Brenner e Luciano têm dado o que falar no comando de ataque do São Paulo, líder do Brasileirão. A dupla sobra, e muito, na comparação com os rivais paulistas e praticamente iguala a média de gols de Pedro e Gabigol, do Flamengo. Sem que o clube tenha precisado investir R$ 160 milhões para compor uma parceria badalada como essa, diga-se.

Aos números: os atacantes do Tricolor somam juntos 37 gols marcados em 67 jogos, uma média de 0,55 gol por partida. A “selecionável” dupla do Fla tem 41 gols em 72 jogos, também somados, para uma média de 0,56. Diferença de um centésimo.

Para ter dois dos atacantes mais produtivos do Brasil em seu elenco, o Flamengo precisou pagar cerca de R$ 78 milhões por Gabigol e R$ 87 milhões por Pedro. O São Paulo, ao contrário, não gastou nenhum centavo com transferências para ter Brenner, cria das categorias de base, e Luciano, que veio em troca com o Grêmio.

Por sinal, contra esse mesmo Grêmio, algo raro aconteceu: Brenner e Luciano falharam e desperdiçaram chances de colocar seu time à frente no placar, pelo jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil. Depois, Diego Souza definiu a vitória da equipe gaúcha por 1 a 0. Mas, em busca da virada na partida de volta, o São Paulo não tem muitos motivos para questioná-los. A aposta é que o desempenho consistente de seus atacantes, bastante entrosados, possa novamente fazer a diferença amanhã (30) no Morumbi.

Por exemplo: quando a comparação é com os rivais do estado paulista, a dupla Tricolor sobra. Marinho e Kaio Jorge, do Santos, somam 74 jogos e 27 gols, uma média de 0,39 gol por jogo. Luiz Adriano e Willian Bigode, do Palmeiras, vêm logo atrás com 0,34 gol por jogo — 32 em 94 partidas. Jô e Boselli, os dois artilheiros do Corinthians no ano, marcaram menos da metade dos gols da dupla são-paulina: 12 em 45 jogos, uma média de 0,26 bola na rede por partida. O argentino já deixou o SCCP e negocia com o Boca Juniors (ARG).

A escalação de Brenner e Luciano foi um dos grandes trunfos do técnico Fernando Diniz na temporada, culminando por ora em liderança folgada no Campeonato Brasileiro e na disputa por uma vaga na final da Copa do Brasil. Eles só passaram a jogar juntos em outubro, até pelo fato de Luciano ter chegado ao clube em agosto, numa troca pelo meio-campista Everton. “É um jogador que vem rendendo desde o primeiro jogo. É um cara que casa muito bem com o que penso no futebol, é muito aguerrido, estamos muito contentes com ele”, disse Diniz sobre o atacante.

Já Brenner foi lançado ao time profissional pela primeira vez em 2017, com Rogério Ceni como técnico. Depois de idas e vindas, estourou nesta temporada. Hoje o clube até trabalha para conter o assédio do mercado europeu, tentando manter jogador concentrado nos jogos decisivos que vêm pela frente. “O Brenner, costumo dizer, tem o carisma do gol. Naturalmente, se tiver mais dez bolas como aquela contra o Grêmio, ele vai perder só aquela. Ele é um jogador que não sente muito isso, sabe incorporar assim como o Romário fazia. Não é um cara que fica lamentando aquilo que passa”, disse Diniz, após a derrota na ida.

Os números acima mostram como os atacantes têm grande influência sobre a guinada da equipe após alguns tropeços dolorosos, como a eliminação para o Mirassol pelas quartas de final do Paulistão e a queda precoce na fase de grupos da Copa Libertadores.

Durante boa parte da temporada, o São Paulo teve à frente atletas de mais prestígio no mercado, como Alexandre Pato (que acabou rescindindo com o clube) e Pablo, ou outras revelações de Cotia, como Antony e Toró. Num processo de reconstrução promovido por Diniz, a dupla “custo zero” tomou conta do espaço e retribuiu com um lucro inesperado por muitos. O São Paulo agora espera faturar mais e que esse rendimento o leve à final da Copa do Brasil e ao título do Brasileiro.

UOL