Depois da goleada sofrida em Bragança Paulista e da derrota frente ao sub 20 do Santos todo mundo que acompanha futebol ficou de antena ligada para saber qual seria o primeiro passo da nova diretoria tricolor diante de um momento tão instável vivido pelo futebol do São Paulo.

Os mais radicais já queriam a cabeça de Fernando Diniz. Outros exigiam que o novo gerente de futebol Murici Ramalho entrasse em ação e tentasse em curto espaço de tempo recuperar o equilíbrio emocional dos jogadores do Tricolor.

E havia ainda quem pedisse o afastamento imediato de alguns titulares e uma mudança radical no confuso esquema tático imposto por Diniz. Murici percebeu que estava na hora de agir e não negou fogo. Marcou um encontro com técnico e jogadores no CT da Barra Funda na última terça feira e deu o seu recado sem esquecer qualquer detalhe.

VONTADE DE VENCER
Primeiro lembrou os jogadores que quem quiser vestir a camisa do São Paulo precisa antes de mais nada ter muita vontade e gana de vencer.

“É preciso sempre dar um algo a mais dentro de campo quando se veste uma camisa como essa”, disse Murici.

“Vamos nos cobrar, vamos conversar, vamos achar o caminho para nos impor à curto prazo antes que o time perca a liderança do campeonato e por tabela a chance de ser campeão brasileiro”.

Nem bem Murici terminou sua palestra e Raí tomou a palavra. O ainda gerente de futebol procurou seguir o mesmo discurso do novo chefão tricolor.

No final, pela reação dos jogadores, ficou claro que eles entenderam o recado da diretoria e perceberam que ou se unem e partem para uma mudança radical de comportamento dentro de campo, ou muitos deles não terá mais espaço na folha de pagamento do clube.

Serão afastados e negociados sem maiores explicações.

CAMINHO CERTO
Analisando de fora toda essa movimentação, consideramos que a decisão de Murici preferir conversar com os jogadores antes de tomar qualquer medida mais drástica, foi a mais correta.

Se ao invés disso já afastasse alguns atletas do elenco e até demitisse o treinador que, apesar de vários erros, colocou o São Paulo na liderança do campeonato, as consequências poderiam ser muito piores.

Haveria mais insegurança, a tensão aumentaria e o novo técnico que chegasse para ocupar a vaga de Diniz não teria tempo de impor seu esquema e certamente iria fracassar.

APOSTA NO GRUPO
Mas ao falar abertamente com técnico e jogadores, Murici mostrou a eles que ainda acredita no potencial de cada um e que, se todos se derem as mãos, ainda haverá tempo de recuperar o terreno perdido.

Quanto a Diniz, em particular, acho que ele entendeu o recado. Ou deixa de ser turrão e muda seu esquema de trabalho ou não emplaca fevereiro como treinador do São Paulo. 

Futebol Interior – Sérgio Carvalho