O processo eleitoral do São Paulo está lançado. Enquanto a oposição define entre dois candidatos, Marco Aurélio Cunhe ou Roberto Natel, Julio Casares admite que sua candidatura já está sacramentada. “Agora estou me dedicando a formatar o plano de governança. Oportunamente, à frente, vamos apresentá-lo”, diz o candidato.

Em teoria, será o candidato da situação, já que faz parte do conselho de administração da gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Na opinião de Casares, o próximo mandato será o mais desafiador da história do São Paulo nos últimos 60 anos, depois da inauguração do Morumbi.

“Temos R$ 156 milhões de déficit e praticamente meio bilhão em dívidas, temos a pressão pela falta de títulos e, além disso, temos a saída da crise do coronavírus. Precisamos saber o custo e o impacto, como vai estar a TV, qual vai ser o tamanho do nosso desafio”, diz Julio Casares.

Na sua conta, já há entre 137 e 140 conselheiros comprometidos, de oito dos onze grupos políticos do São Paulo. O clube nunca foi assim, tão dividido. Uma parte do problema é aglutinar grupos diferentes sem usar cargos para manter o apoio. Em teoria, apesar de ser situação, Casares já tem apoio de conselheiros oposicionistas, como o ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta.

“Fico lisonjeado, feliz, por reunir tanta gente em torno do meu nome. Estou escrevendo o plano de governo, que deve ser como um plano diretor. Uma linha mestra, que terá como base a meritocracia”, afirma Casares.

A oposição divide-se entre Marco Aurélio Cunha e Roberto Natel, sobrinho de Laudo Natel, ex-governador de São Paulo e presidente do clube entre 1958 e 1970, com exceção de seis meses entre 1966 e 1967, período em que assumiu o governo do Estado de São Paulo em substituição a Adhemar de Barros, cassado.

Um dos grandes desafios do próximo mandato é aglutinar um clube que pela primeira vez na história divide-se em onze pequenos grupos. O último mandato de consenso foi o de Carlos Miguel Aidar entre 1984 e 1986. No segundo mandato, houve a ruptura, ao se apontar Juvenal Juvêncio como candidato à sucessão. Antônio Leme Nunes Galvão rompeu e foi para a oposição.

Galvão perdeu a eleição de 1988 por um voto e voltou como cabeça de chapa em 1990. Seu grupo desbancou Juvenal Juvêncio, e Galvão, então, indicou José Eduardo Mesquita Pimenta para a presidência. A partir daí, como eminência parda, Galvão ajudou a eleger todos os presidentes do clube dos anos 1990. Dois mandatos de Pimenta, dois de Fernando Casal De Rey, um de José Augusto Bastos Neto, um de Paulo Amaral.

Galvão morreu em 2001 e, no ano seguinte, o grupo de Juvenal Juvêncio voltou ao poder, com Marcelo Portugal Gouvêa como presidente. Juvenal ocupou a liderança que antes era de Galvão, quase sem oposição, até a aprovação de seu terceiro mandato em 2009. A partir daí, começou a divisão política. O São Paulo passou a viver em grupelhos políticos, que mais se parecem com as histórias de Corinthians e Palmeiras no passado.

Coincidência ou não, a divisão em vários grupos políticos acompanha a seca de títulos.

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