Fernando Diniz fica ou sai após o vexame histórico do São Paulo diante do Mirassol, ontem? Diz o histórico do futebol brasileiro e do próprio São Paulo que sairá. Anote aí. Desde o último título, aquela Sul-Americana de 2012, a lista de homens que treinaram o São Paulo: Milton Cruz (várias vezes), Paulo Autuori, Muricy Ramalho, Juan Carlos Osorio, Doriva, Edgardo Bauza, Ricardo Gomes, Pintado, Rogério Ceni, Dorival Júnior, Diego Aguirre, André Jardine, Vágner Mancini, Cuca e Diniz. Desde 2015, ano da primeira eleição de Leco à presidência, já são nove treinadores, sem contar interinos.

É óbvio que o buraco é mais embaixo do que encontrar o treinador ideal. A derrocada começou quando o clube (toda a instituição, de cima abaixo) realmente se sentiu soberano. Uma empáfia, uma arrogância, pouco condizentes com a realidade.

O fato é que a fila é muito incômoda e, na real, desconhecida da esmagadora maioria de são-paulinos e são-paunilas vivos. O São Paulo habituou-se a estar sempre lá, a ganhar alguma coisa e viver tirando sarro dos outros – secas e quedas palmeirenses, Corinthians sem estádio, etc, etc, etc. A fila é um momento difícil para qualquer torcedor, mas especialmente para o tricolor. Ele tirou muito sarro e por muito tempo, então está sendo proporcionalmente zoado.

Só um título, qualquer que seja, vai clarear um pouco as coisas. Porque, por estrutura e grana, o São Paulo tem que estar ao lado de Flamengo, Palmeiras e Corinthians lutando por todos os títulos importantes todos os anos. Mas, enquanto a zica não acabar, não dá para entrar nesse tipo de conversa. Um título pode vir de várias maneiras. Ou com planejamento ou com sorte. O São Paulo precisa de algum tipo de continuidade, algo que simplesmente não teve na gestão Leco. Pode ser com Diniz, pode ser com outro, mas precisa ter continuidade. E continuidade significa escolher um tipo de trabalho, perder e seguir, perder e seguir, perder e seguir, acreditar, confiar, até que um dia o sucesso vem.

Ou então precisa contar com a sorte. Ganhar um torneio de mata-mata em um golpe de boa fortuna, jogos que encaixem, as coisas dão certo por algumas semanas e pumba, a fila acaba. O Palmeiras quebrou o jejum em 93 e o Flamengo quebrou o jejum internacional ano passado à base de muito dinheiro. Vão montando grandes times, uma hora dá certo. Outros foram na base da continuidade, como o Corinthians na Libertadores. O São Paulo não parece estar nadando no dinheiro e nem parece estar com muita sorte. A melhor aposta seria a da continuidade.

Mas a cartolagem, que nunca aguentou esse tipo de pressão, vai aguentar desta vez?

UOL