Jardine fora, Cuca está dentro e Mancini assume interinamente. Veja a coletiva:

Leco abre pronunciamento: “Estamos aqui em um momento triste e difícil da vida do São Paulo para externar nossa tristeza e lamentar profundamente a eliminação tão precoce da Libertadores que é tão cara ao nosso torcedor. O torcedor tenha a certeza que estamos muito sentidos e vivendo um momento especialmente adverso. Lamentavelmente, o planejamento e a formação escolhida, por fatores diversos, alguns fortuitos, geraram desapontamento e situação difícil que vivemos. Certamente houve da direção de futebol, totalmente amparada pela direção maior do São Paulo, todo interesse que nosso projeto de participação melhor e mais efetiva em 2019 se desenvolvesse desde o primeiro momento, ainda no começo do Paulista, e ainda temos Copa do Brasil e Brasileiro. Infelizmente, lamentamos muito. Não contávamos que esse momento que fosse existir”

Raí: “Lamento profundamente. Me coloco na posição do torcedor. Nós sentimos muito. Não esperávamos e nem desejávamos, mas temos de assumir as responsabilidades. Viemos anunciar decisões tomadas, analisando diversas situações. Algo que foi traçado com crença numa estratégia e numa filosofia de jogo. Chegamos a conclusão que temos uma mudança de rumo. André deixa o comando técnico do São Paulo hoje”.

“Conversei com ele hoje e ontem. Essa crença é tamanha no trabalho dele, no potencial e talento dele, em tudo que fez e vai fazer, o Jardine vai continuar ligado ao clube. Continua sendo um profissional do São Paulo. Claro que vamos dar um tempo a ele para aliviar a cabeça, dar uma tranquilizada com alguns dias de descanso. Trabalhou bastante no fim do ano passado e nesse ano. Passando esse período, em conversas com Jardine vamos definir em qual situação se sinta bem e seja bom para o clube também. Logo que tomamos essa decisão, de pronto ele aceitou continuar no clube. Quer fazer ainda e se sente orgulhoso de fazer parte do São Paulo”, diz Raí.

“Não só os resultados, mas a maneira, o jogo não estava acontecendo, reconhecidamente. Ele assume a responsabilidade, mas a maior responsabilidade maior é minha, nossa. Foi algo que a gente acreditou, que nesse momento não funcionou e que tenho certeza que, o Jardine, ainda terá muito êxito aqui e em qualquer clube que vai passar”, diz Raí.

” É uma pessoa sensacional e especial. Nós lamentamos, mas todos reconhecemos essa necessidade de mudança de rumo. E nessa mudança de rumo, conversamos bastantes sobre os nomes para substituir e foi unânime que o melhor nome é do Cuca. Ele vai ser o novo treinador do São Paulo. Conversamos com ele”.

“Várias pessoas do São Paulo. Ele (Cuca) se mostrou motivado para participar do nosso desafio. Ele está com problema médico, que deve se resolver num período breve, alguns meses. Por isso, não poderá assumir agora. Quem será o treinador do São Paulo no futuro é o Cuca. Nesse período, nesse hiato, até ele estar bem, a prioridade tem de ser a recuperação total da saúde dele. Gostaria de assumir agora, mas ainda não é o ideal para ele e para saúde dele. Vamos dar esse tempo”, diz Raí.


“Nessa conversa com Cuca, ele sugeriu o coordenador técnico Mancini. Desde o início não pensava e não queria ser o treinador do São Paulo, mas devido às circunstâncias, Cuca sugeriu: “Por que não Mancini ficar nesse período”? Enquanto ele não estiver apto 100%, ele mesmo sugeriu o Mancini. Como pedido do Cuca e nosso da direção, o Mancini se dispôs a cobrir esse período e depois volta a ser coordenador de futebol. Cuca será o técnico no futuro e, até estar apto, será o Mancini”, diz Raí.

PERGUNTAS

Leco, foi precipitado promover Jardine a técnico efetivo?

“Não temos sentimento de que foi precipitado. Jardine teve trabalho importante e vitorioso na base do São Paulo. Jardine passou um ano no principal, na Barra Funda, com a chance de desenvolver conhecimentos e experiência. Entendemos naquele momento que estava certamente qualificado para assumir o principal. Continuamos entendendo, é um excelente profissional, grande caráter. Reúne conhecimentos para desenvolver a carreira de técnico. Infelizmente, não deu certo e nos aconselhou a tomar essa iniciativa de buscar um treinador reconhecidamente experiente e vitorioso, como o Cuca. Ele recebeu nosso interesse de uma forma muito feliz e animada e desejada. Posso afirmar com segurança: só tem de fazer restante de tratamento médico que levará, segundo ele, mais dois meses”, diz Leco.

