Quando o insalubre calendário pós-parada foi tomando forma, ficou estabelecido que alguns estaduais avançariam com suas datas se misturando às do Brasileiro, colocando alguns clubes desde o início em estado de alerta, especialmente o São Paulo, com a preocupação de cruzar novamente com o traiçoeiro Mirassol.

Mas, quem diria, o Mirassol dissolveu-se em meio à bacia de água sanitária e traumas do Morumbi, e o Tricolor vai bem no Brasileirão, empatando no sábado em Porto Alegre. Entretanto, se embarcarmos na audaciosa realidade do técnico Fernando Diniz onde enxerga-se o jogo em partes, ao levar em conta só o período após os 20 minutos do primeiro tempo, ou ao desconsiderar totalmente o gol do Inter, o São Paulo saiu com uma belíssima vitória de 1×0.

O pesadelo está justamente na sua menina-dos-olhos Taça Libertadores, menina-dos-olhos que parece ter se transformado numa hostil ex-namorada que fala mal dele para as amigas enquanto ri, sexy, distante e inacessível. Olhando pelo lado positivo, contra a LDU uma certa evolução chamou a atenção: quando os equatorianos atacavam, antes mesmo da conclusão da jogada os defensores são-paulinos já se dirigiam ao fundo do gol para buscar a bola, numa antecipação que proporciona o dinamismo que um treinador moderno exige.

Dessa forma, o São Paulo garantiu uma bela vitória no segundo tempo por 2 x 1, e agora só falta a diretoria lutar nos bastidores para que o regulamento, e por que não a realidade como um todo, sejam adaptados à visão revolucionária do seu técnico. Enquanto isso não acontece, na quarta-feira contra o River Plate, o Tricolor, caso não vença, precisará reverter um saldo de 11 gols em relação aos argentinos. Felizmente, a moderna equipe de Diniz proporciona jogos com muitos gols, mas infelizmente a maioria tem sido contra o São Paulo.

Destaque da Semana: Dani Alves

Daniel Alves em lançamento do perfume de Neymar  - Edward Berthelot / Getty Images  - Edward Berthelot / Getty Images

O que poucos sabem é que o jogo contra o Inter poderia marcar a volta de Alexandre Pato ao futebol, que estaria jogando escondido no Colorado, clube que o revelou dessa forma, escondendo-o do mundo, portanto conhece essa posição onde ele se sente mais confortável. Mas quem reapareceu recuperado, ou não, foi o meu Destaque da Semana, um atleta que só não é considerado o homem mais humilde do mundo porque é humilde demais para aceitar esse título: Daniel Alves.

Uma personalidade tão extravagante e complexa que inaugurou o conceito de “humildade ostentação”, que é quando a humildade do ser humano é tão humilde que não pode ser percebida a olho nu, então tem que ser gritada ao mundo inteiro o tempo todo. Fontes próximas (a mim, não ao atleta) revelaram que quando uma pessoa em situação de rua lhe pede dinheiro, ele não só se recusa a dar, como passa ele a pedir dinheiro ao morador de rua, tamanha sua humildade.

Acerca da polêmica médico-percussiva em seu braço direito, que quase o tirou também do jogo de sábado, não me omitirei de uma abordagem ainda mais polêmica. Até porque quando acordo de manhã, eu mergulho numa piscina de polêmicas, inclusive bebendo um pouco da água dessa piscina, que vem misturada com cloro, diversos outros produtos químicos e alguns insetos que morreram afogados ou intoxicados durante a noite. Depois eu tusso compulsivamente e vou escrever minhas polêmicas.

Então tenho muita clareza em meu organismo desinfetado para dizer que Dani Alves fez certo em optar por seguir o cauteloso protocolo da pandemia e não embarcar com a delegação numa viagem de Libertadores, uma competição de aglomeração por excelência, com suas simpáticas brigas, apedrejamentos de ônibus e cachorros em campo. Em vez disso, o experiente jogador se isolou socialmente dentro de um grupo de pagode, com o cuidado de documentar todo o seu árduo processo fisioterápico alternativo que buscou num intenso movimento percussivo a sua pronta recuperação.

Desse modo, a previsão é que o atleta, mesmo tendo estado em campo no Beira-Rio, só atinja seu auge físico na hora certa e na função em que ele brilha mais, que é usando o braço 100% recuperado para fazer postagens desconexas logo após a próxima eliminação do clube – e o jogo contra o River pode cair como uma luva nesse planejamento. Entretanto, no tumultuado ambiente tricolor, há quem diga que Daniel já planeja sua saída do Tricolor, o que surpreendentemente tem gerado poucas sondagens, talvez pelo temor no mercado que o atleta traga, acompanhado de brinde, seu protegido Fernando Diniz.

Do ponto de vista da exótica fauna política do Morumbi, a melhor forma de encerrar de vez a polêmica seria se inspirar no Presidente do Flamengo, que demitiu o funcionário responsável pela controversa foto da equipe sem máscara, ou seja, demitir a banda de pagode que fez as postagens, nem que para isso eles tenham que ser contratados pelo clube, para depois sim, sumariamente demitidos.

Mensagem do Cerginho para coluna do Craque Daniel - Reprodução - Reprodução

Craque Daniel é apresentador do Falha de Cobertura, (supostamente) ex-jogador, empresário de atletas e inocentado de todas as acusações feitas contra ele. (Personagem interpretado por Daniel Furlan, um dos criadores da TV Quase, que exibe na internet o Falha de Cobertura e Choque de Cultura.)