Apontado como uma das maiores promessas da base do São Paulo, Lucas Fernandes foi promovido bem jovem ao time principal, jogou Copa Libertadores e superou uma lesão que o deixou fora dos gramados por oito meses. Após se recuperar, ele foi no meio do passado para o Portimonense, de Portugal, em busca de uma maior sequência de jogos na carreira.

O meia começou no futebol de salão em São José dos Campos antes de migrar para o campo no Moreira Sports, mesma escolinha que revelou Casemiro e Ricardo Goulart.

Aos 14 anos, ele passou em um teste na equipe do Morumbi e foi morar nos alojamentos em Cotia. Não demorou para fazer sucesso junto a geração nascida em 1997, que faturou quase todos os títulos possíveis, incluindo a Libertadores Sub-20 de 2016.

Na decisão, a equipe tricolor venceu o Liverpool, do Uruguai, por 1 a 0, com um gol de Lucas Fernandes aos 38 minutos do segundo tempo. O duelo foi estádio Defensores Del Chaco, em Assunção, no Paraguai.

“Foi meu único torneio internacional, fomos campeões e fiz o gol do título. Está bom, né? (risos) Quando estava lá sempre tiveram muitas especulações de clubes europeus, mas o São Paulo não deixava chegar nada na gente para não perdemos o foco. Na época eu não tinha empresário e meu pai cuidava de tudo fora do campo. Só queria saber de jogar”, relatou, ao ESPN.com.br.

Logo após a conquista continental, ele foi chamado nas férias pelo técnico Edgardo Bauza para integrar o elenco profissional.

“Era um sonho que estava vivendo. Foi uma coisa inesperada. Minha estreia foi no Campeonato Paulista contra o Ituano lá em itu. Fui aquecer ansioso e quando o Bauza me chamou, o coração acelerou muito, mas eu sabia que estava preparado para aquele momento. Joguei menos de cinco minutos, mas que para mim foram os mais importantes. Fiz jogos até na Libertadores daquele ano”, relatou.

Lucas passou a ser um dos destaques do time e visto como sucessor de Paulo Henrique Ganso, que estava pra deixar o Morumbi.

“O Ganso era o nosso meia e ele me ajudava muito, me dava conselhos e muita moral. Era bom ter um cara como ele ao meu lado. E na época, ele estava para sair para o Sevilla e falava: ‘Eu não vou sair enquanto não te passar a camisa 10 e o meu lugar’. Eu ficava feliz e pensei que tinha que agarrar a chance quando ela viesse. Na semana que ele estava fechando a saída, eu machuquei o joelho”, lamentou.

“Fiquei quase nove meses parado, perdi o resto de 2016 e voltei em março de 2017 com o Rogério Ceni. Foi um ano complicado pela readaptação, perder todo o medo e receio foi bem difícil. Só quem passou por uma lesão grave no joelho sabe como é”, contou.

O meia voltou a jogar com frequência com Dorival Jr. e fez algumas partidas pelo São Paulo em 2018, mas perdeu espaço com a demissão do treinador e a chegada de Diego Aguirre.

“Em 2018 comecei bem, fiz bons jogos e cheguei a ter uma sequência com Dorival. Mas depois perdi um pouco de espaço com o Aguirre, foram poucos jogos. Tenho esperança que ainda vou dar muitas alegrias para o torcedor são-paulino”.

Vida em Portugal

Lucas Fernandes permaneceu até o meio do ano passado no Morumbi, antes de ser emprestado ao Portimonense, de Portugal.

“Tenho muito carinho pelo presidente Téo que me apoiava muito quando estava no São Paulo. Como eu não tinha muitas chances, ele perguntou se eu não queria vir para cá jogar na Europa. Eu topei. Eu falei com a diretoria do São Paulo e o Aguirre, que foi bem claro comigo e me apoiou”.

Atualmente, ele é titular da equipe que foi a grande sensação do primeiro turno da Liga Portuguesa e hoje ocupa a décima posoção, com 32 pontos.

“Está sendo muito bom porque pegar essa experiência de jogar na Europa em campeonato muito bom. Joguei todos os jogos. No primeiro turno fomos muito bem, mas deixamos cair um pouco, mas vamos melhorar”.

A equipe tem cerca de 17 jogadores brasileiros (oito ex-são-paulinos) e como vice-presidente o ex-atacante Robson Ponte, que atuou por Guarani, Bayer Leverkusen.

“Aqui parece demais com o Brasil e tenho vários ex-colegas de base do São Paulo aqui. Fui muito bem recebido e não senti a diferença de estar longe da família. Está sendo muito bom conhecer grandes clubes que jogamos contra. Espero fazer um fim de torneio muito bom para ajudar o time e, com isso, irá aparecer coisas boas para mim”.

O acionista maioritário do Portimonense é o empresário Theodoro Fonseca, que já trabalhou com Hulk.

“Eles buscam jogadores brasileiros que não estão sendo aproveitados e enxergam potencial. Eles dão toda condição de trabalho e confiança par que possamos desempenhar futebol. Não é à toa que estamos nos destacando”.

Com um contrato de empréstimo que vence no meio deste ano com o time português, Lucas tem futuro indefinido. Não sabe se ficará na Europa ou voltará ao São Paulo.

“Quero terminar o campeonato bem e ajudar meu time a se manter na primeira divisão. É o nosso maior objetivo. Com isso, meu contrato acaba no meio do ano e não sei se o São Paulo vai querer que eu volte, ou vou ficar aqui. Sempre fui são-paulino e toda a minha família também, sonho em dar alegrias para eles também. Foi uma chance ótima de pegar experiência e poder dar o meu melhor”.

ESPN