Eliminações do São Paulo para o Mirassol no Campeonato Paulista e ainda na fase de grupos da Libertadores, com derrota para o Binacional fizeram com que muitos torcedores esperassem pela volta de Rogério Ceni como técnico para o próximo ano, mas tudo mudou com a ida do ex-goleiro para o Flamengo. Apoiado pela torcida, Fernando Diniz conseguiu a classificação para as semifinais da Copa do Brasil e foi aos braços dos são-paulinos na última quarta-feira, com a vitória por 3 a 0 sobre o Rubro-negro no Morumbi.

Arnaldo Ribeiro analisa o que considera um divórcio entre São Paulo e Rogério Ceni, que acabou sendo benéfico para o clube tricolor e sua torcida ao deixar de lado o passado e a esperança de volta do ídolo, para se dedicar ao presente e a busca por títulos para findar o incômodo jejum que o são-paulino vive desde 2012.

“Quando o Rogério Ceni anuncia a ida para o Flamengo e nega o São Paulo para o ano que vem, o São Paulo, menos a instituição, a instituição demorou um pouco a acordar, o time também, agora, o torcedor fez esse movimento ao levar o time, primeiro a manifestação de apoio no aeroporto para o Rio de Janeiro, o São Paulo deixou de pensar no passado e no futuro, simbolizados pelo Ceni, e passou a pensar no presente, simbolizado pelo Raí, pelo Diniz e pelo Daniel Alves”, diz Arnaldo.

“Não tem Rogério Ceni no radar mais e o Rogério Ceni sempre foi um fantasma, para o bem e para o mal, nos últimos anos do São Paulo. Agora teve um distanciamento, no momento em que o Rogério Ceni entra no Morumbi com o agasalho do Flamengo, o Rogério Ceni não foi com camisa social para o Morumbi, ele foi como agasalho do Flamengo naquele estádio em que ele sempre defendeu o São Paulo. Tem uma separação aí que não volta mais e o são-paulino, ao mesmo tempo, se sentiu na obrigação de abraçar quem está lá hoje”, completa.

O jornalista chama a atenção para o fato de a falta de público ter ajudado a poupar Fernando Diniz de demissão em derrotas que foram marcantes no ano e agora passou a ter uma sintonia com o torcedor, além do peso que teria a conquista de um título para os personagens principais do São Paulo atual. “O futebol é mágico por conta disso, o Fernando Diniz, que possivelmente teria sido demitido com o público nos estádios, com as eliminações traumáticas e tudo mais, hoje ele contou pela primeira vez com o carinho do público na porta do estádio. Agora, é isso, depois dessa classificação épica e tudo mais, tem muita coisa pela frente”, diz Arnaldo.

“O dia em que um técnico e um grupo de jogadores conseguirem tirar o São Paulo da fila, a terceira maior torcida do país, esses caras não sabem o passo que estarão dando. É um feito maior do que aqueles de cinco títulos consecutivos, tirar um time grande da fila é gigantesco. O São Paulo tem dois personagens, um muito acostumado a ganhar, que é o Daniel Alves, mas que fez sacrifícios para jogar no São Paulo, e outro que nunca ganhou nada, o Fernando Diniz, que podem, se tirarem o São Paulo da fila, entrar na história para o São Paulo e aí do lado do quadrinho do Rogério Ceni ali na entrada do Morumbi”.

O distanciamento na relação entre o ídolo e o clube que o projetou, que poderia ser traumático para o torcedor, é visto por Arnaldo como benéfico tanto para a torcida quanto para o time atual do São Paulo, que passaram entender isso melhor, de acordo com o jornalista. “Talvez tardiamente os são-paulinos entenderam isso, não adianta mais sonhar com o futuro com o Rogério Ceni ou lembrar do passado com o Rogério Ceni, hoje não tem Rogério Ceni, Rogério Ceni é adversário”, diz Arnaldo.

“Acho que esse divórcio fez um bem danado para o São Paulo, absurdamente bom, e acho que foi o que faltava, como eu chamo, de catalisador para o momento do time agora”, conclui.

UOL