O primeiro tempo do São Paulo no Morumbi contra o Fluminense foi muito abaixo do desempenho no mesmo período contra o Atlético Mineiro na quinta-feira. Menos intensidade no perde-pressiona e velocidade na circulação da bola. Problemas que pouco tinham a ver com a ausência do lesionado Pablo, substituído por Vitor Bueno.

O Fluminense, porém, aproveitava pouco as deficiências do adversário pela falta de profundidade no ataque sem Evanilson, suspenso. Wellington Silva entrou pela esquerda, liberando Marcos Paulo para fazer companhia a Nenê na frente. Mas o ponteiro apareceu bem cortando para dentro e finalizando forte no gol do time carioca.

Aproveitando falha de Igor Vinicius, que apareceu no momento bizarro da arbitragem que já está virando rotina: Paulo Roberto Alves Júnior marcou pênalti absurdo de Luccas Claro sobre o lateral são-paulino, com o auxiliar sinalizando a clara falta do atacante no defensor. O árbitro marcou já pedindo para esperar e colocando a mão na orelha. Nenhuma segurança e muita vontade de aparecer.

Minutos de jogo perdidos para o VAR confirmar o óbvio. Com a desvantagem no placar, a previsão era de que a equipe de Fernando Diniz se desmanchasse mentalmente, como tem acontecido com frequência. Muita pressão por anos sem títulos mina a confiança de qualquer grande time e o São Paulo vem sofrendo com este cenário.

Mas as mudanças do treinador viraram tudo do avesso. Juanfran entrou na lateral dando maior solidez defensiva com um posicionamento mais conservador, o mesmo com Reinaldo do outro lado. Tche Tche ficou fixo na proteção e liderando a saída de bola. A grande transformação, porém, se deu no quinteto ofensivo. Com Igor Gomes na vaga de Hernanes e Brenner no lugar de Paulinho Bóia. Ao invés de um 4-2-3-1 engessado, um 4-1-4-1 com muita mobilidade e, principalmente, personalidade para se impor e virar em oito minutos. Com Brenner na bola parada e um “arrastão” tricolor até Luciano tocar para as redes no rebote do chute de Brenner na trave.

O belo chute com efeito de Vitor Bueno decretou os 3 a 1, facilitados pelo Fluminense, que se desorganizou e perdeu intensidade com Ganso e empurrando muita gente para frente: Felippe Cardoso, Luiz Henrique e Fernando Pacheco se juntando a Nenê, O time de Odair Hellmann sempre funciona melhor quando é consistente no meio-campo mais preenchido.

Ainda assim, equilíbrio nas estatísticas: Flu com 51% de posse, 12 finalizações contra 14. Quatro no alvo contra três do São Paulo, as que foram às redes. Eficiência que vinha faltando, assim como a intensidade que teve como efeito colateral as 20 faltas cometidas, contra 13 do Flu.

A melhor notícia do Morumbi, além do resultado que mantém o time na vice-liderança, foi a capacidade de reação. O segundo tempo deve ser referência para a sequência da temporada, inclusive na dinâmica de jogo e no acerto das substituições. Coisa rara na “Era Diniz”.

André Rocha – UOL