Foi em abril que o São Paulo lançou seu novo aplicativo que, entre outras questões, serviu para o clube angariar uma nova fonte de renda e “monetizar” mais, para usar um jargão dessa indústria, a relação com seu torcedor.

O projeto, inserido na categoria “Super App”, foi o primeiro de uma série na área tecnologia e inovação que o clube desenvolve para atacar questões que vão do recrutamento de jogadores para a base até melhorar o gerenciamento de suas finanças, por exemplo.

Para tanto, o São Paulo pretende instalar um laboratório no Estádio do Morumbi. Um espaço físico propriamente. E conta com a parceria da Sportheca, hub de tecnologia e inovação que acelera e investe em startups que atuam no esporte.

Pelo lado do São Paulo, quem encabeça as ações é o diretor de finanças Elias Barquette Albarello.

“Não há uma área do clube que não possa se beneficiar com a inovação”, disse o dirigente, também acadêmico na área de inovação pela Universidade Mackenzie.

“A ideia do laboratório no estádio teve de esperar, devido à pandemia, mas os trabalhos seguem mesmo sem essa inauguração. Tudo que o São Paulo desenvolver com a empresa pertence ao clube, não é algo de um terceiro”, explica. Segundo Albarello, o clube paga royalties proporcionais ao sucesso das soluções desenvolvidas.

Atualmente, o investimento mensal para atuar em parceria com a empresa e ter acesso a esse know-how e a esse rede de cabeças pensantes gira na faixa de R$ 20 mil.

“Muito baixo diante do que podemos receber de volta com inúmeros projetos”, diz. Albarello entende que as duas chapas que concorrem à presidência do clube veem o projeto com bons olhos, e que ele seguirá após o pleito.

Diversificação

A Sportheca, que nesta semana inaugurou um campus próprio na cidade de São Paulo, não é parceira exclusiva do Tricolor.

Segundo explica o executivo Eduardo Tega, um dos sócios da empresa, a ideia é disseminar o trabalho, juntando necessidades, ideias de soluções e o capital para financiá-las, turbinando essas ligações com mentorias e direcionamento.

“Podemos potencializar essas relações. Temos como ligar pessoas da área do esporte, que entendem as dores reais, com quem pode ajudar a encontrar maneiras inovadoras de atacá-las”, afirma.

“Temos um projeto para recrutar até 80 jovens que estudam nas áreas de inovaçãoe tecnologia que querem atuar com tecnologia de ponta no esporte”, conta.

Entre os clientes da Sportheca, estão por exemplo o Fortaleza, que também desenvolveu um app em uma ação com a empresa e terá um laboratório em seu estádio.

E até mesmo a chapa de Mario Gobbi à presidência do Corinthians já se reuniu com o executivo.

A tecnologia e a inovação são maneiras de conseguir com que os ganhos do clube ultrapassem o que se arrecada com a presença do torcedor nos jogos – algo que, por conta da pandemia, ninguém sabe ao certo quando voltará a acontecer.

“Quem vai ao estádio representa de 2% a 3% do número de torcedores de um clube”, explica Tega. “O nosso app, por exemplo, me permite ter uma interação direta e monetizada com um torcedor nosso na Europa, por exemplo”, acrescenta Albarello.

“Monetização é só uma parte. É possível encontrar novas soluções para prevenção de lesões, por exemplo. Não há limite para o que a tecnologia e a inovação podem fazer”, afirma Tega.

ESPN