Amigos tricolores.

Na semana passada, estive em um evento no Shopping Iguatemi em SP. Ao sair do evento, eu e a minha esposa nos dirigimos a praça de alimentação, quando no meio do caminho estavámos frente a frente com o centroavante tricolor, Pablo.

Serei muito honesto com vocês, em um primeiro momento, veio em minha mente cobrar para que ele jogue mais do que está apresentando, mas não o fiz, assim como, a minha vontade de pedir um autógrafo ou selfie, foi a mesma do número de gols do “craque” Calazans na carreira: zero!

Por alguns metros, andamos lado a lado. Ele na dele, eu ao lado da minha esposa. Em um determinado momento, cada um foi para um lado e ali, foram poucos minutos, mas como um bom profissional de planejamento, ficou a reflexão do dia a dia da sociedade.

O presente versus o passado

Há alguns meses, algo similar ocorreu. Estava em outro shopping, no Morumbi, quando um grupo de pessoas me chamou a atenção. Fui chegando perto e vi que muitos celular apontavam em direção de uma pessoa ao centro desse grupo. O personagem, que tanto chamava a atenção, conversava pacientemente com um homem. Ao seu lado, a esposa, com um carrinho de bebê esperava com a mesma paciência, sendo simpática com todos que rodeavam. Tratava-se de Armelino Donizetti Quagliato, o Zetti!

Mesmo eu tendo 2 fotos com ele, sendo uma tirada no dia em que ele me deu a entrevista para o livro sobre o Telê Santana, senti uma grande vontade de tirar mais uma foto e de novo agradecer ele por tudo o que ele fez pelo nosso São Paulo. Foram quase 10 minutos esperando uma chance, mas era tanta gente que eu acabei desistindo. Ainda me lembro deu saindo de perto e ele me olhando, apenas acenei para ele, que educadamente, acenou de volta. Não me reconheceu, óbvio, mas entendeu que, como aqueles a sua volta, eu era apenas mais um fã!

Nem se compara..

Passa isso exatamente agora pela sua cabeça: Pablo e Zetti nem se comparam como ídolos. Um ganhou mais de 30 títulos pelo São Paulo, sendo o jogador que mais jogou na era Telê, outro não completou nem 1 ano de São Paulo e passou 2019, infelizmente, mais machucado do que em campo.

Isso é um fato que nem se discute, mas eu ainda tenho em mente a imagem dos torcedores tirando fotos com os jogadores do seu time. Hoje, vejo muito pouco isso, a não ser aqueles que vão ao aeroporto.

Nos grupos de WhatsApp

Em 2, dos que mais atuo, falei sobre esse encontro. Em um deles, um membro me disse que sempre vê, com frequência. os jogadores do time atual em outro shopping de São Paulo, mas que também não tem a menor vontade de interagir. Outros, comentaram que as fotos mais publicadas no grupo e com mais repercussão, são realmente as postadas com jogadores “das antigas”, assim como reviveram histórias de craques como Raí, Careca e Dario Pereyra que demoraram um tempo para se adaptar ao São Paulo e se tornarem os craques que foram, isso é um fato, mas é de se entender também, que outro fato é: Pablo tem 27 anos.

Até 2017, quase ninguém falava dele na crônica esportiva, porém, em 2018 ele fez, sem dúvida, uma excelente temporada com o Athletico-PR, o que motivou o São Paulo pagar quase 27 milhões de reais, pelo jogador que chamou a atenção pelos 18 gols na temporada, sendo muito decisivo no título da Sulamericana do Furacão.

Contratação mais cara da história do São Paulo

Será que vale tudo isso mesmo? O São Paulo pagou uma grana alta por um jogador que fez uma boa temporada. Em média, jogadores se tornam profissionais com 17 anos, Pablo, foi muito bem com 26, ou seja, quase 9 anos como profissional, ele foi estourar, na minha visão, um pouco tarde. E o São Paulo comprou o jogador de uma temporada!

Pela fila que o time se encontra, pelas recentes campanhas pífias e por ser o “homem-gol” a pressão sobre o centroavante será enorme. Ele joga no São Paulo, pressão até Telê com 2 mundiais, pelo São Paulo, nas costas tinha! O valor por ele pago e seu alto salário apenas pioram essa cobrança.

Talento ele tem e não se pode negar que ele é um dos que mais dão o sangue em campo. Isso é um fato indiscutível, mas será que era necessário ter trazido ele? Gabriel Novaes, “camisa 9 raiz” da Copinha não era uma aposta de longo prazo melhor?

O que esperar em 2020?

Bem, são indagações que torcedores devem ter, afinal, ele é um patrimônio do time e precisa dar resultados. O ano de 2019 não foi nada bom, mesmo ele sendo o artilheiro do time na temporada (ou um dos), mas nos dá uma esperança para 2020, entretanto, mais do que Pablo, esse texto é uma reflexão sobre os ídolos do futebol, será que eles ainda existem, ou ficaremos reféns do passado quando o amor a camisa superava o amor ao dinheiro?

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – http://www.livrotelesantana.com.br/  – facebook.com/plannerfelipe e @plannerfelipe