O gerente executivo de futebol do São Paulo, Alexandre Pássaro, comentou a atuação da diretoria nos últimos anos, em entrevista ao GloboEsporte.com. Ele admite erros, mas considera o trabalho positivo a médio e longo prazo.

– No futebol hoje vemos uma parte do começo da conclusão desse trabalho, que é um time consolidado, uma equipe com praticamente todo mundo com contratos longos. Um time forte, e assim estava se provando nesse ano sem ter feito necessariamente nenhuma contratação. Apenas a compra de jogadores que estavam emprestados, como Igor Vinicius e Tiago Volpi, mas nenhuma contratação neste ano.

– Então tudo isso nos dá indicativos e sinalizações de que o trabalho que lá atrás talvez não estivesse tanto na vitrine, que não fosse tão possível de ver, hoje a gente consegue ver – disse Pássaro.

Em meio à fila de títulos do São Paulo desde 2012, quando o clube conquistou a Copa Sul-Americana, Pássaro descartou que o trabalho tenha sido finalizado.

– Se estamos satisfeitos? Não. Muito longe disso. Mas muito longe disso. A gente quer ainda continuar trabalhando muito para que a torcida do São Paulo e até o presidente (Carlos Augusto de Barros e Silva) Leco, que merece muito qualquer conquista que a gente venha a ter, tenham o que eles merecem e que não conseguimos durante todo esse tempo – completou o dirigente.

No fim de abril, o São Paulo divulgou balanço financeiro de 2019 com déficit de R$ 156 milhões. O clube investiu R$ 149 milhões na contratação de jogadores.

Os nomes citados no documento são: Tiago Volpi, Tchê Tchê, Pablo, Hernanes, Daniel Alves, Igor Vinicius, Everton Felipe, Léo e Vitor Bueno.

Questionado sobre se o clube passou da conta nos gastos, Pássaro disse o seguinte:

– Isso é muito relativo. Lógico que contratamos jogadores, treinadores, melhoramos nossa estrutura, e tudo isso buscando o troféu. Mas infelizmente não controlamos. Não existe uma linha que quem gastar mais ganha mais. Talvez o que acontece é o contrário. Aquele que começa a ganhar mais começa a ter receita de todos os lados para que ele continue gastando mais. Acho que o ciclo é um pouco ao contrário – afirmou Pássaro.

– Mas o que a gente fez foi, sim, um esforço que entendemos dentro do nosso alcance, aprovado por todos naquele momento, para melhorar o time do São Paulo. Tanto dentro quanto fora de campo. Em perfil de liderança, de pessoa e também esportivamente para que esse time pudesse ter mais chances. E mais homogêneo no sentido das pessoas, do caráter de cada um que está dentro do elenco hoje para que isso também fosse mais uma força para que pudéssemos buscar nossos objetivos: ganhar campeonatos – completou.

Pássaro citou o exemplo de Tchê Tchê. Segundo o balanço divulgado pelo São Paulo referente a 31 de dezembro de 2019, o clube tinha de pagar R$ 15,9 milhões ao Dínamo de Kiev (Ucrânia) pela compra dos direitos econômicos. O volante foi o jogador de linha que mais atuou em um ano.

– É um jogador que foi caro e em nenhum momento, ou pelo menos não conseguimos vislumbrar esse momento na frente, vamos entender o Tchê Tchê como um investimento que não valeu a pena se não ganharmos algum campeonato. Acho que são coisas diferentes. O Tchê Tchê é, sim, um investimento que valeu a pena porque ele tem uma relação custo-benefício gigantesca, porque ele joga praticamente todos os jogos, joga em mais de uma posição, tem um histórico com o Fernando Diniz, mas também é vencedor em outras equipes – disse.

– É lógico que se esse elenco conseguir chegar aos objetivos e comemorar um ou mais títulos no fim vai ser ótimo. Mas a fim de contratação não quer dizer por uma bola na trave que talvez bata e entre e outra que bata e saia que esse investimento não deveria ter sido feito porque a bola bateu na trave e saiu. Estamos felizes com o que montamos, e a partir do que montamos queremos continuar buscando o que vai nos deixar ainda mais felizes.

Globo Esporte

https://globoesporte.globo.com/futebol/times/sao-paulo/noticia/gerente-do-sao-paulo-avalia-erros-e-acertos-da-diretoria-se-estamos-satisfeitos-nao-muito-longe.ghtml

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