Assumir como treinador após dizer que não assumiria:

“Não houve mudança de ideia. Eu realmente afirmei que em hipótese alguma eu assumiria o São Paulo. O fato de termos tido uma reunião, e entendido que eu não poderia de maneira alguma dizer não a minha diretoria e pela viabilidade da vinda de um técnico que enxergamos como ideal no momento. Então para viabilizar a vinda do Cuca… já conversamos inclusive. Me sinto muito a vontade, interinamente, como coordenador do São Paulo que sou. Estou fechado para o mercado, que isso fique claro. Estou assumindo para viabilizar a vinda do novo treinador”

Dia a dia com Cuca:

“Estamos mantendo contatos. Ontem a noite eu tive uma conversa longa com ele. Eu estando a frente do time vou ter a chance de mexer, escalar e dar sequência diante da minha cabeça, mas óbvio que quero manter contato com o Cuca e escutar. O processo vem de encontro com isso, o Cuca já fazendo parte de tudo. Cuca já faz parte do nosso dia a dia”

“O momento nos aproximou mais. Joguei muito contra o Cuca na época de atleta. Depois que viramos técnicos nós nos enfrentamos várias vezes. A amizade perdura ao longo dos anos. Ultimamente temos nos falado mais, e agora mais ainda. Fiquei muito feliz pelo pedido do Cuca. Ele mostrou muita confiança no meu trabalho. É um início de muita esperança, para que a gente possa reverter o quadro. Sabemos que não é bom”

Clássico:

“Não tive o elenco ainda a disposição para esboçar o que faremos no jogo. Tenho esse desenho, mas preciso ver dentro de campo. A gente entende o momento, sabemos que temos que melhorar em muitos aspectos”

“Eu estava pensando o que seria ideal. Estrear em um jogo mais fácil em casa ou em um clássico. Infelizmente não temos como escolher, temos que enfrentar a situação. Acho importante, quando você olha para frente, saber a dificuldade que vai enfrentar, mas ter a coragem para enfrentar. Assim como todos nós estamos assumindo riscos, o time tem que ser corajoso e ir enfrentar o Corinthians na arena, onde nunca venceu”

Jardine:

“Sobre o Jardine, obviamente que ele não chegou a toa no comando do São Paulo. Tem uma passagem vitoriosa no clube, tanto que o São Paulo entendeu que manutenção dele seria importante. Cuca tem uma identidade com o clube, uma passagem vitoriosa. Entendemos que o São Paulo, nesse momento, precisa de um técnico que tem uma forma ofensiva e corajosa de jogar. Isso faz também do Cuca o cara que a gente enxerga dentro desse perfil”

Atletas conhecidos:

“O Nenê é um caso diferente no elenco do São Paulo. Eu joguei com ele no Paulista de Jundiaí, eu com uma idade já avançada. Tenho uma amizade de longa data com ele. O Reinaldo, Everton e Willian Farias foram meus atletas. O que que isso me ajuda? Ajuda porque esses atletas já sabem minha metodologia de treinamento e o que penso sobre futebol. Quando você tem alguns interlocutores no elenco isso se torna mais fácil. Talvez o fato de eu vir como coordenador do clube, já ter contato com eles, também favoreça. Mas o mais importante é que todos comprem a ideia. Temos que fazer mais. Cada integrante do São Paulo tem que chegar aqui um pouquinho mais motivado, superando os obstáculos diários”

Jeito de Jogar:

“Você tem que ter uma gestão de pessoas e relacionamento, isso é o mais forte de um técnico hoje em dia. Eu não terei tempo para fazer muita coisa, mas ao mesmo tempo tenho o tempo necessário para sentar com os jogadores para ficarmos um pouco mais leves. O São Paulo está jogando, de forma mental, muito travado. O atleta tem que ter um pouco mais de prazer. É necessário que você acabe levando ao jogador alguma coisa diferente. Se não dá para fazer no treino, vamos na fala, na metodologia de jogo e na estratégia para a partida, para que o atleta entenda que houve uma mudança’

Melhora:

“Imaginei a primeira (Mancini ganha tudo enquanto interino), e gostaria que o Cuca chegasse antes, o mais rápido possível. Além de estarmos falando de um ser humano que vem passando por um momento diferente na vida dele… teríamos o Cuca. A segunda (time não melhora com Mancini) eu não vi, pois tenho certeza que o São Paulo vai melhorar. Se vamos atingir o 100% em tudo, é difícil dizer, mas o São Paulo vai melhorar”

Pato:

“Contratação de jogadores é com a direção. Eu vejo um elenco muito bom, montado. Nós temos essa diversidade de atletas e potenciais. De repente surge alguém no mercado que é interessante, logicamente todo técnico quer. Nenhum técnico está satisfeito com o que quer, porque também tem perda de jogadores. Por isso o cara está sempre pensando lá na frente. Com o elenco que nós temos, temos que melhorar. O São Paulo tem que ser o protagonista do jogo, tem que gostar da bola. Temos luta, mas muita luta não ganha jogo, temos que ter a parte técnica envolvida no processo”

“Indiscutível. O Pato é um jogador de alto nível. É indiscutível. Falar mais alguma coisa sobre isso eu estaria entrando em uma parte que não é minha”

Time do Mancini ou do Cuca?

“Do Mancini sim, do Cuca não. Só a partir do momento que ele chegar. Temos coisas em comum, enxergamos o futebol de maneira semelhante. Ninguém copia ninguém. A essência de cada um tem que ser a parte principal de cada pessoa. A partir do momento que o Cuca tiver aqui ele com certeza vai alterar alguma coisa. Isso não quer dizer que nós não vamos nos escutar. Dirigir de longe é uma coisa difícil. Eu gostaria muito que ele estivesse aqui, mas acredito que isso não seja possível”

Nenê, Reinaldo…

“Autoridade, comando e liderança vem da pessoa. Posso ser coordenador e ter esse comando. O fato do Nenê ser meu amigo, Reinaldo ter sido meu atleta, não credencia eles para serem titulares. O que vale é o que está jogando no momento. Eu sou justo no que faço, falo a verdade para o jogador. Se eu tiver que falar, vou falar. O atleta sabe disso. O atleta de futebol, talvez fora não seja visto assim, mas temos um respeito muito grande por eles. O mais correto é ser sincero com o cara. Se o cara não está bem, não tem que jogar. Futebol tem que ser dessa forma. Tem que jogar a equipe que puder render mais para o São Paulo”

Sobre ser vitorioso na casa do rival:

 “Eu acho importante quando o atleta olha e vê alguém acostumado a isso. Muitas vezes, dentro do jogo, quando aperta, o cara olha para o jogador. Ele tem que ver um cara forte, que tenha postura, um cara que sabe que vai vir uma ideia diferente. Ele pode ir lá e não só ganhar pelo jogo dele, mas também por outras questões. Eu acho importante quando você tem um bom retrospecto, mas sei que isso não conta muito. Assim como já venci, empatei e perdi. O mais importante para nós, além da vitória, é readquirir a confiança”

Transcrição: Globo Esporte

FOTO: Marcelo Hazan