Ao mesmo tempo em que é criticado por seu desempenho no São Paulo, Alexandre Pato sofre cobrança de aproximadamente R$ 2,6 milhões do empresário André Cury e de R$ 150 mil do advogado Breno Tannuri. Ambos trabalharam para viabilizar a transferência do jogador do Tianjin Tianhai para o clube do Morumbi em março deste ano. O atleta contesta a cobrança.

O desentendimento entre as partes se arrasta desde o primeiro semestre do ano. No dia 22 de maio, Cury, como representante de sua empresa, a Link Assessoria Esportiva e Propaganda, enviou notificação extrajudicial ao atacante. Nela o agente, que entre outras operações cuidou da ida de Neymar ao Barcelona, clube que representa no Brasil, cobra R$ 2.614.685,72. A quantia se refere à comissão que alega ter direito de receber por trabalhar na volta do jogador ao Morumbi. No mesmo documento, o empresário cobra o pagamento de R$ 150 mil ao escritório Tannuri Ribeiro Advogados. Em 18 de novembro, Pato, com o advogado Geronimo Antonio Defaveri, enviou contranotificação ao empresário negando.

Na cobrança, conforme apurou o blog, Cury diz que Pato assinou com sua empresa em janeiro contrato de representação registrado na CBF. Ele escreve no documento que a notificação visa esclarecer o valor devido pelo jogador para a Link a título de pagamento de comissão por serviços de assessoria e representação prestados pela empresa.

Também está escrito que cláusulas contratuais determinam que o jogador pague 10% do valor bruto que receber de seus contratos profissionais para a empresa de Cury. Em seguida, a notificação aponta que o atacante firmou em abril contratos de trabalho, direitos de imagem e cessão de direitos econômicos com o São Paulo e que irá receber durante o período de vigência deles, em valores brutos, R$ 48.273.952,61.

Assim, a Link teria direito a 10% desse valor (R$ 4.827.395,26).  O empresário também alega na notificação que sua empresa teve despesas com passagens aéreas internacionais e estadia para viabilizar a liberação por parte do clube chinês no valor de R$ 187.290,46.

Com mais R$ 150 mil referentes aos honorários do advogado, o agente chega à quantia de R$ 5.164.685,72. Porém, o São Paulo também assinou contrato com a Link pela intermediação e se comprometeu a pagar R$ 2.4000.000 em 30 parcelas mensais, de acordo com a notificação. A quantia sob responsabilidade do clube foi abatida do valor total. Assim, a Link chegou à cobrança de R$ 2.614.685,72 e pede no documento para que Pato faça o pagamento em 30 prestações de R$ 87.156,19 a partir de 10 de junho deste ano. Também é cobrado o pagamento de 30 parcelas de R$ 5 mil para o escritório de advocacia.

A resposta de Pato Na contranotificação enviada para a Link  o atacante confirma ter assinado contrato que previa pagamento de 10% de seus rendimentos profissionais brutos para a empresa. Porém, sustenta que o valor de R$ 48,2 milhões usado como referência para a cobrança não foi recebido por ele. Isso, segundo o documento, porque Pato atualmente ganha R$ 157 mil mensais.

O atleta sustenta também que Cury recebe do São Paulo R$ 17.280 mensalmente e que esssa quantia supera 10% do montante embolsado pelo atleta a cada 30 dias nesta fase do contrato. Para o empresário, são acertos diferentes e que não se misturam.

Ainda conforme o documento, o jogador argumenta que receberá do clube pelo contrato inteiro R$ 16.720.000 referentes a salários e R$ 9.510.000 a título de direito de imagem. Ou seja, são 26.230.000 a serem pagos pelo São Paulo ao jogador entre abril de 2019 e dezembro de 2022. A quantia mensal aumenta conforme o tempo de contrato. A contranotificação também sustenta que os 10% relativos à intermediação só são devidos após o efetivo recebimento por parte do atleta.

Em suas contas, Pato não coloca R$ 10.750.000 que ele tem a receber do São Paulo por seus direitos econômicos. O atacante não considera esse valor como benefício financeiro porque sustenta ter desembolsado a mesma quantia para obter sua liberação do time chinês e que será apenas ressarcido pelo clube brasileiro. Na ocasião, os chineses exigiram que o jogador devolvesse valores já recebidos. Dessa forma, o atleta argumenta que a empresa de Cury não tem direito a 10% dessa fatia, o que o agente deixou claro discordar em sua notificação.

Em relação aos honorários advocatícios e as demais despesas alegadas pelo empresário, Pato afirma no documento que esses gastos são de responsabilidade do Cury. Alega ainda que o contrato entre as partes não prevê que o jogador tenha que bancar custos do agente para realizar seu trabalho.

O blog apurou que o advogado Tannuri recebeu procuração assinada pelo atacante para negociar sua rescisão com os chineses e cuidar do contrato com o São Paulo. Ele participou ativamente das duas operações. Para encerrar a carta enviada como resposta a Cury, o jogador e seu advogado pedem que a Link preste conta dos atos praticados referentes à promoção da carreira do atleta desde o início do contrato.

Procurado pelo blog, Geraldo Rodrigues, pai do atacante são-paulino, disse que só o advogado que cuida do caso poderia falar sobre o assunto. Foi deixado recado com a secretária do escritório de Defaveri, defensor do jogador, mas ele não falou com este blogueiro até as 23h58 desta quinta (28). O blog não conseguiu entrevistar Cury. Diante do impasse entre os envolvidos até aqui, a tendência é de que a cobrança seja feita na Justiça.

UOL

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