O São Paulo já vive clima interno com projeções para a eleição à presidência, no final do ano. O presidente Leco terminará o mandato e deixará o clube. Júlio Casares, integrante do Conselho de Administração, já confirmou sua candidatura. Pela oposição, Marco Aurélio Cunha pode ser o indicado.

blog entrevistou o Coordenador do Futebol Feminino da CBF e Conselheiro do SP. No papo exclusivo, Marco Aurélio admitiu a vontade de concorrer e avaliou a gestão de Leco e Raí à frente do tricolor.

O Sr. é candidato à presidência do SP?

Poderia dizer que sou um pré-candidato. Respeito todos os ritos das pessoas que estão organizando os grupos da oposição. Há dissidentes da gestão do Leco e muitos conservadores também. Por que seria eu o candidato? Tenho que respeitar todas as ambições dos outros. Sou são-paulino igual a eles, conselheiro como eles. Poderá ser eu ou outro. Não tenho nenhuma obsessão. Tenho o objetivo de ajudar meu clube e os torcedores. Tenho que me submeter as escolhas, sou uma ótima candidatura, mas há também outras ótimas candidaturas. Espero uma definição daqui um mês, dois meses, para que tenhamos uma chapa forte, coesa, segura, que apresente propostas que já existem para a gente conduzir o SP de maneira ética e correta, sabendo das dificuldades que iremos enfrentar com déficit e dívidas. Temos patrimônio sólido com estádio excelente, CT de Cotia e Barra Funda. Quem tem medo, não vá. Eu não tenho medo de nada.

O Sr. tem ressalvas ao presidente Leco?

Ninguém merece sofrer situação alguma. É uma gestão que decepcionou. Eu apoiei o presidente Leco porque eu imaginava que o grupo onde eu estava fosse mais solicitado. Do contrário, se cercou de novos diretores, deu espaço para muita gente, que hoje está com ele. Esse grupo é o “Centrão” do SP e faz a gestão da candidatura de Situação do SP. Tenho impressão de que o presidente ficou confinado com seus poderes cedidos. A responsabilidade é de todo mundo que está na gestão. Os resultados do futebol são decepcionantes, acertou um pouco o time com o Diniz, mas a situação financeira é difícil. Não trabalhei nesta gestão nenhum dia nesses quatro anos.

Como avalias o trabalho do Raí?

Todo mundo só vê os resultados. Tem trabalho lá dentro com renovações de contratos de jogadores, bom ambiente interno. Ele não é culpado dos resultados pífios dentro de campo. Ele não joga mais. Poderia ser melhor, tenho muita amizade com ele. Acho que tem que terminar o ano nesta função. Como símbolo do clube, Raí não merece ser machucado.

O Sr. acha que o SP tem que abrir votos para os sócios-torcedores na eleição à presidência?

O SP chegou onde chegou com Morumbi, CT de Cotia, Barra Funda, com esses conselheiros. Então, ele era antidemocrático e eficiente, chegando a 20 milhões de torcedores com essas pessoas. O sócio-torcedor poderia ter uma participação desde que ele cumprisse alguns ritos como o sócio patrimonial. Qual a segurança de que o sócio-torcedor vá continuar, quando ele é sazonal, dependendo da necessidade? O SP tem um filtro que é o Conselho Vitalício, conservador demais é verdade com suas vantagens ou não. Se abre para o sócio-torcedor votar, aí três, quatro mil votos e uma facção criminosa assume o poder. Isso pode acontecer. Na prática, esses processos democráticos podem ser ocupados por pessoas que não devem. Tem que ter um filtro e esse filtro é o conselho deliberativo.

O que o Sr. acha do volta do futebol?

A partir do momento que o STF determinou que quem decide é o Município, como você poderá confrontar aquilo que o STF determinou? Aí marcou em Campinas e lá a prefeitura decreta, aqui não. Acho um absurdo esse tipo de determinação. Deveria ser pela Confederação ou Estado. A pandemia é diferente em cada lugar. A gente tem que ter orientações mais precisas e que não fique na mão de uma pessoa só. Temos que esperar porque seguimos um rito do STF e municípios. Há outras questões como policiamento, se pode jogar com público. Como médico, na minha opinião, acredito que atleta tem que treinar. O físico é o elemento-chave da sua carreira. Eles podem fazer exames periódicos, aproveitando os campos dos CTs com atividades em grupos de quatro atletas para trabalhar velocidade, fundamentos, cruzamentos, controle de bola, cobranças de faltas. Se eles são saudáveis, sem risco de contágio num ambiente com higiene, por que eles não podem fazer isso? Chegam com uniformes, só usam o gramado, terminam e vão embora. Eles precisam treinar porque o índice de lesões pode ser grande depois, com a intensidade do jogo. Se a gente escalonar isso, os jogadores voltarão à forma ideal.

Marco Aurélio Cunha foi integrante da gestão de Juvenal Juvêncio e voltou ao SP por quatro meses, em 2016, quando o time estava ameaçado de rebaixamento na Série A. Além dele, a oposição tem Jaime Franco, Roberto Natel e Silvio Barros como postulantes à candidatura.

Alexandre Praetzel