Aos 21 anos, Igor Gomes aparece como mais uma revelação das categorias de base do São Paulo. Um dos principais jogadores do meio-de-campo do time, o jovem é mais um atleta a sofrer com a paralisação das competições em razão do coronavírus, mas acredita em novos tempos após o término da pandemia. Cobiçado pelo Real Madrid e comparado ao ex-jogador Kaká, ele tem consciência que vivia grande ascensão no Morumbi e espera que em breve possa voltar aos gramados e manter o nível, sob o comando de Fernando Diniz.

Com muito mais tempo livre que o normal, Igor aproveita a família, seu vídeo-game e até se arrisca na cozinha, local em que, segundo ele, “é maneiro” ajudar sua mãe, dona Iracélis, no preparo dos pratos. Recentemente, um dos empresários do atleta, Wagner Ribeiro, chegou a manifestar interesse em negociá-lo com o Real Madrid, mas as conversas pararam em razão da covid-19. De acordo com a imprensa espanhola, o clube merengue estaria disposto a pagar algo em torno de R$ 290 milhões pelo jogador. Em entrevista ao Estado, Igor projeta o retorno do futebol em breve, comenta sobre o interesse do Real e destaca a importância do técnico Fernando Diniz para o elenco.

Antes da paralisação dos campeonatos, você vivia uma ascensão interessante. Teme que essa parada possa atrapalhar sua carreira?

Não acredito que vá atrapalhar. Claro que nós somos atletas de alta performance e ficar sem jogar e treinar pode atrapalhar um pouco o ritmo, mas, por enquanto, o período de paralisação está previsto para ser semelhante ao das férias. Teremos um período de readaptação no retorno, mas nada que possa prejudicar minha carreira. O grupo todo vinha em um momento muito bom e eu me incluo nisso. Tenho certeza de que temos condições de estar no mesmo nível quando tudo voltar ao normal.

O que tem feito em casa para não perder o físico e evitar ganho peso?

O São Paulo nos passou uma cartilha de trabalhos físicos e venho seguindo diariamente. São exercícios para serem feitos em casa mesmo. Então, estou tentando manter uma alimentação saudável e a rotina de exercícios para estar bem fisicamente quando as coisas voltarem ao normal.

Você acredita que haverá mudanças no futebol mundial? Digo, em relação ao calendário, negociações de jogadores…

Muita coisa pode mudar, claro. Assim como a sociedade num todo que vai repensar muitas coisas. E os responsáveis do futebol estão trabalhando para resolver as coisas da melhor forma possível. Mas o principal neste momento é a saúde de todos. Precisamos primeiro pensar em resolver o problema que o coronavírus vem causando ao redor do mundo. O futebol fica secundário neste momento.

Seu nome chegou a ser falado no Real Madrid e a informação é que a negociação parou por causa do coronavírus. O que você pode falar sobre o assunto? Pretende deixar o São Paulo agora?

Eu li as notícias e fiquei lisonjeado em ter meu nome cogitado em um clube como o Real Madrid, mas prefiro nem me envolver neste tipo de coisa. Meus empresários, juntamente com meu pai, são os responsáveis por essa parte. Eu mantenho meu foco no futebol, que é o que amo fazer e o queu sei. Eu sou jogador do São Paulo e ainda quero conquistar títulos e dar alegrias a essa torcida. Esse é o meu pensamento neste momento.

Fernando Diniz disse que dificilmente você vai permanecer por muito tempo no São Paulo, porque você tem um estilo de jogo diferente, que combina com a Europa. Como reage a um elogio desse vindo do treinador? Faz você repensar sobre uma possível saída?

No momento a minha cabeça está no São Paulo e em vencer por este clube. Conquistar títulos. Ouvir elogios do professor Diniz é algo que me deixa muito contente. Ele sabe o carinho e admiração que tenho por ele também. O professor é muito qualificado e está conseguindo acertar a equipe para que possamos brigar com chances em todas as competições que disputarmos – o São Paulo está classificado no seu grupo no Paulistão.

Você acredita que o adiamento da Olimpíada será melhor ou pior para você?

Acredito que foi uma decisão acertada. Como disse, neste momento, a questão profissional fica em segundo plano. Então não temos de pensar se será pessoalmente melhor ou pior para esse ou aquele jogador. O mais importante neste momento é a saúde de todos.

O que tem feito para passar o tempo?

O que tenho mais aproveitado para passa o tempo é ficar com minha família em Rio Preto, que por causa da correria as vezes dificulta vê-los com frequência. Mas no tempo livre, gosto de assistir filmes, séries e desenhos, gosto de ler, jogar baralho e jogar bola (dentro de casa) e ajudo minha mãe também na cozinha (risos). Acho bem maneiro.

E como estão sendo esses últimos dias? Que cuidados você tem tomado para evitar se contaminar pelo coronavírus?

O principal cuidado é o isolamento. No momento essa é a melhor maneira de evitar o contágio. Então todos aqui em casa estão seguindo isso. Estamos evitando ao máximo sair. Só vamos para a rua para coisas mais importantes, como mercado, por exemplo.

Tem conversado com os jogadores do São Paulo? Quem são os mais próximos?

Tenho conversado sim, com bastante gente. Mas os que mantenho mais contato são os garotos de Cotia (da categoria de base do clube), além do Tchê Tchê, Bruno Alves, Volpi, Bueno, o Pablo… pessoal todo em geral.

Estadão