“Ele estabeleceu prazo de 15 de abril para se efetivar, perto da final do Paulista. Por indicação dele, Mancini será o responsável pela condução técnica do São Paulo, como seu principal elemento. Sem prejuízo da presença efetiva e constante. Ele será visto aqui nesses próximos dias por todos nós. Pode ter sido precipitada diante do ângulo do fato, mas não imaginávamos que fosse. Hoje temos humildade de reconhecer que não deu certo. Responsabilidade de assumir, rever e restabelecer a condição do São Paulo”, diz Leco.

“Cuca tem histórico no São Paulo e empatia, uma relação importante com a torcida. Tem histórico, formação de uma equipe vitoriosa”, diz Raí.

Pato é uma possibilidade? Haverá ajustes?

“Não vamos falar de casos específicos. Cuca vai ter tempo de acompanhar trabalhos. Ideia é manter elenco. Vagner como coordenador acompanhou e vai tentar explorar ao máximo. Vagner vai trocar ideias com Cuca e podem chegar a um detalhe ou outro pensando no melhor pro São Paulo”, diz Raí.

“Bom trabalho pro momento do São Paulo será quando conquistar títulos. Cometi erros e acertos. Vamos ver meu período e esperar se consigo trazer títulos. Estou me dedicando ao máximo e dando tudo de mim para que isso aconteça. Todos erram e acertam. Temos de reconhecer quando não deu certo”, diz Raí.

Número de técnicos demitidos:

“Não tenho precisão sobre número de oito técnicos. Mas ainda que não tenha isso muito certo. Não importa. Importa o conceito. Alguns deles não saíram por não se ajustaram e por não ter resultados. Um deles assumiu a seleção Argentina, o Bauza. Outros tiveram período menor. Outros maiores, com confiança e credibilidade. Mas infelizmente é um dado que compõe o processo, porque no futebol o resultado é o que conta, é o que determina as coisas. É inegável, todos conhecem. Se não tivéssemos perdido em Córdoba e nem empatado ontem, sendo eliminado, mas fosse ao contrário, a situação estaria diferente. Infelizmente a circunstâncias determinaram dessa forma. Gostaria de ter um técnico de outubro de 2015 até aqui. Mas para isso teríamos de ter conquistado. Não é só culpa dos técnicos, é uma responsabilidade de todos”, diz Leco.

Qual a garantia que Cuca estará bem para assumir o São Paulo? Não é um risco?

“A garantia vem dele próprio, do entusiasmo e forma positiva e interessada como recebeu nosso convite, a nossa consulta. Aderiu imediatamente. Está fazendo tratamento. Nem significa 15 de abril final do Paulista, que, se não, me engano acontece dia 28 de abril. Não temos garantia absoluta, mas temos de reconhecer o ânimo e interesse dele nisso tudo. A forma como ele e seu procurador se posicionaram nisso. Temos aqui integrando a equipe do São Paulo um homem que conviveu com ele em quatro clubes diferentes, com longa história de convivência, com ótimo relacionamento (Carlinhos Neves) que deu indicação. Se ele se animou em dar esperança, a segurança de que virá, é porque deve sentir isso. Parece que o problema dele exige controle, mas não tem agudez ou gravidade que impeça de continuar”, diz Leco.

“Espero que tenha boa saúda e possa emprestar ao São Paulo com a mesma qualidade que o fez no início dos anos 2000”, diz Leco.

Se voltasse no tempo efetivaria Jardine? Foi um erro grave?

“Não acho. Sim, eu efetivaria o Jardine, porque tem história e capacidade, histórico no São Paulo na base e está há um tempo aqui. O time vinha caindo de produção. Tínhamos dois desafios pela frente. Tivemos uma pequena reação, esperávamos classificar entre os quatro. Sobre a Flórida Cup fizemos em julho ou agosto. Acreditávamos nessa classificação entre os quatro na fase de grupos, e o calendário do futebol brasileiro impõe dificuldades para todos planejamentos. Vimos que muitos clubes passaram pela Flórida. Não foi por isso. Calendário deixa a gente em situação difícil”, diz Raí.

Qual é a responsabilidade dos jogadores? Serão cobrados pelo que aconteceu?

“Os jogadores têm sua responsabilidade, sabem disso e são cobrados. Nós ajudamos a montar esse grupo, junto com comissão técnica para eles mostrarem o que a torcida merece. Tem sua responsabilidade, foram parte de um trabalho, do que o clube aposta. Estão conscientes disso”, diz Raí.

Time abaixo fisicamente atrapalhou nesse começo de temporada?

“A responsabilidade não é do Jardine, mas continua no clube. Não como técnico principal. A responsabilidade é de todos. Fisicamente o time correu muito, não rendeu. Conseguiu correr até o final. Não estou de acordo. Calendário prejudica a todos os times brasileiros. Vimos que o time estava longe de fazer uma boa partida, de deixar otimista no campo, foi uma atuação muito ruim. Mas o time correu”, diz Raí.

Transcrição: Globo Esporte.com