Amigos tricolores,

Está complicado ver o time do São Paulo jogar com 3 volantes. Hernanes e Tchê-Tchê tem boa saída de jogo, deixando Hudson ou Luan como o “volante raiz” protegendo a defesa, mas na sua essência eles são mais marcadores e menos armadores. O São Paulo tem no banco Vitor Bueno, Nenê e Igor Gomes para a função, sendo que até Pato pode exercer esse papel. Mas Cuca insiste em manter 3 volantes em campo. Igor vinha bem nas finais do Paulista com Mancini. O que houve?

Isso está me deixando, seriamente, preocupado. Como Cuca quer um futebol leve e rápido, no São Paulo, sem uma pessoa que faça essa bola correr? Não há como colocar a culpa apenas porque no seu sistema pensado para o time, não se tem um camisa 9 de origem. Na minha visão, do jeito que ele está armando do time, pode colocar o Luiz Soares ali, sem a bola chegar, nem ele resolve.

Escrevi recentemente sobre a “Escola Gaúcha” do futebol e como isso está impregnando no futebol brasileiro. Como digo, desde 2014, aquele 7X1, infelizmente foi apenas o reflexo de tudo o que o futebol nacional deixou de mostrar e infelizmente, é também, um reflexo do que o futebol é hoje. Lembramos do 7X1, mas não podemos esquecer dos 3X0 no jogo seguinte…

Nosso craque, camisa 10, esperança de títulos é o Neymarketing. Já foi um craque, hoje é só um mimado que entra em campo e chora quando as coisas não saem como quer, um legítimo filho do Robinho, jogador que foi o percursor de toda essa leva de “jogadores mimimi”. Valeu eterna promessa! Isso é um passo para o futebol estar como está, somando a estilo gaúcho de ser. Que me perdoem o povo lindo do Rio Grande do Sul, mas eles entendem que estou falando de Celso Roth, Felipão, Tite, Mano Menezes, e claro, do paulista Carille, filho de Tite e Mano.

Cuca entrando nessa?

Eu sempre achei o Cuca um treinador diferenciado. Apoio ele, mas o apoio não o inibe de críticas. Uma coisa seria, eu aqui, começar a pedir a cabeça do técnico, como, em muitos grupos de WhatsApp e Facebook, estão fazendo, ainda mais depois do empate do São Paulo com o Bahia em casa. O técnico arma o time, com as peças que tem, é responsável pela derrota, empate e vitórias, tanto quanto os jogadores. Não é culpa dele quando um jogador erra na defesa ou perde um gol feito no ataque, mas é sua missão treinar e aprimorar. “Não é possível chegar a perfeição, mas é possível se aproximar dela” já dizia o grande mestre Telê Santana.

Cuca precisa rever o São Paulo e seus pensamentos para com o time. Concordo que ele está prejudicado porque Hernanes ainda não voltou ao seu melhor, sendo esse titular absoluto, porque Pato está voltando de contusão e porque Pablo, o centroavante que temos, ainda não ter condições de jogo. Mesmo que ele pense em Pablo pelos lados do campo, esse foi contratado para ser o camisa 9. É um bom jogador, ainda não mostrou a que veio, mas precisamos dar um tempo ao garoto, pois ele, com certeza tem um enorme potencial para brilhar. Mas Cuca, também, é culpado porque a bola não chega ao ataque, quando com 3 meias no banco, ele opta por 3 volantes.

Uma coisa é boa, hoje o São Paulo tem opções. Hernanes, em forma, titular absoluto. Restam 2 vagas, para Hudson, Luan, Tchê-Tchê, Igor, Lizieiro, Vitor Bueno, Nenê e até Pato. No ataque, Anthony e Pato são titulares, assim como, recuperado, Pablo. É uma boa dor de cabeça para Cuca, mas eu peço, para que ele pare com 3 volantes, tendo tanto jogador bom que não tem a missão de marcar.

A bola não chega, com isso, Anthony e Toró, que jogam pelas pontas, precisam voltar para pegar a bola, mas quando chegam no ataque, não tem muito o que fazer, simplesmente, porque as opções que eles deveriam ter para dar sequencia rápida ao ataque, são eles mesmos!!! Confuso? Sim. Mas isso é papel do técnico armar.

Na várzea, não se joga assim!

Assim como eu, muitos de vocês, leitores, devem ter jogado – ou jogam – futebol de forma amadora. Por mais que eu tenha jogado pelo meu clube e pela faculdade, eu sempre fui amador, um bom meia, mas amador. Teria, facilmente, espaço em qualquer time brasileiro hoje, não porque eu era um Raí ou Zico, mas porque o futebol hoje está nivelado bem por baixo. Basta ver o time de Itaquera como joga e consegue títulos. Eles são a grande representação do que é o futebol hoje.

Quando jogamos na várzea, ou mesmo naquelas quadras que alugamos com o pessoal do trabalho, faculdade ou amigos e vamos armar o time, parece, que qualquer um de nós arma o time melhor que esses técnicos medalhões. Não menosprezando, mas no futebol amador fica claro: defesa é defesa, meio é meio, e ataque é ataque. A defesa não passa do meio de campo, o meio tem a função de destruir a jogada adversária e armar e o ataque fazer gol. O ataque marca na frente, dificulta a vida da zaga adversária. Quando a bola passa do meio, o ataque só precisa ficar ligado para quando for recuperada, ela chegue rápido e ai é com eles, em direção ao gol. Engraçado como no futebol amador ninguém gosta de tocar a bola para trás, já no profissional é o que mais fazem.

No futebol profissional, não!

Anthony cobre Hudson/Igor na lateral, Toró cobre Reinaldo. Pato cobre Luan e quando o time recupera a bola, com os bons zagueiros Arboleda e Bruno Alves, o que eles fazem? Tocam para o Volpi, que segura, abre com o lateral, pois os atacantes estão correndo 20 metros para sair da defesa e armar o ataque, mas parece que os técnicos esquecem, que ao mesmo tempo que os atacantes correm, os defensores adversários também. Ai, perde-se o tempo, perde-se o inusitado e volta ao mesmo futebol burocrático de toques de lado, passes curtos, dribles desnecessários e o aprofundamento da jogada, o “agredir o adversário” como Muricy prega, não ocorre.

Ah Sr. Telê…

Eu não consigo ver o futebol de hoje e não lembrar o que eu via na época do Telê e tudo o que ele pregava, algo que hoje, morreu no futebol moderno. Não vemos mais jogadas trabalhadas, não vemos mais um meia clássico, talvez, Ganso seja o último dos “camisa 10 raiz”.  Não vamos mais um drible em direção ao gol, chutes de fora da área, que nem na várzea vemos. Pois é meus amigos, o futebol está perdendo sua essência, sua graça, está mecânico, burocrático, “gauchês” que impregnou e não sai mais. Triste dizer, mas Celso Roth era um visionário!

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – http://www.livrotelesantana.com.br/  – facebook.com/plannerfelipe e @plannerfelipe