Legado: o que uma pessoa deixa em testamento; o que é passado às gerações que se seguem.


          A eliminação vexatória do SPFC contra o catado do Mirassol foi a última chance de Leco conquistar um título como presidente do clube, uma vez que o Brasileiro, a libertadores e Copa do Brasil se encerram após o fim do seu mandato. Desde a conclusão do Morumbi, em 1970, o São Paulo nunca ficou mais de anos sem conquistar um título. Em dezembro, o clube completará 8 anos sem uma conquista, 5 sob a presidência de Leco.
           Ao longo de 90 anos, o SPFC teve dirigentes que deixaram legados positivos para várias gerações de torcedores. A ousadia na contratação de grandes nomes, como Leônidas da Silva, que fez o clube dominar a década de 40. Laudo Natel,que que nos deixou recentemente, publicou o balanço financeiro do clube nos anos 50, algo que só se tornou obrigatório por meio de lei federal 50 anos depois. Laudo, junto com Cícero Pompeu de Toledo e outros dirigentes construíram o Morumbi.
           No fim dos anos 80, foi lançado o Projeto Tóquio, que visava conquistar o Mundial de Clubes via Libertadores. Graças a conquista do torneio de 92, todos os clubes brasileiros criaram o seu Projeto Tóquio e começaram a valorizar o torneio continental.Em 1998, o São Paulo lançou o Sócio Torcedor, onde o torcedor escolhia um plano e tinha desconto em ingressos e produtos oficiais. No fim de 2003, foi criado o REFFIS, centro moderno de recuperação de atletas. Em julho de 2005, foi inaugurado o CT de Cotia, um centro de excelência na formação de atletas. O clube foi o primeiro em se adaptar a Lei Pelé e o fim da Lei do Passe, contratando bons jogadores em fim de contrato ou em litígio na justiça por não pagamento de salário ou depósito do FGTS.
             Tudo isso resultou em títulos e no crescimento da torcida. Em 1983, o São Paulo tinha a sétima maior torcida do país. Dez anos depois era a terceira. No espaço de 20 anos, o SPFC se tornou o clube brasileiro com mais títulos internacionais, 12, gerando confiança e autoestima ao torcedor.
               Infelizmente, a falta de renovação no Conselho e a sede de poder corroeram a instituição nos últimos anos. Mandaram embora profissionais competentes, achando que a estrutura ganhava sozinha. Juvenal Juvêncio, com passagens vitoriosas como diretor de futebol e um bom começo como presidente na sua 2ª passagem, deu um golpe no Estatuto, que lhe garantiu um terceiro mandato. Nesse jogo de vários erros, Leco chegou ao poder.
                 Leco foi um péssimo diretor de futebol entre abril de 2002 e maio de 2003. Teve autonomia e dinheiro em caixa, mas torrou grande parte contratando Osvaldo de Oliveira, Jorginho Paulista, Ameli e Régis. Leco saiu e o time melhorou. Forte na política interna,assumiu a presidência do clube de forma interina com a renúncia de Aidar, terminou o que restava do mandato e se elegeu para o mandato de 3 anos. Encontrou um clube endividado, sem credibilidade, com problemas institucionais, esportivos e de imagem. Vai deixar o clube igual em alguns aspectos e pior em outros.
                  Na parte esportiva, nunca houve tantos vexames. Duas brigas contra o rebaixamento no Brasileiro, eliminações em competições continentais para times argentinos sem tradição (Defensa y Justicia, Colón e Talleres) e Audax e Mirassol no Paulista. Soma-se a isso a falta de bastidor na FPF e CBF, sendo prejudicado com frequência pela arbitragem, a pouca força institucional pra pressionar o poder público a fazer melhorias na região do Morumbi pra evitar alagamentos na região e impedir o tombamento do estádio, dificultando a viabilização de reformas profundas. 
                    No marketing, é notória a falta de capacidade em obter receitas , com o diretor remunerado achando o máximo fazer foguetório ensurdecedor na entrada da equipe e vendendo copo comemorativo. A carência de títulos fez com que parte da torcida idolatre jogadores com qualidade técnica duvidosa, que poste frases de autoajuda e versículos da bíblia em rede social. 
                    Em 2017, o SPFC ganhou um novo Estatuto, que prometia transformações, mas que foi usado pra remunerar conselheiros em troca de apoio. Houve a utilização do populismo, trazendo ídolos pra usar como escudo. Teve também a falta de transparência,com a protelação em atender os questionamentos dos conselheiros a respeito de contratos suspeitos e o aumento no gasto com as comissões pagas a empresários, a constante troca de diretores, remunerados ou estatutários, de treinadores com variados pensamentos de jogo, a venda precoce e barata de Neres, após 8 jogos disputados.
                  Às vésperas da estreia no Brasileiro, o pessimismo toma conta. O clube está quebrado financeiramente, com constantes atrasos no pagamento do salário e precisando vender jogadores promissores pra pagar reservas caros. Se tivesse o mínimo de vergonha na cara, Leco renunciaria agora e as eleições seriam antecipadas, dando o mínimo de perspectiva com uma nova diretoria com alguma energia.Mas você acha que Leco abriria mão de 30 mil reais de salário?
                   O SPFC que nós conhecemos só existe no You Tube e nas revistas do passado. Leco deixará como legado a falta de transparência, o conflito de interesses, a manipulação, a alienação e a celebração da mediocridade de parte da torcida via departamento de comunicação, uma dívida imensa e principalmente a perda de autoestima, o otimismo e a fé do torcedor são-paulino.
                    Faltam 146 dias para o fim do mandato do pior presidente da história do São Paulo Futebol Clube, Leco, o Marechal da Derrota.
                    Rafael de Albuquerque                     https://twitter.com/rafa_sjc1930