Vocês já sabem muito sobre Fernando Diniz. Ele falou sobre suas visões de mundo, de futebol e sobre o São Paulo nesta entrevista exclusiva aqui. Já sabem também que ele enxerga o papel de Daniel Alves em seu time mais ou menos como era o de Xavi no Barcelona de Guardiola. Mas guardei para o final o pinga fogo. Não é adorável? Uma pergunta difícil, só uma resposta possível entre duas opções. O jogo rápido de perguntas e respostas nos mostra mais sobre o entrevistado do que imaginamos! Então vamos nessa, pinga fogo com Diniz:

– 1982 ou 1994?

82, sem dúvida.

– Messi ou Cristiano?

Messi (pausa). Como talento, Messi. Como exemplo de superação, Cristiano. Vale para 82 e 94 também, talento e superação. Eu falaria para o meu filho ser mais Cristiano. O talento não controlamos, o quanto colocamos de esforço, sim.

– Ganhar com sorte ou perder com azar?

Depende, né? Isso é relativo! Difícil essa hein… Tudo depende do contexto. Em uma final, em uma situação em que o resultado é o mais importante, quero ganhar sempre, claro. Mas pensando em longo prazo, prefiro perder um jogo com minhas convicções do que ganhar sem convicção alguma do que foi feito.

– O técnico com quem mais gostou de trabalhar

Foram três caras que gostei muito. Márcio Araújo, que hoje é meu auxiliar, Oswaldo de Oliveira e Vágner Mancini.

– O time mais legal em que jogou

O Fluminense da minha época… 2000, acho que era o ano.

– O time mais legal que você já viu

Barcelona do Guardiola

– Klopp ou Guardiola? (suspiro de dúvida…)

Guardiola.

– Pontos corridos ou mata-mata?

Olha, essa também é bem difícil. Pontos corridos são mais justos, mas o mata-mata tem uma característica, você consegue ter mais emoção. Para o espetáculo, mata-mata mais legal. Em tempos de discrepância de capital, o mata-mata dá também mais chance a quem tem menos. Fogo essa, hein! Eu gostava mais de jogar mata mata. Quando classificava oito, aqueles Brasileiros, chegava essa hora e era outra coisa, é um negócio doido, motivava muito os jogadores.

– O que é o jogo futebol para você?

Ele se confunde muito com a minha vida. O que proporcionou para mim. Me forjei como pessoa pelo futebol. Tive uma infância pobre, meu único brinquedo era uma bola, humanizei muito a minha relação com ela, está na base da minha existência. Minha maneira de jogar é uma maneira de retribuir o que ela fez e faz por mim. Era a bola ou a bola. Para mim, nunca foi a bola que entra ou que não entra. Eu tenho um apreço muito grande pela bola, que vai além disso. A bola é redonda como o mundo, nãoo tem cantos nem esquina, não é linear. É preciso ter muito apreço para controlar o incontrolável. O futebol é como a bola, está sempre girando, e só controla melhor quem se atira mais, quem tem mais coragem, capacidade de se atirar no desconhecido.

Julio Gomes – UOL