O São Paulo tinha até 31 de dezembro de 2020 para comprar Vitor Bueno, meia-atacante de 25 anos que pertencia ao Santos e estava emprestado ao Tricolor até esta data, mas se antecipou e já assinou com ele um contrato definitivo válido até dezembro de 2023. Em troca, cedeu ao Peixe o atacante Raniel, também de forma definitiva.

O motivo principal desta negociação foi a satisfação do São Paulo com Vitor Bueno, que chegou no último dia da janela de transferências internacionais, em abril, e deslanchou depois da chegada de Fernando Diniz. Jogando aberto pelo lado esquerdo e com liberdade para chegar à área, posição em que Cuca o utilizou poucas vezes, Vitor tornou-se um dos atletas com maior poder de decisão da equipe: com Diniz, marcou quatro gols em 16 jogos, sendo 12 como titular; com Cuca, tinha dois gols em 13 partidas, sendo sete como titular.

Esses seis gols fizeram dele o artilheiro do São Paulo no Brasileirão e o segundo maior goleador do elenco em 2019, atrás apenas de Pablo, que marcou sete. O comportamento de Vitor Bueno no dia a dia também agradou: ele é visto internamente como um jogador discreto aos olhos do público, mas bastante envolvido com o clube e auto-confiante.

O segundo motivo para a negociação acontecer – mas não menos importante – foi a decepção do São Paulo com Raniel. Contratado do Cruzeiro em julho para ser o centroavante que Cuca pedia insistentemente – embora a primeira opção do treinador fosse o argentino Juan Dinenno, do Deportivo Cali -, Raniel marcou apenas um gol em 14 partidas pelo Tricolor e foi desfalque algumas vezes por problemas médicos. A avaliação interna era de que ele não dava sinais de que poderia render muito mais a partir de 2020.

Como o São Paulo ainda tem 3 milhões de euros (mais de R$ 13 milhões) para pagar ao empresário André Cury, que emprestou o dinheiro para a compra de Raniel, a diretoria resolveu unir o útil ao agradável e ofereceu o jogador ao Santos em troca da aquisição em definitivo de Vitor Bueno. Dessa forma, a dívida de 3 milhões de euros continua, mas na prática torna-se um pagamento por um atleta bem avaliado (Vitor Bueno) e não por um que decepcionou (Raniel). Na negociação, o São Paulo também conseguiu postergar o pagamento desta quantia para 2021 (antes estava previsto para 2020).

Um outro detalhe: esses 3 milhões de euros correspondem a um quarto do valor estipulado em contrato para que Vitor Bueno fosse comprado em dezembro de 2020, que era de 12 milhões de euros (quase R$ 55 milhões). Não é exatamente correto dizer que o São Paulo “economizou” 9 milhões de euros nesta operação, já que comprar Vitor Bueno pelo valor estipulado seria irreal, mas o clube acredita que conseguiu um valor justo por ele.

Mesmo sem saber quem será o seu treinador em 2020, o Santos aceitou a troca. O clube praiano precisa de um centroavante e já se interessou por Raniel quando ele jogava no Cruzeiro. O Peixe conseguiu se reforçar sem abrir os cofres – o dinheiro da venda de Bueno, se viesse, viria só no fim do ano que vem.

No fim das contas, o São Paulo ficou com 50% de Vitor Bueno e o Santos com 50% de Raniel. Os dois assinaram por quatro temporadas com suas novas equipes.

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