O maior exemplo histórico de um trabalho reiniciado no meio e com o mesmo time, no Brasil, aconteceu em 1992. Telê Santana estava virtualmente demitido, pelo noticiário, depois de sofrer cinco derrotas seguidas: 0 x 1 Guarani, 0 x 1 Flamengo, 0 x 3 Criciúma, 0 x 4 Palmeiras e 0 x 1 Internacional. Ficou. Três meses depois, com quatro titulares diferentes e seis jogadores da base, Telê Santana ganhou a Libertadores.

Verdade que já tinha sido campeão paulista e brasileiro, mas o trabalho parecia ter chegado ao fim em março de 1992. Seguiu até o início de 1996.

Claro que há maneiras diferentes, casos distintos, trocas que levam a melhores resultados, como a de Jorge Jesus, no Flamengo, há um ano. A questão é que, no Brasil, ninguém nunca acredita na solução mais difícil: manter.

Muricy Ramalho teve chance de cair em 2006. Foi campeão brasileiro. Houve quem defendesse sua saída em 2007. Foi bi. Também em 2008, quando ficou onze pontos atrás do Grêmio e perdeu a vaga nas quartas-de-final para o Fluminense. Acabou tricampeão do Brasil.

O São Paulo tem inúmeros exemplos de reconstruções de trabalhos com a manutenção do treinador e mudanças de campo. Quase ninguém acreditava nisto, quando aqui se escreveu, em 26 de setembro, que o São Paulo mereceu ganhar do Internacional, em Porto Alegre. Passou trinta minutos com um jogador a mais. Merecia ganhar. Ao ler isto nas redes sociais, uma infinidade de são-paulinos queria esganar, não apenas o treinador, como este colunista.

Quarenta dias depois, o São Paulo não venceu nada. Mas está na semifinal da Copa do Brasil, pela primeira vez em cinco anos, e com um time construído com cinco titulares vindos de Cotia.

É possível recomeçar sem destruir. Neste momento, a manutenção de Fernando Diniz dá mais certo do que a demissão de Domenec Torrent.

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