Quem está jogando mais bola no início de temporada do futebol paulista? Quem não responder que é o São Paulo é clubista. É um “não-debate”. O Santos de Jesualdo não é nem sombra do Santos de Sampaoli. O Corinthians de Tiago Nunes começou prometendo, depois despencou, veremos no que vai dar. O Palmeiras de Luxemburgo foi outro que deu boa pinta na volta da pré-temporada, mas hoje parece o mesmo time de Felipão e Mano – do jogo direto.

É até natural que o São Paulo esteja melhor entre os quatro. E a explicação passa por vários fatores: manteve o técnico, manteve o elenco e é o único que não se propôs a radicalizar em 2020.

Fernando Diniz é um bom técnico com ótimas ideias, apesar de tanta gente adorar odiá-lo. Tal visão de jogo é condizente com o bom futebol jogado por aí nos grandes centros. E os jogadores, especialmente os caciques do elenco, compraram a ideia, estão fechados com o treinador. São jogadores de peso, de mais peso do que os encontrados nas outras agremiações paulistas. A única coisa que joga contra o São Paulo é o próprio São Paulo. A seca de títulos, os anos de fracassos, a desconfiança da torcida e uma parte da diretoria e da imprensa que é tão histérica quanto a arquibancada.

Não fosse esse cenário todo interno, o São Paulo estaria sendo considerado o grande favorito para o Paulistão e, talvez, o grande adversário do Flamengo na temporada. Mas a desconfiança só será quebrada mesmo quando vier um título, e o caminho para isso ainda é muito longo.

O Palmeiras também tem um elenco forte, o problema é que vai ficando cada vez mais claro que é um elenco que se sente mais confortável mesmo praticando o jogo direto que agradava aos treinadores anteriores. O caminho de Luxemburgo é longo, e o clube precisa pensar na temporada toda, não na fotografia do momento. No momento, no entanto, não é um time que joga bem.

O Corinthians vive a tentativa de se encontrar com o futebol, após tantos anos de divórcio. Não é fácil, vamos ver o que Tiago Nunes vai conseguir fazer neste mês, que virou uma pré-temporada, pela ausência na Libertadores. No meu ponto de vista, o material humano está bem abaixo do material à disposição de Diniz e Luxa.

E o Santos sofreria inevitavelmente após a saída de Sampaoli. O time é bem medião, a diretoria não sabe para onde ir, há muitas dúvidas sobre a contratação de Jesualdo e sobre a permanência dele. O ideal seria deixar o trabalho prosseguir, mas não tem pinta de que será assim.

O bom futebol do São Paulo se traduz em um jogo agradável de se ver, muitas chances de gols criadas e, ultimamente, gols e bons resultados. Mas todos sabemos que a paz dura até a próxima partida – e a próxima partida é de Libertadores. No Paulistão, tem mata e mata-mata, a coisa fica mais aleatória.

Não acho, como disse o grande Juca Kfouri, que o São Paulo seja o melhor preparado para a Libertadores. Porque o ambiente é de fio da navalha, só pode ser considerado preparado quem tiver altivez nas derrotas – o clube não tem. Mas, em termos de bola, ninguém joga mais do que o São Paulo por essas bandas.

UOL