A vitória por 2 a 1 sobre o Internacional no Morumbi pela penúltima rodada do Brasileiro garantiu o São Paulo na sexta colocação e a última vaga direta na fase de grupos da Libertadores 2020. Feito comemorado com empolgação por jogadores e dirigentes. Exagero para um gigante tricampeão sul-americano, mas o contexto ajuda a explicar.

2019 começou com Flórida Cup e disputa das fases classificatórias para o torneio continental. Eliminação para o Talleres na segunda etapa e, em fevereiro, o São Paulo já estava em crise e sem treinador, após a saída de André Jardine. Era importante não ficar de fora da Libertadores, mas de preferência fugindo do evento traumático e que sempre compromete qualquer planejamento pela obrigação de queimar etapas na preparação.

Pode ajudar muito uma equipe que ganhou reforços e trocou de treinador durante a principal competição nacional e Fernando Diniz, o atual responsável pelo comando técnico, encarou uma sequência de jogos desde a estreia com a retranca que foi obrigado a fazer para conter o então líder Flamengo no Maracanã no empate sem gols. Um returno insano, com jogos de quatro em quatro dias na média e sem tempo para treinamentos.

Agora há pré-temporada, base montada e técnico mantido. Só não há paz, em um clube sempre enfiado em turbulências políticas. A mudança da data de reapresentação do dia seis para oito gerou protestos contra um grupo, ou parte dos jogadores, que carrega a fama de preguiçoso, acomodado. Objetivamente não muda nada e pode ser usado como combustível.

Para a mudança tão desejada pelos tricolores. Um time consistente, trabalhando com conceitos atuais, mas também brilho nos olhos para tirar o São Paulo deste “limbo” em que se enfiou. Sem títulos desde a Sul-Americana de 2012, mas também sem um “fundo do poço” – como o rebaixamento, por exemplo – para virar tudo do avesso. Tudo muito morno.

Melhor seria contar com todos os atletas na preparação, mas a seleção pré-olímpica, comandada por André Jardine, levou Antony, Igor Gomes e Walce, que sofreu lesão grave no joelho e deve ficar oito meses sem jogar. Ainda assim, é possível encontrar, enfim, o melhor posicionamento para Daniel Alves  – este blogueiro segue acreditando que o jogador multicampeão deve ser um “oito” com a camisa dez – e completar a adaptação de Juanfran ao futebol brasileiro.

Também recuperar o melhor desempenho de Pablo e fazer Hernanes e Alexandre Pato contribuírem mais coletivamente. Ainda equilibrar juventude e experiência afirmando jogadores como Helinho e Shaylon e aproveitando os jovens das divisões de base. Por fim, o próprio Diniz amadurecendo as ideias e consolidando uma proposta de jogo dentro do que o treinador acredita, mas adicionando intensidade e competitividade que vêm faltando em seus trabalhos na Série A. A insistência nos primeiros treinos para o time reagir rápido e ser agressivo após a perda da bola para tentar recuperá-la é um bom começo.

A grande contratação até aqui foi a aquisição definitiva do goleiro Tiago Volpi. Nada excepcional, mas ao menos resolve um problema na meta desde a aposentadoria de Rogério Ceni. O principal “reforço” são-paulino, porém, é o tempo. Diante de tantas urgências, especialmente da torcida, a paciência pode ser a maior aliada do clube na temporada.

UOL