O são-paulino vai encerrar mais um ano sem saborear um título. A diferença desta vez é que a temporada não foi dominada por um rival, o que pressupõe requinte de crueldade. 2019 foi o ano do Flamengo, e não do Corinthians ou do Palmeiras, como vinha acontecendo. Serve de consolo?

Para começar, não vai rolar presente de Natal, como os clubes mais abastados já estão anunciando. Pelo contrário: a missão do São Paulo até 31 de dezembro não é comprar, e sim desesperadamente vender jogadores – para amenizar o rombo que ameaça a viabilidade financeira do clube.  (Até aqui, só mantendo as peças).

Antony? Liziero? Igor Gomes? Qualquer um deles. Desde que paguem à vista. Cotia serve para… Complete a frase.

O São Paulo, do presidente Leco, tornou-se um clube que vende sempre e não vence nunca, numa espécie de ciclo vicioso destruidor.

Leco vai para o seu quinto ano no comando, o último do seu longo mandato (!). Até agora colecionou fracassos. Não tirou o time da fila, não resolveu as finanças, não trabalhou nos bastidores, não contratou bem, vendeu gente demais, não conseguiu bancar um treinador sequer, chamuscou ídolos eternos como Rogério Ceni, Lugano e, principalmente, Raí.

Sua imagem só não está mais arruinada, porque o departamento de comunicação do São Paulo funciona melhor que o resto. E consegue muitas vezes “limpar sua barra”. Foi com a benção da mídia, por sinal, que Leco chegou ao poder, sucedendo Carlos Miguel Aidar – até então considerado o pior presidente da história do São Paulo (ele que foi um sucesso absoluto nos anos 80…), afastado antes mesmo de concluir seu governo.

Leco tem em 2020 a sua última chance. E terá de ser muito melhor do que foi nos quatro anos anteriores para tentar aproveita-la. 

A única garantia do São Paulo até agora para o ano que vem é o seu torcedor, e a química que ele tem com a Libertadores, por exemplo.

Os dois principais desafios de Leco estão interligados: finanças e o sucesso do time. Em termos financeiros, a estratégia já foi lançada: vender rápido, de novo, as joias da base e empurrar dívidas, como a contratação de Vitor Bueno, por exemplo, para o próximo presidente. Em termos esportivos, a decisão foi manter a diretoria e o técnico Fernando Diniz.

Leco tem 12 meses para escapar de um título indigesto: o de pior presidente da história do São Paulo Futebol Clube. Você acredita nele?

Arnaldo Ribeiro