Cuca durante apresentação no CT da Barra Funda, em São Paulo, SP 18/02/2019 Foto:Sergio Barzaghi/Gazeta Press

Sabe a música do Jota Quest, “É pra lá que eu vou!” Pois bem, vejo a Série B como trajetória obrigatória para um clube desgovernado. A notícia das tratativas do clube com o Fluminense por Calazans dá o tom do que se tornou o São Paulo Futebol Clube. Em outubro de 2018, o atleta formado nas divisões de base do clube carioca disse ao Globoesporte.com, “Hoje eu fui a pessoa mais feliz. Foi a noite da minha vida. Durante esse tempo parado eu pensei em muitas coisas… Pensei em parar muitas vezes” A declaração forte veio depois de ficar 1 ano e 2 meses parados, por conta de lesões e duas cirurgias. O jogador inclusive não atuou nas últimas partidas pelo clube porque está lesionado. Esse é o atleta que Raí quer trazer. Assim como fez com Everton Felipe, Biro Biro, Aderllan e agora Hernanes. Tantos outros que chegam machucados e simplesmente não jogam. O São Paulo não é uma clínica de fisioterapia esportiva. É um clube de futebol que está acostumado a contratar e só ver o atleta jogar meses depois de chegar ao clube. Dinheiro rasgado, como fez na contratação do goleiro Jean, enquanto liberou Lucas Perri sem nunca ter dado chances a um dos nomes mais vencedores da base na última década. Unanimidade entre os torcedores.

O  que Raí tem feito como diretor? Sinceramente, muito pouco! O ex-camisa 10 gagueja diante dos microfones, passando ao público a impressão de que não tem segurança do que está fazendo. E se ele fizer uma análise rasa, verá que tem razão ao fraquejar semioticamente. Uma narrativa intencional de se entregar como fracassado.

Raí mudou para pior as transações de atletas e o planejamento do clube. As contratações equivocadas e superfaturadas de Everton Felipe, Diego Souza, Bruno Peres (apesar do empréstimo o clube gastou milhões com um jogador que não seria titular nem na Portuguesa). Outro equívoco inexplicável é a contratação de Mancine que não tem histórico no clube paulista e não acrescentou em nada ao futebol do clube até agora. O nome certo seria por exemplo o de Juninho. Craque pelas mãos de Telê, foi campeão de tudo no São Paulo, jogou na seleção brasileira, na Europa e é gestor do Ituano há quase 10 anos.        

Além de tudo isso, acredito que o erro mais impactante e que refletiu no futebol – sem cérebro e alma – que o time apresenta foi demitir o único técnico capaz de fazer o clube jogar de igual para igual com Flamengo e Corinthians e substituí-lo por um técnico que estava a pouco tempo como o seu auxiliar no time principal. Independente do que fez Jardine na base.

Não gosto de simular o passado, mas neste caso é preciso: e se o Aguirre tivesse em mãos aquele time campeão do primeiro turno somado a Pablo, Tiago Volpi e Hernanes? Nunca saberemos. Preferiram tirar a autoridade do comandante e repassa-la a jogadores como Nenê, Reinaldo, Bruno Peres e Diego Souza. Não é à toa que o goleiro Jean se sentiu no direito de fazer o mesmo com Wagner Mancine (não é preciso entrar no mérito da discussão entre os dois). E foi gaguejando novamente que Raí disse ontem que o goleiro reserva que custou 8 milhões, pode voltar a treinar com todos, mesmo depois de chamar o técnico de perseguidor e mentiroso. Falou ainda que ele precisa aprender sobre hierarquia. Com quem mesmo?  

Vou dar uma dica ao maior camisa 10 da nossa história mas também ao dirigente perna de pau tosco e sem o menor jeito para a coisa, o SPFC precisa de mais jogadores do nível do Hernanes e não do nível do Everton Felipe, como Calazans. Se continuar a  fazer negócios assim, realmente, não sairemos nunca da espiral citada por Lugano. Um eterno retorno do mesmo.

Salve o tricolor paulista!

Rodrigo C. Vargas (Insta @rodrigovargasss) é jornalista e são paulino assim como todos na família, desde o avô.