Marquinhos Cipriano foi uma das principais apostas do São Paulo nos últimos anos. Apesar de ter disputado apenas uma partida pelo profissional, pelo Campeonato Paulista de 2018, ele já havia chamado a atenção do mercado da bola. Após quase ser emprestado para o São Bento, ele não renovou o seu contrato com o Tricolor paulista e acertou com o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. No entanto, ficou o desejo de um dia voltar a vestir a camisa tricolor.

“Meu foco inicial é levar a minha carreira na Europa. É isso que penso neste momento. Dar continuidade a minha evolução, me firmar entre os titulares e crescer dentro do futebol europeu. Não nego para ninguém que tenho esse desejo, sim, de voltar ao Brasil e jogar os campeonatos nacionais e uma Libertadores. Se pudesse escolher, escolheria o São Paulo, que é um clube com o qual tenho um carinho muito grande. Minha família ficaria radiante se um dia voltasse para o São Paulo”, disse o jogador, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Na época, para liberá-lo antes do fim do contrato, o Tricolor paulista recebeu 1 milhão de euros como compensação financeira. Ele havia chegado ao Morumbi após o clube investir R$ 1 milhão para tirá-lo do Desportivo Brasil, em 2015. Pelo time do coração, ele esperava ter tido mais chance de mostrar serviço entre os profissionais.

“No futebol as coisas nem sempre saem da maneira que desejamos. Eu tinha o desejo de ter mais oportunidades, mas as coisas acabaram não acontecendo. Eu me destaquei muito na base com boas atuações e gols e isso fez com que equipes de fora olhassem para mim. A proposta do Shakhtar era muito boa e eu decidi por iniciar minha carreira na Europa. Digo boa não só pela parte financeira mas, principalmente, pela esportiva. Eles me apresentaram todo um projeto de longo prazo e tudo que foi prometido e vem se concretizando. Estou muito feliz”, completou.

Confira a entrevista com Marquinhos Cipriano:

Vida na Ucrânia

A adaptação ao Shakhtar foi rápida, tranquila e muito prazerosa. O clube possui uma legião de brasileiros jovens e experientes. Essa troca de experiências, na chegada, é muito importante. Facilita para encontrar casa, diálogo com a comissão técnica… Tudo! Além disso é um clube muito estruturado e com projetos bem definidos. Quando vim para cá sabia o que seria feito durante o tempo do meu contrato. Tudo prometido tem sido honrado até aqui.

Saudade

Ficar longe da minha família e das pessoas que eu mais amo. Estar longe deles é a maior o desafio a superar jogando em outro país. Sinto muita saudade e falta deles no meu dia a dia. Mas todos nós sabemos que é para o bem de todos.

Diferenças entre futebol brasileiro e europeu

Os jogadores são mais fortes fisicamente e a marcação é muito apertada. Você tem pouco espaço e é obrigado a pensar rápido. Decidir de maneira mais rápida a melhor jogada. É um ponto que tenho evoluído muito na minha carreira desde que cheguei aqui. Tenho de me posicionar melhor e quando a bola chegar já saber o que fazer. Pela força física dos jogadores e o pouco espaço durante os jogos, você acaba se vendo obrigado a entender o jogo melhor. Intensidade, marcação e posicionamento são grandes diferenciais do futebol europeu.

Gratidão ao São Paulo

Sou grato ao São Paulo pelo que fez por mim e sou realizado por um dia ter jogado lá. Não guardo mágoa nenhuma do clube. Muito pelo contrário. Procuro sempre acompanhar as notícias e tudo relacionado ao clube. Espero um dia poder voltar. Jamais serei ingrato. Ainda mais com um clube que tanto fez por mim.

Quarentena

Não tinha outra atitude a ser tomada. O foco agora é salvar vidas e preservar aqueles que nós amamos. Não é momento de pensar em eventos esportivos. Temos que focar em ajudar o próximo e ficar em casa. Aos poucos as coisas vão voltando ao normal e com isso iremos retornar a nossa normalidade. Ter tranquilidade e entender que o momento é de ter amor e carinho ao próximo.

Elenco com 11 jogadores brasileiros

Em termos de adaptação é maravilhoso. Facilita muito. Facilita a comunicação nos treinos e jogos, toda a logística fora de campo como procurar casa, motorista, melhores endereços, e, claro, a aproximação e companheirismo. Quando cheguei no Shakhtar, eu me senti bem a vontade desde o primeiro dia muito em virtude da quantidade de brasileiros que o elenco tinha. Não temos tratamentos diferentes. Somos iguais nos treinos e jogos. É apenas a filosofia do clube apostar em jogadores brasileiros.

Gosto por jogadores brasileiros

Eles gostam da ofensividade do brasileiro. A maioria dos atletas que chegam aqui, de brasileiros, é do meio para frente. Eles pensam o jogo de maneira leve e ofensiva, e em termos de ofensividade o brasileiro se adapta muito bem. Acredito que apostam em nós brasileiros por nosso futebol encaixar na filosofia de jogo que eles consideram a ideal.

Trabalho com técnico português

É ótimo. Com a gente, que é brasileiro, ele fala em português sim. É um facilitador. Ter esse contato direto com o Mister, sem precisar de tradutor, é muito bom para entender o que ele pede de maneira mais adequada.

Nota da redação: Luis Castro é o técnico da equipe ucraniana.

UOL