Faltam seis rodadas. Dessas seis, quatro partidas fora, duas dentro de casa. O São Paulo investiu num elenco para disputar o título brasileiro de 2019 – investimento do nível de Flamengo e Palmeiras. Não disputou a primeira posição em momento algum. Pior: viu Santos e Grêmio atropelarem, com elencos muito mais modestos, a briga pelo G4. Está ameaçado agora de nem a Pré-Libertadores conseguir. Seria um fracasso absoluto… Um vexame.

O problema do São Paulo há mais ou menos uma década extrapola as tais quatro linhas. É um problema de (falta de) comando. Pode ser rotulado de acefalia e ausência completa de verve, de fome, de sangue, de vontade de vencer. O presidente Leco e todos os seus diretores remunerados, incluindo os ídolos Raí e Lugano, decepcionaram – para dizer o mínimo.

Mas o cenário para este ano parecia diferente quando o São Paulo fez a grande contratação da temporada do futebol brasileiro: Daniel Alves, o jogador mais vencedor, o melhor da Copa América.

Dani Alves chegou nos braços do povo. O Morumbi encheu para saudá-lo, sem que nenhuma partida estivesse rolando ali. Estreou contra o Ceará, fez o gol da vitória e… foi só. Depois disso, Daniel Alves não fez sequer uma grande partida com a camisa do São Paulo. Mais do que isso: o time sempre rendeu melhor quando ele esteve ausente (vide o clássico contra o Corinthians).

Frágil na marcação, inoperante na criação, mas sempre com a cadeira cativa de titular. Mais do que dificuldade de se ambientar ao ambiente do futebol brasileiro (nunca ficou confortável com cobranças), Daniel Alves não entendeu a sua missão no São Paulo – um clube gigante, que vive o seu mais aflitivo jejum de títulos.

Dani Alves continua tentando a jogada de efeito em vez do simples. Continua preferindo a caneta ao carrinho. Ele contamina o restante dos jogadores com o rococó, com o estilo blasé…

Além de tudo, Dani Alves é um dos principais responsáveis pelo outro D da história. Foi um dos principais incentivadores da contratação de Fernando Diniz como treinador.

Fernando Diniz não é propriamente um colecionador de títulos como Dani Alves. Pelo contrário: deixou Athletico e Fluminense em situações dramáticas, com aproveitamentos pífios.

Começou “se adaptando ao São Paulo” e não querendo impor o seu no mínimo discutível estilo, de posse de bola dentro do próprio campo de defesa. Estreou contra o gigante Flamengo no Maracanã, e não perdeu. Brigou. Deixou o torcedor orgulhoso.

Aos poucos, porém, depois de vitórias contra adversários frágeis, tentou assinar, deixar sua marca. Colecionou uma série de vexames. Contra Cruzeiro, Palmeiras e Fluminense e Athletico (seus ex-times). Assim como Dani Alves, Diniz tenta rebuscar, fazer diferente, inventar. O São Paulo precisa de simplicidade, suor e um troféu. Simples assim.

A realidade do São Paulo é a antítese da dupla Diniz e Dani Alves – que precisam ser “enquadrados”. Sob a batuta dos dois, o São Paulo naufragou, e a torcida foi abandonando o time aos poucos. O São Paulo de Diniz e Dani Alves está reprovado. Ou o clube encontra e nomeia outros condutores, ou não vai chegar a lugar algum.

Arnaldo Ribeiro