A possibilidade de Fábio Carille retornar da Arábia Saudita em 2019 vai mexer com o mercado de treinadores no Brasil. A informação de que houve reaproximação entre o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, e o procurador do técnico, Paulo Pitombeira, foi revelada pela Fox Sports, e confirmada pelo UOL Esporte, mas o clube do Parque São Jorge deve ter concorrência pesada se quiser levar de volta seu ex-comandante.

Agentes que já conversam com a cartolagem sobre mudanças e contratações de treinadores para o ano que vem avaliam que ao menos cinco dos clubes de maior orçamento do país estarão no mercado: o São Paulo, que se antecipou e dispensou Diego Aguirre, não descarta efetivar o interino André Jardine mas tem prospectado nomes, o Corinthians, que apesar de afirmações da diretoria de que Jair Ventura fica também já tem sondado possibilidades, o Flamengo, o Santos e o Fluminense.

Não surpreenderá também se Atlético-MG, que acertou recentemente com Levir Culpi, e o Vasco, mesmo se fugir do rebaixamento com Alberto Valentim, avaliarem opções. O problema, porém, é a falta de opções em um mercado cada vez mais restrito de técnicos no país e que perdeu para o ano que vem um nome que seria cortejado, o de Cuca, atualmente no Santos, que anunciou que vai precisar fazer uma cirurgia no coração.  Mano Menezes, nome que agrada a vários clubes, permanecerá no Cruzeiro, Felipão no Palmeiras, o Botafogo ficará com Zé Ricardo e o Inter com Odair Hellmann.

O Grêmio negocia a renovação com Renato Gaúcho, mas não está certo que ele fique. Se decidir sair, é provável que seu destino seja o Flamengo, o que fecharia uma vaga de trabalho interessante, mas abriria outra, no clube do Sul. Dos nomes mais bem cotados para o ano que vem estão Abel Braga, se decidir voltar ao trabalho depois de dedicar o segundo semestre de 2018 à família, e o de Rogério Ceni, que fez um ótimo trabalho no acesso e título da Série B no Fortaleza. A possibilidade de Carille retornar ao Brasil o coloca nesse patamar.

O blog apurou que o técnico não descarta voltar principalmente porque está incomodado com a estrutura do Al Wehda. O clube está recém promovido à elite da Arábia Saudita e, além da infraestrutura não ser a ideal, ainda há problema s de coleta de dados, hoje primordial para definir quem estará em campo. Pessoa próxima ao técnico diz que Carille e comissão técnica, maior parte viajou com ele do Corinthians, estão indo no ”olho e experiência” para formar a base do time.

Apesar de ter tido uma saída conturbada em maio, alguns meses depois da eleição de Andrés Sanchez, a reaproximação faz do Corinthians, claro, favorito a recebê-lo pela ligação — em 17 meses de trabalho foram três títulos (dois Paulistas e um Brasileiro). Mas há a questão financeira: a multa para tirá-lo do Al Wehda é de US$ 700 mil (R$ 2,7 milhões), valor alto para se investir em um técnico. O salário também deverá ser maior do que ele recebia quando saiu, na casa dos R$ 300 mil. Andrés Sanchez tem adotado uma política de não contratar treinadores caros, por isso até a possibilidade de Jair Ventura permanecer para 2019.

Clubes como São Paulo, Grêmio (se Renato sair) e Flamengo (se Renato não chegar) teriam hoje condições mais favoráveis para bancar a multa mais um salário gordo para Carille. O Santos esbarra na situação política conturbada, que pode impedir o clube de conseguir os principais nomes do mercado. Se o Atlético-MG decidir sair à caça também seria um concorrente duro.

De qualquer maneira, o nome de Carille pode mexer com um cenário restrito que precisava de nomes. Resta saber quem topa colocar a mão no bolso.

Marcel Rizzo – UOL