A insistência de Fernando Diniz e a mudança no esquema tático deram a Igor Gomes a chance de reagir no São Paulo. Mesmo em um momento de dificuldade, o técnico manteve o meio-campista de 21 anos na equipe. A troca na formação — o time deixou de atuar com três para ter quatro jogadores no meio de campo — também foi fundamental para o seu crescimento.
Depois de um início de temporada animador, em que, inclusive, desbancou Hernanes, o jovem revelado em Cotia encontrou dificuldades para repetir as boas atuações após a paralisação do futebol por causa da pandemia do novo coronavírus.
A queda de rendimento no retorno do esporte culminou em sua ida para o banco de reservas por cinco jogos. O atleta ficou fora da equipe inicial nos jogos contra Sport, Athletico-PR, Corinthians, Atlético-MG e Fluminense. Em todos os confrontos, entrou em campo como reserva. A condição, no entanto, foi passageira. Logo após a sequência, Diniz voltou a utilizá-lo entre os titulares. E depois disso, não deixou mais a equipe. Igor Gomes seguiu com dificuldades de se firmar, sobretudo na pior sequência negativa do São Paulo em 2020 — foram sete jogos sem vencer entre 9 de setembro e 4 de outubro.
A mudança tática de Fernando Diniz para o jogo contra o Atlético-GO, em 7 de outubro, foi o suficiente para voltar a render o que se esperava dele no Morumbi. Com o meio-campo mais encorpado — Luan, Daniel Alves e Gabriel Sara estavam ao seu lado —, Igor Gomes ressurgiu no time.
O meio-campista passou a ter mais liberdade para atuar ao lado de Sara na criação, deixando Luan e Daniel Alves responsáveis por marcar. Mais à vontade em campo, voltou a se destacar até com gol e assistências. Ele deu passe para Pablo marcar diante do Deportivo Binacional, do Peru, na Libertadores e também foi o responsável por deixar Brenner em condições de balançar a rede no empate por 2 a 2 com o Fortaleza, na volta das oitavas de final da Copa do Brasil. Na sequência, foi fundamental ao deixar o seu na vitória de virada por 2 a 1 contra o Goiás.
As participações em gols ilustraram a recuperação do jovem com as cores do São Paulo e recompensaram a insistência de Fernando Diniz no jogador que oscilou bastante em 2020. “Eu acho que o Igor, além de ser um grande jogador, apesar da pouca idade, é um grande ser humano, vem de uma família bem estruturada. Quando ele viveu momentos, tecnicamente, não tão bons, para mim, era claro que ele voltaria a jogar bem. É outro menino que trabalha muito. Mesmo quando não estava tão bem tecnicamente, ele nunca deixou de correr e de ajudar o time em outras questões”, disse o treinador, após boa atuação de Igor Gomes na vitória do Tricolor paulista sobre o Flamengo, pela volta das quartas de final da Copa do BR.
“O que a gente precisa é saber que as pessoas oscilam mesmo. Todo mundo oscila. A gente tem, às vezes, o desejo de que as pessoas não sejam humanas. A gente quer valorizar só quem acerta. A gente, quando oscila, tem que saber que é uma pessoa que oscila. É assim que a gente perde muito jogador aqui no Brasil.
A pressão é muito grande, chega a ser cruel. A gente espera que meninos de 18, 19, 20, 21 anos consigam responder sozinho em momentos de pressões exageradas. Quando não consegue responder e não tem apoio ou acolhimento, a gente coloca os jogadores em segundo plano. As pessoas vivem momentos ruins, todo mundo vive. Se a gente não souber olhar que determinado jogador ou treinador passa por um momento ruim e quiser definir que será ruim para sempre, a gente vai continuar patinando aqui no Brasil”, concluiu.
UOL
Falou bonito o Diniz.
Na minha opinião, o maior ponto forte dele na passagem no SPFC é esse apoio e confiança que passa para a base. Tá cheio de treinador aí que deixa veterano jogando mal a temporada inteira de titular, e quando um jovem vindo da base erra um único passe já é banco para ele. Os garotos demoram anos para conseguir ter uma sequencia que lhe forneça o tempo de jogo necessário para se desenvolver no futebol, isso quando não ficam até os 23 anos sem quase entrar em campo.
A nossa realidade é bem simples, temos na base jogadores de um nível que está completamente fora da capacidade do SPFC de contratar, ou seja, não tem como contratar jogadores melhores que os que formamos, o que é preciso é um estrutura que permita o SPFC realmente usar esse jogadores, e não simplesmente vende-los na primeira oferta.
Daí um vigoroso e efetivo projeto de integração das categorias de base com o profissional através de um novo departamento de futebol.
Excelente comentário Thiago , concordo plenamente contigo !!!