Um dos maiores jogadores de futsal da história, Falcão falou em entrevista ao portal UOL sobre sua passagem pelo São Paulo no futebol, entre janeiro e abril de 2005, ano em que o clube ganhou o Paulista, Copa Libertadores e Mundial.

“O que era para ser ruim aumentou a expectativa ainda mais. E qual é a sequência natural disso? Jogou dez minutos? Próximo jogo vai jogar 15. É normal que qualquer treinador faça isso. No dia seguinte, todos os programas esportivos do Brasil e do mundo dando uma repercussão muito grande e aquela expectativa: ‘Falcão vai ser titular no próximo jogo? Não vai ser titular? Vai jogar mais, vai jogar menos?’. No próximo jogo, o que aconteceu? Fui cortado”, disse a lenda do futsal, ao portal.

Falcão pouco foi utilizado por Emerson Leão nas partidas, entrando apenas nos minutos finais de alguns jogos e tendo uma oportunidade como titular que durou 45 minutos.

“Quando eu fechei com o São Paulo, eu fechei com o presidente. E o presidente fechou comigo sem ter avisado o treinador. Se eu sou o treinador, eu também ia ficar chateado porque, pô, eu sou o treinador e vai me empurrar um jogador? Então acho que começou errado. E ainda mais sendo o Leão. O Leão tem essa coisa, ‘passou por cima de mim’. (…) Tem algum momento que vira essa página, sabe? E nunca teve isso”, lembrou o ex-jogador.

“Minha cabeça começou a inverter. ‘Pô, para que eu tô aqui passando por isso?’. Eu queria estar naquele ambiente de jogo, jogar ou não é opção do treinador. Eu pensei: ‘Acabei de ser melhor do mundo e estou aqui nem sendo relacionado?’. Pelo fato de ter o plano B, comecei a ver o lado ruim da coisa. No terceiro mês, já estava decidido a voltar. Eu tinha um contrato de seis meses, renovável por mais três anos. O São Paulo pôs na mesa uma oferta, até porque eles sabiam que o Leão ia sair. Tanto que ele saiu na terça, eu saí na quarta”, completou.

No dia seguinte a esse jogo como titular, Falcão foi dispensado. Com a chegada de Paulo Autuori após a saída de Leão, ele revelou que recebeu uma proposta para voltar, mas rejeitou.

“O Paulo Autuori, quando assumiu, veio falar comigo, porque eu voltei para Jaraguá, estreei no sábado e me machuquei. Aí vim tratar no CT do São Paulo e fizemos uma reunião eu, Paulo Autuori, Marcelo Portugal Gouvêa e Juvenal Juvêncio. E o Paulo Autuori falou: ‘Vem. Comigo você vai jogar. O Milton Cruz fala muito bem de você. Eu acompanhei, quero que você fique, quero que você fique, senão a gente vai contratar outro’. E aí eu falei que estava decidido que não ia voltar. Foi uma opção minha, e eu vejo como uma passagem positiva, não vejo como negativa, não”.

Falcão disse que não se arrepende do período no São Paulo.

“Não vejo como uma história frustrante da minha carreira, não. Eu vejo como uma história a mais para contar. Ter vivido o ambiente do futebol, ter sido um jogador de futebol, ter jogado no estádio lotado, gritando o meu nome. Eu pude sentir todas essas emoções, foi muito bacana. A única frustração é assim: poderia ter jogado mais? Poderia. Claro eu que poderia, eu mostrei que poderia. Mas também tem aquela coisa. E se eu não fosse bem? Talvez ia ser assim, realmente, como ‘não deu certo no futebol’. E não é isso. Eu voltei para o futsal porque quis”.

O ex-jogador disse que também se considera campeão da Libertadores e tem até medalha de vencedor da competição.

“Eu fui para o banco três jogos e joguei um. E eu saí por opção. Tanto é que o Marco Aurélio Cunha [dirigente do clube à época] fez questão de me mandar a medalha. Eu não fui dispensado ou troquei de time. Até ele falou para mim que era como se eu tivesse lesionado. Porque eu fui para o futsal, não fui para um time concorrente, para fora do Brasil. Até eles me consideraram. Então, considero, por ter jogado e por não ter trocado de clube de futebol. Fui campeão paulista e sempre coloco que fui campeão da Libertadores também”.

ESPN