Torcedores de outros clubes e nós mesmos, são paulinos, sabemos que nossa torcida tem fama de “queimar” jogadores. Durante um tempo fiquei me perguntando o porquê desse fenômeno e se havia algum “culpado” por isso. Cheguei à conclusão que nossa torcida tornou-se imediatista após um período de Soberania seguido de nossa espera na fila até os dias atuais. Este imediatismo ao qual me refiro é o que faz com que sejamos mais criteriosos, mais impacientes e rigorosos com o futebol da equipe para a qual torcemos.

                Nos últimos anos, apesar das breves esperanças de títulos, o São Paulo apresentou desempenho regular ou baixo no sentido estético (do espetáculo). Os melhores momentos foram com times mais pragmáticos e que venciam sem dar show. Características opostas ao que tornou-se comum dizer do São Paulo ao longo de sua história. Diversos treinadores passaram por aqui, com filosofias de jogo diferentes, esquemas de jogo diferentes, modos diferentes de tratar os jogadores. Bem como diferentes jogadores passaram por aqui. Bons, ruins, profissionais, mimados, “bad boys”. O que houve, na minha modesta opinião, foi uma falta de planejamento adequado e times feitos com remendos. Nos últimos anos nenhum treinador chegou para montar um elenco e desenvolver uma estratégia de jogo.  Nunca houve um recomeço de fato. Sempre um treinador “tapa-buraco”, jogadores para tentar fechar uma conta técnica ou financeira. O resultado disso tudo sempre foram times capengas, desequilibrados, jogadores fora de posição ou de características diferentes. É algo parecido com o que acontece com Cuca hoje, que pede reforços com determinadas características e não pode ser atendido por problemas financeiros ou porque “precisamos” de uma cortina de fumaça no momento.

                Times mal formados, jogadores bons e ruins jogando juntos, técnicos com problemas para trabalhar com o que se tem e uma gerência (no sentido geral) de futebol despreparada resulta num time desqualificado, previsível e apático. Salvo os grandes craques do futebol mundial, quem jogaria bem num time desses? Jogadores regulares jogam mal, jogadores bons, jogam mal, jogadores para compor elenco jogam mal e os jogadores ruins, obviamente, jogam mal. Um prato cheio para uma boa parte da torcida, imediatista e desinformada ou desinteressada pelos bastidores do futebol. Elegem culpados diretos: jogador tal, jogador tal, jogador tal. Não que alguns jogadores não mereçam em alguns casos, mas o problema do São Paulo não é tão pontual assim.

                Dessa forma, torcedores contribuem para a “queima de jogadores na fogueira da Santa Inquisição tricolor”. Alguns vão para times bem ajustados e jogam bem, outros não tem tanta sorte e acabam com carreiras medíocres. Enquanto isso o problema nunca é visto numa visão MACRO. Isso é sustentado por preconceitos e chavões como: “dirigente não entra em campo, quem resolve são os jogadores”, “o técnico que tem que ser trocado porque não tem como trocar todos os jogadores”, entre outros. Enquanto não começarmos a entender o problema com uma compreensão maior sobre o que acontece no São Paulo, continuaremos a queimar técnicos, jogadores e até ídolos. Deixando pra trás a Glória e a Imagem do São Paulo como um time GIGANTE.

Matheus Padilha Abrantes Reis