o Internacional, que hoje está quatro pontos à frente, o técnico passou a balançar no cargo. Há a possibilidade de mudança antes do início da nova temporada, em março. Como o São Paulo aposta em um orçamento reduzido para 2021, a diretoria ainda não definiu se mantém Diniz ou irá atrás de um nome sem muita badalação no mercado da bola. Rui Costa terá a incumbência de blindar a comissão técnica escolhida para a próxima temporada.

Base

O discurso de Julio Casares sobre as categorias de base do São Paulo é repetido à exaustão. O presidente deseja trabalhar com foco em Cotia e revelar atletas que possam atuar no elenco profissional. O time de Diniz, hoje, conta com quatro nomes das divisões inferiores do clube — Luan, Gabriel Sara, Igor Gomes e Brenner são formados em Cotia. Sem a possibilidade de buscar um número considerável de reforços, a nova gestão são-paulina vê esta como uma saída para a formação da equipe em 2021.

Ao lado de Marcos Biasotto, novo diretor das categorias de base do São Paulo, Rui Costa precisará dar ainda mais valor ao departamento. Ele terá que fazer um trabalho integrado com o profissional para potencializar o surgimento de novos atletas em seus três anos de contrato.

UOL